Com o retorno que estou tendo dos meus textos, um querido irmão na fé me confessou: "Gosto muito de falar, mas não treinei o ouvido para ouvir. Se eu não ouço, não compreendo e se eu não compreendo não sigo o comando correto".
Essa consideração se aplica tanto na nossa relação com Deus quanto na nossa relação com o próximo. Por conseguinte, em Tiago 1.19 assim diz: "Sabeis isto, meus amados irmãos, mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar".
Assim, como quem para de ler acaba parando de ensinar, quem para de ouvir acaba parando de falar com sabedoria e graça. Saber falar é uma capacidade de saber ouvir. Não é apenas ouvir, mas, sim, saber ouvir. Uma tarefa que exige empatia e um coração verdadeiramente aberto. Com efeito, quem tem ouvidos saiba ouvir não apenas com os ouvidos, mas também com a alma e o coração.
O texto bíblico enfatiza primeiro para que "todo o homem seja pronto para ouvir", isto é, ouvir com carinho, ouvir com atenção, ouvir para entender, ouvir para devidamente receber a mensagem compartilhada. Não é ouvir para julgar, condenar ou criticar, e, sim, ouvir para amar.
Quando Jesus foi informado a respeito de uma mulher que havia adulterado, Ele não a apedrejou, mas a recebeu com bondade e misericórdia, protegendo-a dos seus algozes moralistas: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais".
Segundo, o texto bíblico desafia para que "todo o homem seja... tardio para falar", ou seja, falar sem precipitação, falar sem atropelar a verdade, falar com consciência e entendimento, e, não, pelo impulso da emoção ou do momento. "A boca do justo é manancial de vida, mas a violência cobre a boca dos ímpios" (Provérbios 10.11).
Terceiro, o texto bíblico recomenda para que "todo o homem seja... tardio para se irar". Em outros termos, ninguém tem o direito de ficar com raiva apressadamente. Quem se permite a isso, facilmente se demonstra intempestivo por pouca coisa e por qualquer coisa. É o tipo de pessoa que faz tempestade em um copo d'água. Logo, o "que sabe guardar a sua boca e a sua língua, guarda das angústias a sua alma" (Provérbios 21.23).
Em suma, o texto de Tiago 1.19 é um alerta para não sermos apressados em nossos julgamentos e opiniões. Precisamos ter cuidado com o que falamos, pensamos e avaliamos. E a base do que falamos, pensamos ou avaliamos não pode ser os impulsos de nossas emoções ou das circunstâncias do momento, mas sim com a nossa capacidade de ouvir, a nossa capacidade de entender, a nossa capacidade de compreender. Não obstante, quem tem ouvidos saiba ouvir com os ouvidos, todavia, principalmente com a alma e com o coração. Precisamos treinar os nossos ouvidos para ouvir.
Em Cristo Jesus
Adriano Xavier Machado