Não Basta Ser Chamado...

Jesus já disse que muitos são chamados, mas poucos os escolhidos (Mateus 22.14). Muita coisa pode ser dita com tal afirmação do Mestre. Mas, pensemos aqui em relação ao chamado ministerial. Deus é quem chama, capacita e envia homens e mulheres para a Sua seara. No Antigo Testamento, por exemplo, dentre os muitos que foram vocacionados por Deus, vemos Saul e Davi. Ambos foram ungidos do Senhor. Ambos faziam parte dos planos e projetos de Deus. Ambos deram as suas contribuições na vida do povo de Israel. E ambos tiveram as suas falhas.

Na carreira ministerial nem sempre iremos acertar. De uma forma ou de outra sempre erramos. Mas, como estamos lidando com essa questão? Um dos piores erros na vida de um ministro é não reconhecer o próprio erro. Mas, o pior de todos é arrastar outros ao erro que se comete. Saul foi um líder que não queria afundar sozinho. Davi, por outro lado, não queria se posicionar de um modo em que a sua vida fosse um tropeço na vida do povo de Deus.

A liderança de Saul e Davi lembra muito uma parte do filme Anjos da Vida: mais bravos que o mar, quando Ben Randall, um legendário nadador de resgate da guarda costeira americana, interpretado por Kevin Costner, e sua esposa Helen Randall, interpretada por Sela Ward, concede a ela uma carta de divórcio, com a seguinte explicação:

"_ Eu fiz um resgate algum tempo. Um casal se afogava. Quando eu cheguei lá o marido estava fazendo a esposa afundar, tentando se manter na superfície, por extinto de sobrevivência. Eu levei, eu levei algum tempo para entender que, aquele homem era eu".

Saul não reconheceu que estava afundando o povo de Israel com os seus pecados. Davi, ao reconhecer o pecado em sua vida, fez uma quebrantada confissão, demonstrando sincero arrependimento. Assim, Saul foi rejeitado por Deus, mas, Davi aceito pelo Senhor, pois demonstrou com sua humildade e reparação ser um "homem segundo o coração de Deus". Não basta ser chamado, é preciso cumprir a vocação nos caminhos do Senhor.

Recentemente tomamos conhecimento de uma família que precisava muito de apoio espiritual. Soubemos ainda que a liderança de uma determinada igreja só aceitaria fazer uma oração na casa daquela família caso uma oferta de setecentos reais fosse feita. Será que esse é mesmo o caminho do Senhor? Sabemos que não! De graça recebemos e de graça temos que dar (Mateus 10.8). Mas, será que temos reconhecido os nossos próprios desvios? Não faz muito tempo um pastor dizia de púlpito que não pregava sobre a morte de Jesus, pois acreditava que a Sua ressurreição era mais importante do que a mensagem da Cruz. Será que esse argumento representa de fato o evangelho de Cristo?

Não basta ser chamado, é preciso seguir as veredas da justiça, da santidade e do amor. O caráter é mais importante do que os dons e talentos. A integridade é mais do que a posição social. Saul foi chamado, mas ele se perdeu no meio do caminho. Davi, também foi chamado e se perdeu no meio do caminho. Todavia, ele permitiu ser tratado por Deus. Ele permitiu ser reconduzido à sua vocação segundo o chamado de Deus. E quanto a nós?

Sigamos a recomendação paulina: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ( 2 Timóteo 2.15). Não basta ser chamado, tem que ser aprovado por Deus! E para isso é preciso aceitar os métodos de Deus em tudo. É preciso ter a mente de Cristo e os procedimentos que manifestem o Reino de Deus em tudo e para com todos. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Jesus é Mesmo Tudo Para Nós?

O que realmente é importante para nós? Tão facilmente dizemos que o Senhor é tudo, o maior e o melhor tesouro, mas, será que na prática isso é verdade? Quantas vezes não estamos mais interessados em elogios, aplausos e reconhecimentos do mundo, do que na autêntica vontade de Deus para a nossa vida? Pode parecer exagero, mas temos dificuldades de consultar ao Senhor em oração e, assim, conhecermos e reconhecermos o que Ele tem para nós, o que Ele quer de nós. Temos uma cultura que valoriza o poder, o dinheiro, a posição e o status social. Por isso ainda há muita competição, politicagem e atitudes duvidosas no meio cristão. E aí vem mais uma vez a pergunta: o que de fato é importante para nós?

Se Deus é tudo mesmo na nossa vida, logo, com Ele, em Sua presença santa, teremos o sentimento de propósito, satisfação e realização. Quando conferimos nas Escrituras a vida e o ministério do apóstolo Paulo, podemos perceber que ele passou por muitos momentos difíceis, sejam perseguições, prisões, açoites e tantas outras hostilidades. O que ele aprendeu com tudo isso? O que Deus lhe ensinou? "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Assim, como foi com o apóstolo, não é diferente conosco. Jesus tem que ser tudo na nossa vida. E será que o apóstolo aprendeu bem essa lição? "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo".

O apóstolo Paulo aprendeu que, apesar das lutas e aflições, apesar dos dolorosos espinhos em sua carne, ainda assim valia a pena se alegrar em tudo, para que Cristo fosse tudo em sua vida. Estamos dispostos a aprender isso? Difícil é passar por essa aula. Aprender essa lição na prática não é nada fácil. Contudo, se estivermos dispostos de coração a aprender o que Deus tem para nós, através do Seu Espírito Santo, seremos capacitados, iluminados e sustentados. Talvez até pensemos em desistir do curso divino, todavia, as nossas forças se renovarão e aprenderemos o que o Senhor deseja nos ensinar: Jesus em nós é suficiente!

No passado, muitas igrejas cantavam: "É bastante pra mim a Tua graça. Receber a Salvação e o Teu perdão. É maravilhoso saber que, para sempre com Jesus vou viver. É bastante pra mim a Tua graça...". Nos dias de hoje, o que as igrejas estão cantando? É algo que transmite a mesma verdade, a mesma visão e o mesmo coração do evangelho? Ou é algo que nos leva para longe disso? Amados, ou Jesus é tudo ou Ele não é nada em nós. Quando compreendemos isso, abrimos mão de tudo somente por Ele. Quando aprendemos que o verdadeiro tesouro é Cristo, o que importa mesmo não é a nossa reputação diante dos homens, mas, sim, diante de Deus.

Diz o ditado popular que é "impossível agradar a gregos e troianos". No entanto, quantas vezes tentamos satisfazer o espírito e ao mesmo tempo a carne, o Reino, mas, também o mundo, os interesses do Senhor, mas igualmente os nossos desejos? Muitas vezes estamos divididos. Muitas vezes não estamos sendo totalmente d'Ele, isto é, não estamos plenamente rendidos ao Senhor Jesus. Recentemente cantamos em um culto de oração o hino do Cantor Cristão, 395, Cristo Satisfaz, cujo estribilho diz: "Com Cristo estou contente/Ele me satisfaz;/Com esse amor do Salvador,/Agora estou contente". Quando Jesus é tudo em nós, o nosso sentimento é de satisfação e contentamento.

Que o Senhor, portanto, seja tudo em nós. Que Jesus seja o nosso real tesouro. Vivamos para Ele. Busquemos a Sua glória. Quando aprendermos essa preciosa lição, não veremos com tanta frequência crentes desanimados, frustrados e magoados com tudo e todos. Devemos amar tanto ao Senhor Jesus que, a nossa oração se expresse nos mesmos termos da sexta estrofe do hino 296 do Cantor Cristão, Consagração: "Meu amor e meu desejo/Sejam só teu nome honrar;/Faze que meu corpo inteiro/Eu Te possa consagrar".

Pr. Adriano Xavier Machado