Você conhece as "regras do jogo"?

Quando pensamos em um jogo de xadrez  sabemos que cada peça tem o seu lugar, o seu valor e o movimento certo. As torres, os cavalos, os bispos, a rainha, o rei e os peões cumprem o seu papel dentro do jogo. Por exemplo, os movimentos das torres são verticais ou horizontais e os dos cavalos em forma de L, assim, cada peça tem o seu dinamismo próprio, a sua característica e a sua função. Quando pensamos na Igreja do Senhor, não é muito diferente. Sim, cada membro do Corpo de Cristo é muito importante, ninguém deve se julgar melhor do que ninguém, mas cada um tem o seu lugar e a sua função. No entanto, será que estamos reconhecendo qual é o nosso lugar no Corpo? Em muitos ministérios eclesiásticos o ambiente não é nada agradável. Há muita confusão, conflitos, mentiras, inimizades, ciúmes, invejas etc. Mas por quê? Se somos a Igreja do Senhor não deveríamos reproduzir o fruto do Espírito em vez da obra da carne? Certamente! Mas por que, então, isso muitas vezes não acontece? Muitas podem ser as razões, mas neste espaço apontamos para o fato de que muitos dos problemas da vida eclesiástica acontecem por falta de entendimento das "regras do jogo".

Dizem que "quem fala o que quer ouve o que não quer". Afirmam também que "quem faz o que quer recebe o que não quer". Quem fala ou faz o que quer demonstra ter dificuldade em lidar com as regras instituídas. Mas, aí está, não existe verdadeira liberdade sem responsabilidade, sem compromisso ou respeito para com o próximo. Como dizem: "minha liberdade vai até onde começa a liberdade do outro". Portanto, precisamos sempre nos submeter a algum parâmetro, princípio ou a um pacto social. Na qualidade de filhos de Deus somos livres. Todavia, Paulo nos lembra: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (1 Coríntios 6.12). O apóstolo ainda insistiu: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros" (Gálatas 5.13). E ele ainda regulamentou: "Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos" (1 Coríntios 8.9). Logo, precisamos mesmo de algumas regras, de alguns limites e conceitos que possam nortear os nossos passos, as nossas escolhas, as nossas palavras e ações diante da comunidade dos santos. Afinal, ser bênção no mundo e na vida dos irmãos é o nosso propósito.

Em todo trabalho de equipe há regras que precisam ser conhecidas e respeitadas. É verdade que as regras limitam o espaço e a ação de cada um, mas é com as regras que se evitam as faltas, as invasões de privacidade e as injustiças. Sabemos que Deus tem operado em nossas vidas como Igreja de Cristo de forma maravilhosa. Somos novas criaturas em Jesus. Contudo, se não soubermos viver e conviver segundo as '"regras do jogo" deixaremos de cumprir  o propósito que o Senhor tem estabelecido para nós. Fique claro que não estamos falando das regras do jogo político nem administrativo, e sim do que cabe a cada membro fazer e viver dentro do contexto da família cristã. Cada membro do Corpo precisa saber e se pôr no seu devido lugar, agindo, assim, dentro de um espaço segundo as "regras" do evangelho. E quais "regras" são essas? Sem dúvida, um texto bíblico que nos ajuda a responder tal questionamento é 1 Coríntios 13.4-8: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba".

O amor é sofredor porque o amor chora com os que choram. O amor não é invejoso porquanto se alegra com os que se alegram. Com o amor não existe essa história de competição ou disputas. No amor todos são importantes. No amor há espaço para todos. O amor não se vangloria nem se ensoberbece pois é sempre simples e humilde. O amor não se esconde em uma caverna, afinal ele tem que dar a sua luz a todos, mas também não busca o palco ou os holofotes, e sim o serviço segundo as pegadas do Mestre. Quem busca ser o primeiro deve ser servo de todos. O amor não se porta inconvenientemente porque é decente, nunca promovendo confusão, desordem ou insubordinação. O amor não busca os seus próprios interesses porque está sempre disposto a doar, a compartilhar e a se entregar para a Glória do Senhor. O "amor" egoísta pode ser tudo, menos amor. O amor não se irrita porque é misericordioso e paciente. Por isso, o amor tudo espera e tudo suporta. Não foi assim o exemplo de Jesus na Cruz? Ele suportou os cravos, o ódio, a maldade e todo o pecado, tão somente porque nos amou. O amor não suspeita mal, porquanto tudo crê. Claro, o amor não é bobo nem infantil, mas está sempre acreditando, está sempre confiando e nunca desistindo. Não se regozija com a injustiça porque é santo, reto e justo. Precisamos mais? Ah, se essas regras fossem valorizadas e praticadas por nós como Igreja do Senhor! Sim, somos salvos, mas precisamos conhecer e colocar em prática as "regras do jogo". Que Deus nos abençoe e nos guarde no Seu amor, para que consigamos cumprir as maravilhosas e doces "regras" do evangelho de Jesus, Senhor e Salvador.

Pr. Adriano Xavier Machado


O Ato de Crer e o Ato de Pensar

"Crer é também pensar", resumiu John Stott. Contudo, muitos ainda não compreenderam que os dois devem se unir com o mesmo objetivo da glória do Senhor. Muitos procuram viver a fé cristã, negligenciando a orientação bíblica, as doutrinas do evangelho e os fundamentos teológicos. O importante é sentir algo ou ver o sobrenatural. Por conseguinte, temos testemunhado verdadeiras tolices e bizarrices religiosas, resultado das atitudes infantis e imaturas de crentes sem qualquer sabedoria ou discernimento espiritual. Por outro lado, há aqueles que estudam e pesquisam temas bíblicos, dominam a linguagem teológica, filosófica ou sociológica, mas negam o poder, negam a dimensão espiritual. "Crer é também pensar", insistiu o escritor britânico. Não é apenas crer. Não é apenas pensar. Os que creem e não pensam, vivem dando cabeçada, vivem se precipitando, vivem tomando decisões erradas. Mas, os que pensam e não creem, vivem secos, amargurados e vazios. Nada satisfaz. Nada preenche. E por isso ficam desesperadamente inventando programas, métodos e estratégias que não levam a nada, que não fazem diferença alguma em se tratando do Reino de Deus. Nas últimas décadas temos presenciado cada invenção de "moda" eclesiástica que só leva o cristianismo ao ridículo e até mesmo ao descrédito. É claro que a Igreja permanece, mas por pura graça e misericórdia do Senhor. Se dependesse de nós, a Igreja estaria falida há muito tempo com tanto ativismo carnal. Apesar de tudo, Deus tem manifestado continuamente o Seu amor para a salvação de pecadores. Assim, as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja do Senhor. Todavia, isso não significa que temos o direito de abusar da graça. "Crer é também pensar", escreveu o pensador anglicano. No entanto, para pensarmos adequada e corretamente, precisamos primeiro crer. A fé é um dom de Deus, não dos livros, dos tratados ou das enciclopédias. Sim, precisamos ouvir a Palavra, porquanto a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus, mas a fé não é fruto do nosso raciocínio ou da nossa inteligência, e sim da graça divina. Se invertermos as coisas, acabaremos acreditando naquilo que não se deve. Pois a Palavra de Deus já não será mais suficiente para a nossa prática cristã. Não é por menos que alguns estudiosos "cristãos", que se afastaram da Palavra e não dependem mais do Espírito Santo, negam ou já negaram o nascimento virginal de Cristo, a ressurreição ou a vinda gloriosa de Jesus para arrebatar a Sua Igreja como eventos literais. Parece que para alguns "pensantes" tudo o que é sobrenatural e além das faculdades mentais, trata-se apenas de alegoria. Aí está, pensamento sem fé, pensamento sem humildade para se submeter a Deus, pensamento que nega o poder e a verdade da Palavra de Deus, não passa de aparência intelectual e falsa piedade, pois o "temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução"(Provérbios 1:7). Se queremos de fato viver e praticar o autêntico evangelho de Cristo, precisamos crer. Mas, se queremos uma fé sem desvios, heresias ou hipocrisias, precisamos pensar, avaliar e discernir segundo a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16), precisamos aceitar a renovação do nosso entendimento para que venhamos a experimentar "qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Sim, crer é também pensar, mas pensar segundo Cristo, e não segundo a mente carnal do homem natural. Nada deve justificar a preguiça intelectual. Deus nos deu a mente para dela fazermos uso. Por mais bonito que possa parecer, a fé não é um salto no escuro, mas, antes, um mergulho na Luz do Senhor. Que Deus nos ajude a crer e a pensar segundo Jesus Cristo, a Luz do mundo.


Pr. Adriano Xavier Machado

Mentalidade de Vencedor

No último Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai (2011), Cesar Cielo faturou duas medalhas de ouro, uma nos 50 m borboleta e outra nos 50 m livre. Para quem passou recentemente pelo desgaste psicológico de um julgamento por doping, foi uma grande superação. Após a segunda vitória, ele desabafou: "A gente tem uma mentalidade no Brasil de aceitar as coisas um pouquinho, de abaixar a cabeça". O que por sinal, não fez o nadador brasileiro. Antes em meio às crises por qual passou, levantou a cabeça com dignidade, empenho e coragem, dando o máximo de si para alcançar o título mundial. Assim, teve o privilégio de subir por duas vezes o lugar mais alto do pódio.

Amados, todos nós temos momentos difíceis na vida. A propósito, a vida em si já é um grande desafio. Temos os estudos, o trabalho, a família, o ministério, os relacionamentos interpessoais etc. Mas não precisamos ter uma mentalidade de aceitação do fracasso nem precisamos nos curvar ou abaixar a cabeça perante os dilemas e dificuldades que se nos apresentam. Eu e você temos o Senhor que é soberano, sábio e gracioso. Portanto, "quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou"(Romanos 8:35-37). Apesar das lutas do dia a dia, tenhamos uma mentalidade de vencedor em Cristo Jesus. O nosso lugar está garantido na glória dos céus. Ainda estamos para receber o nosso galardão, quando estivermos face a face com o nosso Senhor e Salvador.

Pr. Adriano Xavier Machado

Tendo o Pai é possível ser pai

Sou pai de três filhos. Hoje, um rapaz com 18 anos e duas adolescentes, uma com 16 e outra com 15. E tenho percebido que ser pai não é nada fácil. Não é fácil para mim nem para qualquer outro papai. Na nossa humanidade temos limitações e erros. No entanto, com a ajuda do Pai celestial, aprendemos a ser pai. Com Ele consideramos diversas virtudes e valores que fazem uma tremenda diferença no ambiente familiar. 

Primeiro, com o Pai aprendemos amar sem distinção, sem qualquer preferência de filhos. O amor divino nos leva amar a todos, ajudando-nos a reconhecer que cada um deles tem o seu valor. É claro que cada filho é tratado de um jeito. Pois cada filho tem as suas características e necessidades. Mas, o amor é o mesmo, sem acepção.

Segundo, com o Pai aprendemos o milagre da doação. Digo milagre, porque o ser humano é por natureza egoísta, voltado apenas para si mesmo. Mas com a ajuda do Eterno aprendemos a nos doar, aprendemos a dar o melhor de nós para os nossos filhos. Pai que é pai não apenas coloca filhos no mundo, antes se dedica para fazer o melhor por cada um deles.

Terceiro, com o Pai aprendemos a ensinar. Ser pai não é fazer tudo o que os filhos querem. Ser pai é prepará-los para a vida, é prepará-los para lidar com as decepções, tristezas e fracassos. Criamos filhos, não para nós mesmos, mas para saberem lidar com a vida, com os problemas e desafios que se nos apresentam.

Quarto, com o Pai aprendemos a disciplinar. Dizem que a geração de hoje é uma geração difícil. Mas, por que será? Não será por culpa de muitos pais. Há pais que espancam e há pais que não disciplinam os filhos. E aí está o perigo. Pois todo exagero é perigoso. Todo extremo é prejudicial. Deus disciplina a quem ama. Portanto, pai que ainda não sabe disciplinar é pai que não aprendeu amar.

Quinto, com o Pai aprendemos a confiar. Digo confiar, e, não, controlar. Pais controladores não ajudam no desenvolvimento dos filhos. Aqui há um ponto interessante para mim. Meu filho hoje, por motivos de estudo, está morando em outra cidade, em outro Estado. Confesso que gostaria de tê-lo perto de mim. Mas, não posso e não devo querer controlar todos os seus passos, todos os seus caminhos. O que tinha de ensinar, ensinei. Agora ele precisa viver. E eu creio que Deus está conduzindo a vida dele.

Sexto, com o Pai aprendemos a ter paciência. Sem muito comentário, uma virtude essencial para a vida toda.

Sétimo, com o Pai aprendemos a ter um coração sempre aberto, um coração sempre pronto para acolher quando for preciso. A parábola do filho pródigo é um exemplo disso. O filho abandonou, desprezou e ignorou, mas o pai sempre o amou. E por isso, no momento mais difícil na vida do filho, o pai o abraçou.

 Pr. Adriano Xavier Machado

Teologia da Prosperidade ou a Prosperidade do Evangelho?

Escrevo este artigo na graça e no amor de Jesus. Meu objetivo não é atacar igrejas ou pessoas. Mas, apenas trazer um alerta para a Igreja do Senhor, a qual é chamada para ser santa e sem mácula alguma. Assim sendo, fundamentando-me na Palavra de Deus, faço um desafio: tenhamos cuidado com a teologia da prosperidade, "porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui" (Lucas 12:15). Reconheço que este assunto tem recebido atenção de muitos articulistas, contudo, nunca é demais prestar um reforço, tendo em vista que há um forte bombardeio midiático contrário ao simples evangelho de Jesus. Certamente, Deus abençoa o Seu povo, suprindo todas as necessidades. Por isso o salmista testemunhou: "Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Salmos 37:25). No entanto, não podemos pensar que Deus deseja satisfazer os nossos caprichos e interesses mesquinhos. Jesus morreu no Calvário para nos salvar e nos purificar de todo pecado, e, não, para aumentar a nossa conta bancária ou para nos fazer andar de Ferrari. Jesus alerta: "Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?" (Mateus 16:26). Na parábola do rico e Lázaro temos um exemplo perfeito. O rico ganhou o mundo, mas perdeu a alma. Lázaro perdeu os prazeres materiais, mas ganhou as delícias do Céu. O próprio Senhor Jesus nos deixou o exemplo, "que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos" (II Coríntios 8:9). Enriquecidos como? Em que sentido somos ricos em Cristo? "Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" (Tiago 2:5). A pobreza material de Jesus como homem foi tão real que Ele confessou: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Lucas 9:58). Todavia, a riqueza espiritual de Jesus foi reconhecida pelo Pai: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Ele não nasceu em berço de ouro nem morou em palácios, mas o Seu exemplo moral, ético, social e espiritual é uma referência para todos os homens e mulheres de todas as épocas e culturas. Em hipótese alguma pretendo dizer que é pecado ser rico. O problema é o amor ao dinheiro, "raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Timóteo 6:10). O problema é a pregação que ensina que todos precisam ser ricos no sentido material. É verdade que com a bênção de Deus, Abraão enriqueceu. Mas, é igualmente verdade que com a bênção de Deus, Moisés empobreceu. "Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa" (Hebreus 11:24-26). Portanto, Deus abençoa a cada um como Ele quer, segundo a sua vontade e graça. Logo, "tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes" (I Timóteo 6:8), vivendo o evangelho da Cruz, o glorioso e poderoso evangelho de Jesus. Teologia da prosperidade? Não! Prefiro a prosperidade do evangelho entre todos os povos e nações, alcançando e transformando a vida de pecadores para a vida eterna com Deus. O evangelho que ensina que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo" (Efésios 1:3).

Pr. Adriano Xavier Machado