O Evangelho na Vida do Crente

O Evangelho fez algo maravilhoso por nós. Um dia, estivemos na escuridão, em uma terrível perdição. Mas, agora há Luz, há esperança e fé para a salvação. Em Cristo Jesus sabemos qual é o nosso destino, ou seja, o nosso lugar na eternidade. No entanto, o diabo com suas sutilezas e mentiras, tem se esforçado para fazer com que percamos o foco, para, assim, não entendermos a verdadeira glória do Evangelho.

O Evangelho de Cristo é poderoso para nos salvar completamente. Deus nos perdoa e nos purifica de todo pecado. E essa obra do Evangelho tem três tempos. Há uma manifestação da graça e do poder divino, tanto em relação ao nosso passado, quanto ao nosso presente e ao nosso futuro. É uma obra divina que alcança toda a nossa história.

O primeiro tempo da salvação diz respeito ao que Deus já fez na nossa vida. Um dia, ao ouvirmos de Jesus, estivemos nos arrependendo dos nossos pecados e depositando a nossa fé para a salvação somente em Jesus. Foi nesse momento que o nosso nome foi escrito no Livro da Vida e passamos pela maravilhosa experiência do novo nascimento.

O segundo tempo da salvação é reconhecido como o processo de santificação. Fomos salvos, mas continuamos crescendo espiritualmente, continuamos aprendendo a depender da graça divina, continuamos a ser aperfeiçoados no amor de Cristo. Aqui percebemos claramente a luta entre a carne e o espírito.

Mas, aleluia, glórias a Deus, ainda há mais um tempo, o terceiro tempo da salvação, quando então, por ocasião da vinda de Jesus, receberemos um novo corpo, isto é, a nossa glorificação. Por essa ocasião, não haverá mais corrupção, pecado ou qualquer maldição. Estaremos pessoalmente e para sempre com o Senhor Jesus.

O crente já foi salvo, mas, lembrando, ele também continua sendo salvo dos seus pecados. Essa salvação não ocorre com a prática das boas obras, tais como jejum, orações ou qualquer serviço religioso ou humanitário, mas, sim, pela obra do Calvário. Pelas obras ninguém será salvo, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8,9). Portanto, o Evangelho de Cristo é para todos, inclusive, para a Igreja do Senhor.

Nos dias de hoje tem havido uma crise na pregação da Igreja. Fala-se de muitos assuntos, temas e ensinos, mas, onde está a Cruz de Jesus? Onde se encontra a obra Redentora de Cristo na vida do crente? Alguns já chegaram a triste conclusão de que o Evangelho é apenas para o mundo perdido, o que de fato, é um erro gravíssimo e até diabólico.

 A obra do Evangelho de Cristo é uma obra contínua na vida do crente. É verdade que algo já aconteceu, mas, algo continua acontecendo e, ainda, acontecerá na vida do crente. “O justo viverá da fé” (Romanos 1.17). O justo é quem já foi justificado em Cristo. Portanto, nós que já fomos justificados em Cristo, devemos continuar firmes no Evangelho, dependendo sempre da obra do Calvário, confiando de coração no sangue de Jesus para o perdão, a purificação e o encontro com o Senhor no dia final. Que o Senhor nos ajude. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Pastores Segundo o Coração de Deus

Ser pastor é uma honra, ser um pastor usado por Deus é melhor ainda, mas, ser um pastor segundo o coração de Deus é um privilégio e tanto. Nada se compara com a alegria de servir ao Senhor em Sua presença santa e em completa obediência.

 Eis o desejo do Senhor: "E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência" (Jeremias 3.15). O que podemos aprender com tal afirmativa? Façamos aqui algumas considerações:

"E dar-vos-ei" demonstra perfeitamente a soberania de Deus. Deus é quem chama, separa, capacita e usa os Seus servos como quer. O verdadeiro ministério pastoral não tem nada a ver com politicagem ou manobras de homens. Tudo é na dependência e direção de Deus. 

Deus é perfeitamente sábio e poderoso para levantar pastores segundo o Seu coração. Ele tem trabalhado constantemente nessa direção. Pastores que não são segundo o coração de Deus corrompem o ministério e prejudicam a obra do Senhor.

A afirmação "pastores segundo o meu coração", aponta para o ministério que atende aos propósitos do Senhor, de acordo com o Seu caráter santo e gracioso. Deus deseja que cada obreiro do Seu Reino seja exemplo em tudo. Como?


J. C. Ryle diz que, o "verdadeiro pastor das almas é aquele que entra no ministério olhando para Cristo, desejando glorificá-Lo, fazendo tudo no poder que Ele outorga, pregando sua doutrina, andando em seus passos e se esforçando para trazer homens e mulheres a Cristo".

Decerto, na ocasião em que Deus prometeu pastores segundo o seu coração, o Messias prometido ainda não tinha vindo ao mundo. No entanto, não podemos nos esquecer que, as ordenanças, os ritos, as figuras e as profecias do Antigo Testamento apontavam para o "Cordeiro de Deus" que haveria de vir. 


A promessa já se cumpriu. Jesus veio ao mundo para nos salvar. Através d'Ele podemos ser tudo aquilo que Deus planejou a nosso respeito. A graça redentora de Cristo faz uma obra completa em nosso viver, capacitando-nos poderosamente para o ministério que Deus tem nos confiado.

Jesus disse: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas... até aos confins da terra" (Atos 1.8). Não há barreiras, não há portas fechadas, não há impedimento algum para fazermos a obra do Senhor.

Quando o texto diz "apascentarão", fica claro que, o ministério pastoral é para ser exercido a favor do rebanho de Deus. "Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?" (Ezequiel 34.2).

O desejo do verdadeiro servo de Deus, não é servir a si mesmo, não é buscar o seu
bem-estar ou a sua realização pessoal, mas, antes de tudo, fazer a vontade do Senhor para a edificação do povo de Deus. 
  
Pastores segundo o coração de Deus apascentam "as ovelhas" de Deus. Pastores segundo o coração de Deus se doam ao rebanho de Deus. Pastores segundo o coração de Deus cuidam do povo de Deus através da oração e ministração da Palavra de Deus.
 
Por fim, quando diz "com ciência e com inteligência", precisamos entender que, o ministério pastoral não é desenvolvido somente com boas intenções ou com bons sentimentos. Deus quer usar pastores que amam o conhecimento e o discernimento espiritual.


Em muitos púlpitos há equívocos e contradições. Em muitas pregações não há coerência bíblica nem teológica. Precisamos lembrar sempre: Deus se agrada do que é ministrado "com ciência e com inteligência". De Deus vem a sabedoria, de Deus vem a verdadeira Luz do Céu.

O ministério pastoral é para produzir vida, isto é, a vida do Espírito em homens e mulheres que se encontram mortos em seus delitos e pecados. Para isso o evangelho poderoso de Jesus que liberta, cura, santifica, transforma e salva pela graça de Deus.
 
Pastores segundo o coração de Deus, não é utopia, mas, promessa de Deus para o Seu povo. Deixemos Deus agir. Deixemos Deus trabalhar. Deixemos Deus fazer a obra. Ele não falhará. Quando Ele promete, não falta alguma! Deus é fiel!

Pr. Adriano Xavier Machado

Espiritualidade versus Profissionalismo

"Elimine o profissionalismo de nosso meio, ó Deus, e em seu lugar dai-nos uma oração apaixonada, pobreza de espírito, fome de ti, estudo rigoroso das coisas sagradas, devoção fervorosa a Jesus Cristo, extrema indiferença diante de todo lucro material e o labor incessante para resgatar os que estão perecendo, aperfeiçoar os santos e glorificar nosso soberano Senhor" _ John Piper.

Eis uma citação que vale a pena fazermos algumas considerações. Enxergando o perigo do profissionalismo ministerial ou mesmo eclesiástico, John Piper faz uma súplica aos céus. Ele compreendeu que somente uma intervenção divina pode trazer cura e libertação de todo o empreendimento religioso sem a vida do Espírito Santo de Deus. É lamentável, mas muito se tem perdido a percepção espiritual de tudo o que diz respeito ao Reino. A Igreja tem sido tratada como uma empresa, um negócio, e, não, como o verdadeiro Corpo de Cristo. Buscando corrigir qualquer distorção, Piper apresenta em oração alguns parâmetros do que ele entende ser o caminho traçado pelo Reino.

Primeiro, "uma oração apaixonada". Não é por uma oração à base do grito nem por uma oração teatralizada, mas, uma oração quebrantada, verdadeira, humilde e sincera diante de Deus. Nos dias de hoje, acreditamos no poder dos métodos, das estratégias, menos no poder da oração. Afinal, não temos conhecido o Deus de todo poder. Se não conhecermos a Deus em toda a Sua majestade e soberania, jamais confiaremos n'Ele para mudar o cenário de pecado e secularização que há no mundo. Conhecida é a sentença de Oswald Smith: “Quando trabalhamos, trabalhamos; quando oramos, Deus trabalha”.

Segundo, "pobreza de espírito". À luz do sermão do monte, pobreza de espírito é humildade. É o que de fato mais tem faltado nos dias de hoje. Sim, temos uma cultura que nos leva a seguir o caminho da arrogância e da prepotência. Em outros termos, temos sido autossuficientes. Tomamos decisões sem antes fazermos qualquer consulta a Deus. Fazemos coisas sem qualquer dependência de Deus. Falando claro, é na carne mesmo, é na força do homem, e, não, no Espírito Santo de Deus. Lembrando o que já disse Agostinho: "Foi o orgulho que transformou anjos em demônios, mas é a humildade que faz de homens anjos."

Terceiro, "fome de ti". Piper entende que o caminho da espiritualidade é a fome de Deus. Sejamos honestos, temos fome de tudo, menos de Deus, não é mesmo? Temos fome de sucesso, aplausos, reconhecimento e de até um tapinha nas costas, não é verdade? Ai, desse homem corrupto que habita em nós! Seja ele crucificado! Busquemos apenas o que é de Deus. Naquele Dia, isto é, quando estivermos face a face com o Senhor, nada que é do homem terá valor algum, mas apenas o que é de Deus. "Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente" (Salmos 105.4).

Quarto, "estudo rigoroso das coisas sagradas". O nosso problema é que somos preguiçosos demais. Lemos pouco, estudamos pouco, pesquisamos pouco, pois, temos preguiça de pensar. Nada é mais perigoso para um sociedade do que a preguiça mental e intelectual. O caminho da dominação é a ignorância. Uma nação esclarecida, corre menos risco de ser enganada e subjugada. Não é diferente quando se pensa no Reino. Uma Igreja esclarecida na Palavra de Deus não será levada por ventos de heresias e mentiras. Precisamos levar mais a sério o que já disse George Washington: "É impossível governar perfeitamente o mundo, sem Deus e sem a Bíblia".

Quinto, "devoção fervorosa a Jesus". Houve um tempo em que tudo era Jesus. As nossas canções só falavam d'Ele. As nossas pregações só enfatizavam Jesus. Jesus era a resposta para tudo. Nos dias de hoje temos trocado Jesus pelas receitas de autoajuda, pelos mecanismos do marketing e por tudo o que exalta o esforço do próprio homem. Assim como foi nos tempos antigos, não é mesmo diferente nos dias de hoje: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Marcos 7.6).

Sexto, "extrema indiferença diante de todo lucro material".
O quê? Será isso possível? Se essa sentença fosse publicada em alguma página de relacionamento virtual é bem provável que muitos céticos respondessem assim: kkkkk. Pois é, a nossa geração está sendo seduzida e enganada pelo deus Mamom. Poucos são os que estão dispostos a pagar um real preço pela Causa de Cristo Jesus. O que tem determinado muitas escolhas e decisões no ministério é o lucro, a vantagem, a recompensa material. Deus tenha misericórdia, porquanto, "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro" (Mateus 6.24 - NVI).

Sétimo, "o labor incessante para resgatar os que estão perecendo".
O que tem "rolado" no meio evangélico é o show gospel, mas pouco ou nada de um coração que expresse paixão pelas almas. A Cruz de Cristo tem tido pouco sentido para o homem contemporâneo, logo, que propósito tem a evangelização ou a obra missionária? Ah, a "parada" mesmo é o encontro disso e daquilo, mas onde está o labor incessante para resgatar os que estão perecendo? Há muito que se tem perdido a verdadeira visão do Reino. Deveríamos meditar mais no questionamento de Oswald Smith: "Por que alguém deveria ouvir do evangelho duas vezes, quando há pessoas que não ouviram nenhuma vez?"

Oitavo, "aperfeiçoar os santos".
Piper fala sobre o aperfeiçoamento dos santos, algo muito bem definido nas Escrituras (Efésios 4.11-13). Todavia, muito do que se faz hoje, não passa de entretenimento ou distração religiosa. Os santos de Deus precisam experimentar crescimento, maturidade e desenvolvimento espiritual. Os santos de Deus precisam ser capacitados para a obra de Cristo. Os santos de Deus precisam ser capacitados para a unidade da fé. Os santos de Deus precisam ser capacitados na mesma medida da plenitude de Cristo. O que estiver abaixo disso, não representa a graça e a virtude do Reino.

E por fim, o nono aspecto é "glorificar nosso soberano Senhor".
Somente Deus é digno de toda a honra e louvor. Pelo Senhor vale a pena termos uma oração apaixonada, um coração humilde, fome de Sua presença, aplicação nas coisas sagradas, devoção fervorosa a Jesus, indiferença para com o materialismo, paixão pelas almas e o trabalho dedicado para a capacitação da Igreja do Senhor, a fim de viver única e exclusivamente para a glória de Deus. Deus seja bendito hoje e eternamente. Deus seja louvado em tudo. "Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja a tua glória!" (Salmos 57.11). Deus deseja homens e mulheres que sejam verdadeiramente espirituais!

Pr. Adriano Xavier Machado


Jesus é Suficiente

Receio que estejamos doentes e, não, estejamos percebendo isso. Jesus já não tem sido mais a nossa mensagem, a Sua obra na Cruz já não tem sido o nosso foco e o Seu Reino já não tem sido o nosso objetivo de vida. Estamos fascinados pelos grandes projetos, pelas grandes construções, pelos números e pela posição social. O que muitas vezes temos feito não é mesmo para a glória d'Ele, e, sim, para alimentar a nossa vaidade, o nosso orgulho e, de certa forma, promover o nosso próprio nome. 
 
Receio que Jesus não seja mais suficiente para nós. Falamos de coisas, estratégias, estatísticas ou até mesmo de programas religiosos, no entanto, não temos enfatizado que só Ele salva, que só Ele transforma a vida do pecador. Estamos enganados com a ideia de que descobrimos uma receita, um modelo ou um negócio que bomba o Reino de Deus. Não temos percebido nem reconhecido o poder e a soberania de Deus. Assim, tentamos fazer aquilo que não nos cabe, que não nos pertence e que jamais teremos verdadeiro êxito. Deixamos de viver como filhos do Reino dos céus e agimos como operários do reino da terra.

Receio que tenhamos perdido o primeiro amor por Jesus. Vejo que necessitamos de cura e renovo. É tempo de voltarmos para o Senhor e de nos humilharmos diante d'Ele. Precisamos de Jesus. Precisamos conhecê-Lo mais. Precisamos aprender a ter um amor real por Ele. Não podemos apenas nos contentar com o que fazemos no templo. Não importa o quanto cantamos, tocamos ou pregamos bonito. É de Jesus que precisamos. Muitas vezes o vazio tem persistido, o pecado tem se expandido, porquanto, abandonamos o nosso Senhor e Salvador. 

Penso que temos que retornar àquele lugar de dependência, contrição e submissão. Pouco se fala sobre consultar ao Senhor em decisões que precisam ser tomadas. Estamos preocupados com a aparência, em fazer bonito para se ter o aplauso das pessoas, estamos, enfim, dominados pela carência de aceitação. Onde está Jesus em tudo o que fazemos? 

Muitos obreiros estão em derrota, pois, Jesus não tem sido a pedra principal, a pedra angular. Muitos jovens sofrem com o vício da pornografia, tão somente porque não fazem do Senhor a alegria, o propósito e o sentido de tudo. Ministérios estão se dividindo, porque o que importa são as causas particulares, os interesses mesquinhos, mas não a honra e a glória do nome de Jesus. Quando aprendermos a suficiência de Jesus, haverá menos de nós, menos da nossa carne, menos do nosso egoísmo, menos do nosso podre e velho homem do pecado.

Ah, Senhor Jesus, venha nos despertar. Acorde o Seu povo Senhor. Dai-nos um avivamento em que de fato o Senhor seja o centro de nossa pregação, o centro de nossas motivações, o centro de nossas canções, o centro de nossas realizações. O mundo não necessita de nós, de nossa força ou sabedoria. O mundo necessita do Caminho que nos conduz à presença do Pai, da Verdade que nos liberta do engano, da mentira e do erro do pecado, enfim, o mundo precisa da Vida que satisfaz, Jesus, a Vida Eterna, a Vida Abundante. Jesus é suficiente. Amém, amém e amém.

Pr. Adriano Xavier Machado


Não Basta Ser Chamado...

Jesus já disse que muitos são chamados, mas poucos os escolhidos (Mateus 22.14). Muita coisa pode ser dita com tal afirmação do Mestre. Mas, pensemos aqui em relação ao chamado ministerial. Deus é quem chama, capacita e envia homens e mulheres para a Sua seara. No Antigo Testamento, por exemplo, dentre os muitos que foram vocacionados por Deus, vemos Saul e Davi. Ambos foram ungidos do Senhor. Ambos faziam parte dos planos e projetos de Deus. Ambos deram as suas contribuições na vida do povo de Israel. E ambos tiveram as suas falhas.

Na carreira ministerial nem sempre iremos acertar. De uma forma ou de outra sempre erramos. Mas, como estamos lidando com essa questão? Um dos piores erros na vida de um ministro é não reconhecer o próprio erro. Mas, o pior de todos é arrastar outros ao erro que se comete. Saul foi um líder que não queria afundar sozinho. Davi, por outro lado, não queria se posicionar de um modo em que a sua vida fosse um tropeço na vida do povo de Deus.

A liderança de Saul e Davi lembra muito uma parte do filme Anjos da Vida: mais bravos que o mar, quando Ben Randall, um legendário nadador de resgate da guarda costeira americana, interpretado por Kevin Costner, e sua esposa Helen Randall, interpretada por Sela Ward, concede a ela uma carta de divórcio, com a seguinte explicação:

"_ Eu fiz um resgate algum tempo. Um casal se afogava. Quando eu cheguei lá o marido estava fazendo a esposa afundar, tentando se manter na superfície, por extinto de sobrevivência. Eu levei, eu levei algum tempo para entender que, aquele homem era eu".

Saul não reconheceu que estava afundando o povo de Israel com os seus pecados. Davi, ao reconhecer o pecado em sua vida, fez uma quebrantada confissão, demonstrando sincero arrependimento. Assim, Saul foi rejeitado por Deus, mas, Davi aceito pelo Senhor, pois demonstrou com sua humildade e reparação ser um "homem segundo o coração de Deus". Não basta ser chamado, é preciso cumprir a vocação nos caminhos do Senhor.

Recentemente tomamos conhecimento de uma família que precisava muito de apoio espiritual. Soubemos ainda que a liderança de uma determinada igreja só aceitaria fazer uma oração na casa daquela família caso uma oferta de setecentos reais fosse feita. Será que esse é mesmo o caminho do Senhor? Sabemos que não! De graça recebemos e de graça temos que dar (Mateus 10.8). Mas, será que temos reconhecido os nossos próprios desvios? Não faz muito tempo um pastor dizia de púlpito que não pregava sobre a morte de Jesus, pois acreditava que a Sua ressurreição era mais importante do que a mensagem da Cruz. Será que esse argumento representa de fato o evangelho de Cristo?

Não basta ser chamado, é preciso seguir as veredas da justiça, da santidade e do amor. O caráter é mais importante do que os dons e talentos. A integridade é mais do que a posição social. Saul foi chamado, mas ele se perdeu no meio do caminho. Davi, também foi chamado e se perdeu no meio do caminho. Todavia, ele permitiu ser tratado por Deus. Ele permitiu ser reconduzido à sua vocação segundo o chamado de Deus. E quanto a nós?

Sigamos a recomendação paulina: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ( 2 Timóteo 2.15). Não basta ser chamado, tem que ser aprovado por Deus! E para isso é preciso aceitar os métodos de Deus em tudo. É preciso ter a mente de Cristo e os procedimentos que manifestem o Reino de Deus em tudo e para com todos. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Jesus é Mesmo Tudo Para Nós?

O que realmente é importante para nós? Tão facilmente dizemos que o Senhor é tudo, o maior e o melhor tesouro, mas, será que na prática isso é verdade? Quantas vezes não estamos mais interessados em elogios, aplausos e reconhecimentos do mundo, do que na autêntica vontade de Deus para a nossa vida? Pode parecer exagero, mas temos dificuldades de consultar ao Senhor em oração e, assim, conhecermos e reconhecermos o que Ele tem para nós, o que Ele quer de nós. Temos uma cultura que valoriza o poder, o dinheiro, a posição e o status social. Por isso ainda há muita competição, politicagem e atitudes duvidosas no meio cristão. E aí vem mais uma vez a pergunta: o que de fato é importante para nós?

Se Deus é tudo mesmo na nossa vida, logo, com Ele, em Sua presença santa, teremos o sentimento de propósito, satisfação e realização. Quando conferimos nas Escrituras a vida e o ministério do apóstolo Paulo, podemos perceber que ele passou por muitos momentos difíceis, sejam perseguições, prisões, açoites e tantas outras hostilidades. O que ele aprendeu com tudo isso? O que Deus lhe ensinou? "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Assim, como foi com o apóstolo, não é diferente conosco. Jesus tem que ser tudo na nossa vida. E será que o apóstolo aprendeu bem essa lição? "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo".

O apóstolo Paulo aprendeu que, apesar das lutas e aflições, apesar dos dolorosos espinhos em sua carne, ainda assim valia a pena se alegrar em tudo, para que Cristo fosse tudo em sua vida. Estamos dispostos a aprender isso? Difícil é passar por essa aula. Aprender essa lição na prática não é nada fácil. Contudo, se estivermos dispostos de coração a aprender o que Deus tem para nós, através do Seu Espírito Santo, seremos capacitados, iluminados e sustentados. Talvez até pensemos em desistir do curso divino, todavia, as nossas forças se renovarão e aprenderemos o que o Senhor deseja nos ensinar: Jesus em nós é suficiente!

No passado, muitas igrejas cantavam: "É bastante pra mim a Tua graça. Receber a Salvação e o Teu perdão. É maravilhoso saber que, para sempre com Jesus vou viver. É bastante pra mim a Tua graça...". Nos dias de hoje, o que as igrejas estão cantando? É algo que transmite a mesma verdade, a mesma visão e o mesmo coração do evangelho? Ou é algo que nos leva para longe disso? Amados, ou Jesus é tudo ou Ele não é nada em nós. Quando compreendemos isso, abrimos mão de tudo somente por Ele. Quando aprendemos que o verdadeiro tesouro é Cristo, o que importa mesmo não é a nossa reputação diante dos homens, mas, sim, diante de Deus.

Diz o ditado popular que é "impossível agradar a gregos e troianos". No entanto, quantas vezes tentamos satisfazer o espírito e ao mesmo tempo a carne, o Reino, mas, também o mundo, os interesses do Senhor, mas igualmente os nossos desejos? Muitas vezes estamos divididos. Muitas vezes não estamos sendo totalmente d'Ele, isto é, não estamos plenamente rendidos ao Senhor Jesus. Recentemente cantamos em um culto de oração o hino do Cantor Cristão, 395, Cristo Satisfaz, cujo estribilho diz: "Com Cristo estou contente/Ele me satisfaz;/Com esse amor do Salvador,/Agora estou contente". Quando Jesus é tudo em nós, o nosso sentimento é de satisfação e contentamento.

Que o Senhor, portanto, seja tudo em nós. Que Jesus seja o nosso real tesouro. Vivamos para Ele. Busquemos a Sua glória. Quando aprendermos essa preciosa lição, não veremos com tanta frequência crentes desanimados, frustrados e magoados com tudo e todos. Devemos amar tanto ao Senhor Jesus que, a nossa oração se expresse nos mesmos termos da sexta estrofe do hino 296 do Cantor Cristão, Consagração: "Meu amor e meu desejo/Sejam só teu nome honrar;/Faze que meu corpo inteiro/Eu Te possa consagrar".

Pr. Adriano Xavier Machado

Autêntico Discipulado

Muito se tem escrito e ensinado sobre a importância do discipulado. Já em minha época de seminário ouvia muito sobre o assunto. Claro, não sou tão inocente assim, antes mesmo de minha preparação para o ministério, o tema era ressaltado e já fazia parte da agenda de muitas discussões missiológicas e teológicas. O tema, portanto, não é novo. Mas, será que a Igreja atual está entendendo mesmo o significado e as implicações do discipulado?

Tenho visto e tido acesso a muita literatura de capacitação cristã. Já há mais de duas décadas que tenho trabalhado com estudos bíblicos nos lares. E sempre tenho procurado levar não apenas informações bíblicas, mas, um desafio de vida comprometido com o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Entendo que todo cristão tem que ser confrontado para uma mudança constante de vida, e, assim, aproximar-se mais e mais no objetivo proposto pelo evangelho. Ao me referir assim, é exatamente nesse ponto que vejo a deficiência de algumas iniciativas em prol do discipulado.

Antes de prosseguirmos, preciso dizer que o assunto que está sendo tratado aqui, merece cuidado e atenção, foco e reflexão, porquanto, diz respeito à saúde espiritual do Corpo de Cristo, isto é, a Igreja do Senhor que se encontra no mundo para percorrer o caminho da santidade, "sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12.14). O discipulado existe como um mecanismo de capacitação e orientação, para os crentes em Jesus viverem de modo íntegro e pleno os projetos do Reino.

No entanto, algumas iniciativas não passam de um conjunto de conceitos, ideias e elaborações intelectuais. Sem dúvida, os conceitos são necessários, todavia, o autêntico discipulado não se resume nem se limita a isso. Tomando Jesus como exemplo, Ele ensinava e pregava a respeito do Reino, mas Ele permitia, facilitava e até encorajava os discípulos a um caminhar junto a Ele: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me" (Marcos 8.34).

O autêntico discipulado não tem apenas o objetivo de encher a mente do discípulo com informações bíblicas. O autêntico discipulado trabalha na direção da transformação do caráter do discípulo à semelhança de Jesus. Não adianta uma pessoa ser capaz de responder todas as questões bíblicas e teológicas, e, não, conseguir viver e testemunhar do evangelho de Cristo. "Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas" (1 Pedro 2.21).

Acredito que precisamos renovar esse entendimento e compromisso com o discipulado cristão. Vivemos em uma sociedade que valoriza muito o conhecimento. Inclusive, a nossa época é reconhecida como a "era da informação", termo cunhado, ao que me parece por Peter Drucker. Pode até ser que para algumas esferas da sociedade a exigência seja mesmo a capacidade de dominar o conhecimento, todavia, no Reino, o que importa mesmo é a capacidade de praticar e viver o que se sabe, praticar e viver o que se aprende aos pés de Jesus.

No Reino não há valor algum as explanações sem as demonstrações de vida. O que adianta alguém conseguir decorar todos os nomes dos livros da Bíblia, ser um especialista em citações bíblicas, conseguir explicar os textos mais complexos das Escrituras e não conhecer o Autor da Bíblia? De que vale a nossa capacidade intelectual e não termos relacionamento algum com o Senhor da glória?

 O autêntico discipulado é, portanto, todo esforço que valoriza o caminhar íntimo e pessoal com Jesus Cristo. E para isso, requer-se do discípulo renúncia e comprometimento, requer-se um preço, ou seja, o carregar a cruz. Discipulado não é apenas oferecer algo, mas principalmente esperar do discípulo uma posição em que dê preferência e prioridade ao Reino. Jesus resumiu isso muito bem quando disse: "Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará" (Lucas 9.24).

A Igreja tem a incumbência da evangelização. O evangelho tem que ser pregado em testemunho a todos os povos, nações e tribos. Mas, a missão da Igreja não fica completa sem o discipulado. É preciso ensinar a guardar, isto é, a praticar e viver todas as coisas que o Senhor tem mandado. Façamos, portanto, do discipulado um desafio de transformação contínua de cada discípulo de Jesus, e, não, meramente um depósito de informação sem vida, sem a graça e o poder do Espírito Santo de Deus. Para o autêntico discipulado, só tem valor o conhecimento que é demonstrado em vida para a glória de Deus.

Pr. Adriano Xavier Machado


Resolvendo Conflitos

Quer no lar, na igreja, no trabalho ou em qualquer outro lugar, onde há pessoas que se relacionam, os conflitos aparecem. Em Atos dos Apóstolos vemos que "houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano" (6.1). No mesmo livro sagrado também vemos uma contenda entre Paulo e Barnabé, "que se apartaram um do outro" (15.39). Bem, com tais exemplos, fica evidente que os conflitos fazem parte das relações humanas. No entanto, precisamos reconhecer que podemos tomar alguns procedimentos que podem resolver ou pelo menos amenizar os conflitos. Vejamos quais são esses procedimentos:

1. Não ignorar o problema. Se há alguma coisa errada, não devemos fazer de conta que tudo está bem. Tapar os olhos diante do perigo, não livrará ninguém das trágicas consequências. Portanto, não adianta esconder a cabeça no buraco.

2. Não fomentar a crise. Conversas desnecessárias, com certeza, irão piorar a situação. Quanto mais lenha na fogueira, mais fogo se terá. Igualmente, quanto mais combustível no conflito, mais longe ele vai.

3. Saber dialogar. Aqui se exige sabedoria, discernimento e vigilância nas palavras. Tudo que vem em tom de julgamento e acusação enfraquece o diálogo. E sem diálogo, não se resolve nada.

4. Assumir atitude de servo. Nada piora mais o conflito do que o orgulho, a petulância e a arrogância. Quem deseja se colocar mais do que o outro, demonstra que não tem nada de bom no coração e nas intenções.

5. Considerar o exemplo de Cristo. Jesus foi manso e humilde, mas também firme e corajoso. Quem não deve, não teme.

6. Não recorrer à mentira. Já sabemos que o diabo é o pai da mentira. Portanto, esse recurso nunca de fato nos ajudará em nada. Como diz o ditado popular: "a mentira tem perna curta". Quem mente não terá a confiança de ninguém.

7. Ter paciência. Muitas vezes o conflito não se resolve no primeiro momento do diálogo. Às vezes, exige tempo, tempo para a poeira baixar, tempo para se respirar ar fresco.

8. Buscar orientação. Não é ficar de fofoca, é buscar sábios conselhos com pessoas maduras, inteligentes e experientes. Mas por favor, não é com todas as pessoas sábias, inteligentes e maduras, pois aí, corre-se o risco de ser maledicente.

9. Saber ouvir. O problema geral do ser humano é querer sempre falar e fazer com que a sua fala prevaleça, nem que seja no grito e na ignorância. Quem sabe realmente ouvir, saberá falar o suficiente e com toda lucidez.

10. Amar sempre. Resolvendo ou não o conflito, o nosso compromisso é com o amor. Nada de mágoas, ofensas, rancor ou ódio. "Só o amor é capaz de unir os corações. Só o amor pode tudo. Só o amor faz a gente, faz a gente ser feliz. Só o amor nos faz olhar pra frente".

O conflito traz desgaste e muita confusão. Mas, em Cristo Jesus e sob a luz de Sua santa Palavra, podemos buscar e ter um encontro com a paz, a justiça, a santidade e o amor
. "Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas  dentre vós. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Efésios 4.31,32). Que Deus nos abençoe. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

"Todos me Abandonaram"

Muitas vezes temos encontrado ministros do evangelho que se sentem desamparados, esquecidos e sem muito apoio. O apóstolo Paulo mesmo passou por uma experiência semelhante: "todos me abandonaram" (2 Timóteo 4.16). Diante dos muitos desafios e os enormes obstáculos seria conveniente mais recursos humanos, investimentos e intercessores. No entanto, nem sempre isso acontece. Por isso, muitos obreiros se encontram magoados, decepcionados e até desanimados.

Com certeza, a obra de Deus caminha melhor quando há parcerias. Quanto mais gente envolvida em um projeto, maior a possibilidade para o seu sucesso. Todavia, nem sempre as coisas funcionam assim. Nem sempre há uma resposta de cooperação por parte da igreja local nem mesmo da denominação em relação aos projetos que Deus nos tem confiado. Por que será? Por que Deus permite isso? Será que podemos aprender algo?

Amados, muitas vezes Deus deseja nos ensinar algo muito importante com o "todos me abandonaram". O que pode ser? Resposta: a dependência total no Senhor. Como diz a letra de certa música: "Toma-me, rendido estou. Aos pés da Cruz me encontrei. O que tenho te entrego, oh, Deus". Sim, Deus usa o esquecimento, o abandono, o desprezo e até a insensibilidade dos que deveriam nos acompanhar e nos ajudar, para dependermos somente d'Ele.

Há momentos na vida que precisamos realmente aprender a depender somente de Deus. O "todos me abandonaram" é para recebermos consolo, direção, sabedoria e discernimento somente do Senhor. É um método divino para desfazer de todas as nossas muletas sociais, psicológicas ou até mesmo religiosas. O "todos me abandonaram" não é para a nossa destruição e desolação, mas para conseguirmos reconhecer que Deus é a nossa verdadeira força, graça e vida. Passando pela experiência do "todos me abandonaram", poderemos experimentar o "tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses 2.13).

Contudo, infelizmente, muitos obreiros se escandalizam diante da experiência do "todos me abandonaram". Revelam com seus atos, sentimentos e palavras que, não aprenderam a depender de Deus. Assim, revoltam-se com tudo e todos, ficam facilmente ofendidos e frustrados quando as expectativas não são correspondidas. Quando, na verdade, o posicionamento deveria ser outro, isto é, rendição total ao Espírito Santo de Deus. Não precisamos ter dúvidas, quando o Senhor deseja nos ensinar algo, o "todos me abandonaram" é um recurso maravilhoso e muito eficaz para a nossa capacitação espiritual.

Como já foi dito, o apóstolo Paulo passou pela experiência do "todos me abandonaram". Porém, não ficou por aí. Conforme suas palavras "o Senhor me assistiu e me revestiu de forças" (2 Timóteo 4.17). É o que acontece com quem espera pelo Senhor. Ele nunca nos abandona. Ele nunca nos deixa verdadeiramente sozinhos. Podemos continuar fazendo a Sua obra. Podemos continuar empenhados nos planos e projetos que Deus tem para nós, pois temos a promessa: "E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mateus 28.20).

Pr. Adriano Xavier Machado

Homens de Pouca Fé


 Qual é o verdadeiro problema da Igreja? Qual é a nossa verdadeira necessidade? Tal como na época de Jesus, somos muitas vezes "homens de pouca fé". Temos muita dificuldade para crer nas promessas do Senhor. Olhamos para muitos eventos do Antigo Testamento e reconhecemos a incredulidade do Povo de Deus. Conferimos o Novo Testamento e percebemos quando os apóstolos falhavam em confiar. Todavia, geralmente fracassamos em perceber a nossa própria incredulidade diante dos muitos desafios da vida. Ficamos preocupados, ansiosos, agitados e até perturbados, e, não, percebemos que tudo isso se deve a nossa dificuldade em crer no poder e na graça do Senhor.

O atestado de Jesus para as diversas ocasiões na vida dos discípulos e nos demais ouvintes foi um só: "homens de pouca fé". Jesus no sermão da montanha afirmou: "Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá a vós, homens de pouca fé? (Mateus 6.30). Jesus em um barco que enfrentava uma tempestade alertou: "Por que temeis homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança" (Mateus 8.26). Depois dos milagres da multiplicação dos pães, Jesus exortou: "Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não terdes trazido pão? " (Mateus 16.8). Em todas as angústias, ansiedades e medos, o problema é esse: "homens de pouca fé".

Em muitos dos cultos do Seminário Teológico Betel, RJ, cantávamos o hino "Em Fervente Oração". Era um verdadeiro período de preparação e desafio espiritual, principalmente quando repetíamos o coro: "Quando tudo perante o Senhor estiver, e todo o seu ser Ele controlar, só, então, hás de ver que o Senhor tem poder, quando tudo deixares no Altar". Sim, isso é fé. Deus deseja que expressemos a nossa confiança n'Ele, entregando tudo a Ele. Tudo deve estar sob a Sua liderança, Seu governo e controle. Mas, para fazermos isso, precisamos reconhecer a Sua soberania e graça. De outro modo, recorreremos a métodos duvidosos, carnais e até mesmo diabólicos na tentativa de se buscar uma solução para algum problema.

É muito fácil, para nós que temos o dom do ensino, assumirmos o púlpito e falarmos muita coisa sobre a fé. No entanto, quando as dificuldades se levantam, quando a enfermidade vem, quando há oposição, quando falta dinheiro, quando parece que estamos sendo esquecidos por todos, quando as coisas não estão bem, como tem sido a nossa postura? De vítima ou de dependência de Deus? De frustração ou esperança no Senhor? De desânimo ou de confiança nas promessas do Alto? As circunstâncias revelam o nosso calibre espiritual. E muitas vezes temos demonstrado na prática que somos "homens de pouca fé". Falamos, mas não vivemos. Pregamos, mas não tomamos posse. Ensinamos sobre a fé, mas não a experimentamos.

Paremos um pouco, reflitamos, será que aprendemos mesmo a confiar em Deus? Homens e mulheres de fé se comprometem sempre com a verdade, paciência, humildade, ética, respeito e com todos os valores cristãos, pois reconhecem a soberania do Senhor em tudo. Homens e mulheres de fé sabem que o Senhor trabalha a favor de todos os que são Seus. Homens e mulheres de fé são aqueles que permitem que o Senhor assuma o controle de todas as causas, direitos, sonhos e questões que incomodam e apertam o coração. Homens e mulheres de fé não precisam recorrer a manobras políticas ou mesmo a pessoas "importantes" para conseguirem o que desejam, isto é, com aquele famoso e vergonhoso "jeitinho brasileiro". Homens e mulheres de Deus confiam, descansam e esperam em Deus.

Deixemos que a Palavra de Deus ministre ao nosso coração: "Confia ao SENHOR as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos" (Provérbios 16.3). "Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado" (Salmos 37.3). "Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbios 3.5). "O justo se alegrará no SENHOR, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão" (Salmos 64.10). São conselhos assim que estão norteando a nossa vida? As promessas da Palavra de Deus estão servindo de referência em tempos de escolhas e decisões? Que o Senhor ao olhar para nós não precise dizer: "homens de pouca fé".

Pr. Adriano Xavier Machado

Tempo de Reconstrução

Ai, ai, ai, assim tem início este artigo. "Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo" (Apocalipse 12.12). Posso parecer apelativo e sensacionalista, mas a grande verdade é que é vindo o juízo. Quando acompanho os noticiários vejo claramente isso: destruição. Os verdadeiros muros que protegem qualquer sociedade e família estão sendo destruídos. Os muros da ética, da moralidade, do respeito, do entendimento e tantos outros muros fundamentais para a proteção e segurança dos indivíduos estão em ruína.

O pior é que tentam nos convencer que há progresso, avanço e liberdade. Estamos ficando expostos, sem proteção, mas dizem que tudo está bem. Homens e mulheres que se afastam de Deus, esforçam-se por ditar comportamento, tendências e valores. Homens e mulheres que não amam nem temem a Deus, anunciam mentiras. Atores, jornalistas, políticos e acadêmicos das diversas áreas, comprometeram-se em destruir a família tradicional, o casamento bíblico e a vida de quem está para nascer. Destruição essa que, não ocorre com armas de fogo ou com bombas atômicas, mas com ideologias pervertidas, gananciosas e iníquas. Ai, ai, ai, pois "quando disserem: "Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição"(1 Tessalonicenses 5.3).

Mas, nós como povo de Deus o que estamos fazendo? Temo que muitas vezes estejamos sendo meros espectadores. Temo que estejamos distraídos com os nossos próprios negócios. Temo que não estejamos mais com a percepção espiritual apurada, refinada. O problema, por exemplo, do homossexualismo não é de fato político nem científico, mas espiritual. "Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro" (Romanos 1.26, 27).

Está escrito. Está claramente exposto nas Escrituras. O juízo é manifesto. Mas, como alguém já disse, "por mais que você mostre, prove e argumente, não faz a diferença. As pessoas só enxergam o que querem enxergar". Então, o que podemos fazer? Amados, podemos orar. Podemos levantar um clamor aos céus. Necessitamos de uma mobilização de oração por nossa Nação. "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Crônicas 7.14). O problema é que debatemos demais, explicamos demais, argumentamos demais, mas oramos pouco.

Decerto, o pecado tem que ser denunciado. O erro tem que ser combatido. Não podemos nos calar diante da perversidade e iniquidade do mundo. João Batista soube se posicionar perante o pecado de Herodes. O apóstolo Paulo perante o legalismo do cristianismo judaizante. Temos que nos posicionar também perante todo pecado e injustiça. Contudo, não podemos deixar de orar. Os muros precisam ser reconstruídos com recursos espirituais. Homens e mulheres deixarão o pecado pela poderosa obra de Jesus. A cura de nossa Nação está somente no evangelho da graça de Deus. Talvez, muito do que tem acontecido no mundo, em termos de violência, imoralidade e corrupção, seja apenas um sintoma da nossa chaga espiritual, isto é, não temos orado o suficiente, não temos tido um coração quebrantado diante do trono santo de Deus.

Ai, ai, ai, sim, ai do mundo sem Deus, mas ai do povo de Deus se for negligente e estiver em pecado, porquanto "já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que não são obedientes ao evangelho de Jesus?" (1 Pedro 4.17). Ai, ai, ai, choremos por nossa apatia espiritual. Ai, ai, ai, lamentemos por causa de tanta indiferença para com o evangelho de Jesus. Ai, ai, ai, oremos por um autêntico avivamento. "Bem vedes vós a miséria em que estamos... vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém, e não sejamos mais um opróbrio" (Neemias 2.17). Deus nos ajude em tudo. Deus nos ajude a reconstruir o que é santo e agradável ao Seu nome.

Pr. Adriano Xavier Machado


Pregação Relevante

Preciosa é a pregação. Paulo ensina que a fé vem "pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo". Assim, Deus nos confiou essa graça e responsabilidade de anunciar o evangelho. Embora muitos não deem crédito à nossa pregação, jamais devemos falhar nessa tarefa. Mas, como considerou Leonard Ravenhill, a "grande tragédia de nossos dias é que existem muitos pregadores sem vida, no púlpito, entregando sermões sem vida, a ouvintes sem vida". E o pior é que tentam encobrir essa tragédia com empostação de voz, gestos e frases feitas.

Sim, muitos pregadores parecem desconhecer ou não dependem mais da vida do Espírito. Tudo não passa de informação, estudo e consulta de livros. Não há relacionamento com Deus. Não há o fluir da graça. Não há a manifestação da vida em abundância pela fé em Jesus Cristo. Em uma maravilhosa pregação de Hernandes Dias Lopes, foi feita a seguinte exposição: "Deus não precisa de estrelas para fazer a Sua obra. Deus precisa de gente que se ponha nas Suas mãos. Talvez um dos grandes problemas da igreja evangélica brasileira é que nós temos estrelas demais, figurões demais, gente famosa demais, gente que pensa que é importante demais, e Deus não divide a Sua glória com ninguém".

A pregação relevante não vem de medalhões intelectuais, de personalidades televisivas ou de nomes que se encontram nos principais periódicos cristãos, mas, sim, de homens e mulheres que andam na presença de Deus. Quando Jesus seleciona os primeiros discípulos, Ele não põe em Sua lista os mais eruditos, os mais populares ou mesmo os mais aceitáveis pela sociedade. Ele escolhe pessoas simples que estavam dispostas a seguir o Seu conselho: "Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens".

Pregadores do evangelho, o nosso primeiro compromisso é seguir Jesus, é seguir as Suas pisadas, é andar nos Seus caminhos santos. Somente na presença do Senhor teremos uma mensagem cheia de vida e poder para combater o pecado e iluminar a mente e o coração de homens e mulheres na esperança da fé em Jesus. Quem não anda em Sua presença não pode transmitir vida. Pode até falar sobre Ele, mas não dar testemunho d'Ele na eficácia e na autoridade do Espírito Santo.

É lamentável, mas há pregadores, líderes e mestres que desencorajam os crentes e os obreiros. São pedras de tropeço porque não se humilham aos pés de Cristo. Por outro lado, há pregadores, líderes e mestres que são bálsamos em nossa caminhada cristã. São homens e mulheres que aprenderam a se curvar perante Cristo e que aprendem humildemente aos Seus pés. Por isso, no Senhor, são fontes de vida para os sedentos e luz para os que estão em trevas. A pregação relevante só pode vir da vida de quem conhece e experimenta da vida de Jesus.

O nosso segundo compromisso é a Palavra de Deus. Uma vez que temos intimidade com Ele pela fé em Jesus o nosso prazer será o que Ele tem a nos ensinar. Na comunhão d'Ele ouviremos a Sua voz. A Bíblia não será meramente uma coleção de livros, mas a verdade do Alto para nos corrigir e instruir em toda justiça. Pregadores que apenas usam um texto bíblico por pretexto e não têm nada a dizer da Palavra de Deus, que não citam a Palavra de Deus,  que não explicam a Palavra de Deus e não se entusiasmam pela própria Palavra de Deus, não passam de oradores vazios e sem a vida de Deus.

Não há pregação relevante sem a Palavra de Deus. Por mais que possamos conhecer de filosofia, psicologia, sociologia ou antropologia, nada poderá substituir as Escrituras Sagradas. Por mais que um pregador seja alegre, simpático, engraçado, inteligente e versado em letras, a Palavra de Deus continua insubstituível. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma, o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos".

O nosso terceiro compromisso é a transformação de vidas. Pregamos porque entendemos que cada ser humano deve ser transformado à imagem de Cristo. Entendemos que cada pecador deve recorrer ao arrependimento e à fé. Suzana Wesley já dizia: "O verdadeiro fim da pregação é endireitar a vida dos homens e não entulhar suas cabeças com especulações inúteis". Acreditamos que o fim da pregação é muito mais do que endireitar vidas, mas sim transformar e libertar vidas. No entanto, a pregação de hoje muitas vezes não passa disso: especulações, especulações e especulações inúteis. Especulações que não edificam, que não trazem cura, esperança nem salvação.

Muitos ministérios se satisfazem com os templos lotados de pessoas. Sem dúvida, isso é importante. Quanto mais pessoas nas congregações, mais pessoas poderão ser alcançadas e discipuladas. O problema é que muitas vezes os templos se parecem com passarelas. Há fluxo de gente, fluxo contínuo, sempre uma cara nova, mas não há de fato conversões. A pregação relevante é aquela que deseja atingir os verdadeiros objetivos do evangelho de Cristo. Igreja não é clube social, não é circo nem casa de espetáculo, mas agência do Reino em um mundo que necessita do amor e do poder de Deus.

Oremos para que Deus nos dê uma mensagem que faça a diferença. Uma pregação que de fato seja relevante para o mundo de hoje. O importante é o crescimento do Reino, não o nosso império particular ou o nosso castelo pessoal. Oremos para que consigamos cumprir a nossa missão neste século dominado pela tecnologia e pelo entretenimento, mas que precisa tanto da paz e alegria do Espírito. Oremos para que crianças, jovens e adultos sejam iluminados, orientados e transformados com a relevância da mensagem de Cristo Jesus. Que Deus nos abençoe. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado


Não Andeis Ansiosos

Em um monte da Palestina Jesus ensinava: "Não andeis ansiosos quanto à vossa vida... Não andeis pois inquietos" (Mateus 6.25, 31). Às vezes, só é preciso parar um pouco. Desligar-se da correria, dos problemas e das coisas que precisam ser resolvidas.  O círculo vicioso da preocupação só pode ser quebrado quando nos voltamos para a consoladora presença do Senhor.

Por algum motivo perdemos o foco. Talvez não sintamos a mesma alegria, o mesmo entusiasmo e o mesmo renovo espiritual. Estamos desgastados e sugados, enrolados e confusos com tantos pensamentos inquietos. Mas Deus não mudou, Ele permanece disposto para nos ajudar. Precisamos apenas dar tempo para Ele, ouvir outra vez a Sua voz, aceitando pela fé o Seu amor por nós.

Sem percebermos temos nos afastado de Deus. Trabalhamos demais, estudamos demais e quase que carregamos o mundo inteiro nas costas. Ah, quantas vezes deixamos de respirar aquele ar puro da presença de Deus! E o pior é que até nos acostumamos com o ar poluído das preocupações, da ansiedade e dos cuidados desta vida. E por isso a nossa alma geme, anseia e clama pela graça divina.

Então, busquemos humildemente ao Senhor. Aprendamos a descansar no Salvador. Sintamos o perfume suave de Sua graça e compaixão. Vamos permitir que Ele ministre ao nosso coração. Nossos argumentos, pensamentos e estratégias não resolverão o nosso problema. Mas, Jesus está de braços abertos para nos acolher, para nos tratar e nos amar completamente. "Não andeis ansiosos... Não andeis pois inquietos".

Não importa a questão. Nada justifica a nossa ansiedade. Pode ser um problema na família, no ministério ou ainda no trabalho. Devemos aprender a confiar tudo ao Senhor, reconhecendo o Seu poder e sabedoria, desfrutando de todo o Seu cuidado. Portanto, digamos não para a insegurança, não para o medo, não para a ansiedade, não para a inquietação, mas digamos um delicioso sim para o refrigério da presença de Jesus.

Pr. Adriano Xavier Machado