Em se tratando de relacionamento interpessoal, certamente, o silêncio pode ser muito útil e sábio. Para evitar uma briga, por exemplo, o silêncio pode ser a melhor opção.
Contudo, há certo tipo de silêncio que é verdadeiramente inoportuno, inadequado . Consideremos o silêncio de Adão por ocasião em que sua mulher lhe apresentou o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão não falou nada. Adão não se manifestou. Adão não se posicionou.
Sim, há silêncio que é bênção, mas há silêncio que é maldição. Há silêncio que é uma demonstração de força e resiliência, mas há silêncio que é apenas resultado do medo e da insegurança. Há silêncio que é uma representação de sabedoria, mas há silêncio que é fuga e omissão.
Em 1 Reis 1.6 nos mostra o silêncio de Davi na educação de Adonias: "E nunca o seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim?". O silêncio de Davi nesse contexto não pode ser reconhecido como uma virtude, mas, sim, como uma falha na sua liderança como pai.
De acordo com Eclesiastes 3.7 há "tempo de estar calado, e tempo de falar". Mas, discernir o tempo de cada momento é o que não pode faltar. Pois é possível alguém se calar, quando o tempo é para falar. É possível estar em silêncio, quando o tempo exige algum pronunciamento. Então, discernir o tempo para cada posicionamento é preciso.
Martin Luther King dizia: "O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons". Ele dizia assim, porquanto, o tempo exigia naquele momento atitude e algum posicionamento em favor dos direitos civis dos negros dos EUA.
Ah, meus queridos, quantas vezes falamos quando deveríamos ficar em silêncio! E quantas vezes ficamos em silêncio quando deveríamos erguer a nossa voz! Precisamos saber discernir. Precisamos saber o tempo de ficar em silêncio e o tempo de falar.
Se é para ofender, silêncio. Se é para curar, falemos com amor. Se é para ferir, silêncio. Se é para sarar, falemos com bondade e graça. Se é para despejar raiva e ódio, silêncio. Se é para derramar luz e compreensão, falemos. Se é para destruir, silêncio. Se é para edificar, falemos com paciência, sabedoria e verdade.
Para concluirmos: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover edificação, para que dê graça aos que a ouvem" (Efésios 4.29). Sim, tempo para ficar em silêncio e tempo para falar, perdoar, abraçar, acariciar, apoiar, incentivar e amar.
Adriano Xavier Machado