A Inteligência do Amor


Nada tem sido tão deteriorado e deturpado nos dias de hoje quanto o conceito de amor. Afirma-se que o amor é cego e que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Que o amor cobre uma multidão de pecados é fato, mas cego jamais, pois o amor ilumina sem ofuscar, sem embaçar. Que o amor não é frio nem calculista como a razão, sem dúvida, mas o amor nunca é ignorante, o amor nunca é um ato irreflexivo, porquanto o amor não é leviano (1 Coríntios 13.4).

De acordo com o dicionário a leviandade trata-se de um ato imprudente, inconsequente, sem qualquer reflexão. Um ato nesses termos pode ser tudo, menos amor. Contudo, por causa de uma mentalidade equivocada a respeito do amor, muitos tomam decisões erradas, muitos fazem escolhas absurdas, muitos se precipitam em um abismo de dor e sofrimento que não se justifica. É certo que o caminho do amor nem sempre é fácil ou confortável, todavia, o amor não se precipita, pois o amor é sempre um ato inteligente.

Certa jovem namorava um viciado em drogas. De vez em quando ela apanhava dele. Um dia ela me perguntou o que eu achava desse namoro. Como não desejava dar uma resposta pronta, fiz uma pergunta: "Se você fosse mãe de uma menina, você gostaria que ela namorasse um rapaz que batesse nela?" De pronto ela respondeu: "Não!". Então em seguida disse: "Aí está a resposta para a sua pergunta". Ela ficou surpresa com o que havia acabado de compreender. Ela entendeu perfeitamente que aquele namoro era uma "furada", não iria levar a nada de bom.

O amor não é cego. O amor nos dá capacidade de pensar, avaliar e analisar. O amor sabe diferenciar o que é descartável e o que é essencial, sabe separar a erva daninha das flores. O amor não é leviano. O amor não é algo insano. "Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: 'Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar'. Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, e pedirá um acordo de paz" (Lucas 24.28-32).

O problema é que muitas pessoas querem viver no impulso de suas paixões e desejos, sem considerar as consequências de suas escolhas, de suas decisões, de suas palavras ou mesmo de seus atos. Vivem algo semelhante ao antigo verso musical: "Não me interessa o que de mais existe. Quero que você me aqueça nesse inverno. E que tudo mais vá pro inferno". Por mais romântico que isso possa parecer, na verdade não passa de uma posição patológica, egoísta e até mesmo presunçosa. Pois o amor não se centraliza apenas nos seus sonhos, interesses ou necessidades físicas e psicológicas. O amor não fica fechado em um mundinho limitado aos desejos mesquinhos, sem se importar com os demais. O amor é um ato nobre, responsável e coerente. O amor é uma atitude inteligente, e, não, um ato inconsequente. Se "crer é também pensar", não tenhamos dúvida de que muito mais ainda o amor sabe pensar.

O amor não é leviano, mas será que estamos exercendo a inteligência do amor? Será que muitas vezes não estamos sendo omissos exatamente porque temos tido medo ou insegurança de pensar? Às vezes, em nome do amor se faz vista grossa ou ainda se ignora os erros e pecados. Às vezes, em nome do amor a Igreja se cala quando deveria denunciar. Às vezes, em nome do amor os crentes não examinam as profecias, acreditando que tudo vem de Deus. Às vezes, em nome do amor o que importa é louvar e pregar, mesmo que não haja preparo e dedicação para isso, contudo sempre há o discurso pronto: "É para o Senhor". Amados, o amor não é cego nem irracional.
Portanto, saibamos viver a inteligência do amor para a glória de Deus.

Pr. Adriano Xavier Machado

Viva o Amor! Abaixo a Inveja!


Na vida todos nós temos alguma oportunidade. Deus abençoa a todos com alguma graça. O Seu amor é para todos. Mas, muitas vezes temos tido dificuldades em reconhecer as bênçãos que Deus tem nos dado. Assim, parece que tudo o que é distante é melhor, tudo o que pertence ao outro é mais bonito e satisfatório. Desse modo começa a germinar a inveja. Segundo a Wikipédia, a inveja é "um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem". Sim, enquanto o amor faz bem, produzindo sentimentos e posturas saudáveis, a inveja promove tristeza, amargura e angústia. Em Provérbios 14.30 diz que o "sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos".

A inveja estraga a saúde da alma, do espírito e do corpo. A inveja é um veneno para a vida. A inveja corrói . "Assim como a ferrugem consome o ferro, a inveja consome o invejoso". O ferro em contato com o oxigênio resulta na oxidação. É um processo lento que não faz barulho, alarde algum, mas que destrói o ferro. Para evitar essa oxidação, geralmente, pinta-se o ferro. A tinta serve de proteção. Da mesma forma, para não sermos corroídos pela ferrugem da inveja, devemos pintar todo o nosso ser, o nosso sentir, pensar e agir, com as tintas do amor. O amor não é invejoso (1 Coríntios 1.4). O amor nos protege de sentimentos de tristeza, do complexo de inferioridade, da falta de gratidão e de tudo o que estraga a vida e os relacionamentos. Se a inveja consome o invejoso, o amor protege o amoroso.

Em Atos 7.9 afirma que "os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito". O texto é claro em demonstrar que um problema de família aconteceu tão somente por causa da inveja. Os "patriarcas" desejaram algo que pertencia como promessa divina ao irmão mais novo. A inveja é sempre assim:  começa com um desejo errado e acaba terminando em tragédia. Veja, por exemplo, a história de Abel e Caim. Abel foi morto por seu próprio irmão movido pela inveja. Em muitos casos, é claro, o homicídio não ocorre no plano físico. Nem sempre sangue é derramado. Mas a inveja acaba causando uma terrível tragédia no coração. "Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro" (Gênesis 30.1). Raquel estava angustiada, desesperada, morrendo por dentro, pois a inveja roubava toda a sua alegria, todo o seu ânimo, toda a sua vida íntima. De fato, "a inveja é podridão", uma podridão para os ossos, mas também para o espírito, uma podridão que mata a alma do ser humano.

Ah, mas quem se reconhece como invejoso? Quem tem reconhecido que anda pecando nessa área? A inveja é um sentimento muito sutil.  Tal como a ferrugem, vai corroendo aos poucos. Só mais tarde é que se percebe o buraco e o vazio da alma. Contudo, podemos tomar algumas precauções. Podemos nos revestir do amor.  O amor que nos faz olhar menos para os nossos interesses egoístas e mesquinhos, e a olhar mais para as necessidades, dores e também para a alegria e sucesso dos outros.
A propósito, já foi dito que qualquer "um pode simpatizar com os sofrimentos de um amigo, mas é preciso que de fato se tenha muito boa índole para se simpatizar com o sucesso de um amigo". De acordo com a Palavra de Deus devemos chorar com os que choram e nos alegrar com os que se alegram. De fato chorar com o sofrimento de alguém não é algo tão difícil, mas se alegrar com a vitória, com a conquista e a alegria de uma pessoa, só mesmo revestido do amor. O amor vence a inveja.

O amor é vencedor, porquanto sabe celebrar, está sempre pronto para festejar e se alegrar com o que tem, como também incentivar, encorajar e se simpatizar com a conquista do outro. É óbvio que o amor não é conformista nem fatalista, contudo, sabe reconhecer as bênçãos recebidas, sabe desfrutar de tudo o que o Senhor dá, sem se sentir inferiorizado perante o sucesso do próximo. Mas, a inveja, cega. A inveja deixa o sentimento errado de que sempre está faltando algo. A inveja é insaciável, nunca preenche. Está sempre querendo e exigindo mais. Está sempre querendo e exigindo o que pertence ao outro. A inveja é a sanguessuga da alma. Trata-se de"um dos sentimentos que pode causar as maiores dores no ser humano".*  Porém, o amor é a riqueza, a luz, a sabedoria, a música, a poesia, o perfume e o refrigério da vida. Enquanto a inveja nunca se realiza, o amor satisfaz plena, poderosa e graciosamente. Viva o amor. Abaixo a inveja.

Pr. Adriano Xavier Machado

* MELLO, Márcia Homem de. Inveja: que sentimento será esse?. s.d. Em:  <http://www.homemdemello.com.br/psicologia/inveja.html>. Acessado em: 2 de abril de 2012.