Liderança Cristã

Mais um ano está terminando. As igrejas certamente já estão na expectativa e se preparando para o que se aproxima. E uma das iniciativas, refere-se a nova diretoria e liderança em geral. Algo que merece muito cuidado, atenção e oração, para que de fato a vontade do Senhor seja efetivada e o trabalho do Senhor não seja prejudicado.  Por isso, apresentamos aqui uma proposta para o exercício da liderança segundo o modelo bíblico.

1 _ O líder cristão precisa ser cheio do Espírito Santo. Não basta ser inteligente, criativo, dinâmico ou carismático, o líder cristão tem que ter a presença e o poder do Espírito inundando, guiando e governando todo o seu ser. É com o Espírito Santo que o cristão é uma autêntica testemunha de Jesus até aos confins da terra (Atos 1.8).

2 _O líder cristão tem que buscar ser um ganhador de almas. O líder cristão tem que ser uma referência nesse quesito, pois "o que ganha almas é sábio" (Provérbios 11.30). Cada membro de igreja pode ter o seu próprio dom ou talento, mas nada deve anular essa capacidade de ganhar almas para Jesus (Marcos 16.15).

3 _ O líder cristão tem que saber valorizar o ser humano. Vivemos em uma época em que os programas, as tradições e as coisas valem mais do que o próprio ser humano. Mas no Reino os valores são outros. O Senhor se importa acima de tudo com vidas. Por isso Ele "veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas 19.10).

4 _ O líder cristão se dedica à vontade de Deus. Muitas vezes há muito da carne e do pensamento do homem. Somente o que busca a vontade de Deus pode de fato agradá-lo. E é fazendo a vontade de Deus que se alcança a promessa (Hebreus 10.36).

5 _ O líder cristão precisa saber ouvir. O líder eficaz não é aquele que apenas sabe falar bem, mas o que também tem a capacidade e a disposição de ouvir. "Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar" (Tiago 1.19).

6 _ O líder cristão é um servidor. Jesus ensinou que aquele que deseja ser o primeiro deverá ser servo de todos (Marcos 9.35). Ele disse também que "o maior dentre vós há de ser vosso servo" (Mateus 23.11). O Senhor mesmo deu o exemplo. Ele "não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10.45).

7 _ O líder cristão tem a marca da humildade. Nada é tão trágico no Reino quanto o orgulho. O líder humilde é o que vai mais longe. "A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito" (Provérbios 29.23).

8 _ O líder cristão tem compromisso com a oração. O empenho e o trabalho são importantíssimos, mas nada substitui a oração. "Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo"(Marcos 13.33). "Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17).


9 _ O verdadeiro líder cristão sabe ser submisso. Quem não aprendeu a obedecer nunca terá condições de liderar. "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil (Hebreus 13:17).

10 _ O líder cristão é um exemplo na fé. "Porque por ela os antigos alcançaram testemunho" (Hebreus 11.2).

11 _ O líder cristão trabalha com excelência. "Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor!" (Jeremias 48.10 _ NVI).

12 _ O líder cristão está sempre aprendendo. Ele aprende de Jesus (Mateus 11.29), das Escrituras (Salmos 1.1-3), da graça (Efésios 2.8,9) e do amor (1 coríntios 13.13).

Que Deus capacite a liderança cristã a viver o que a Palavra de Deus nos ensina.

Pr. Adriano Xavier Machado

Reconhecendo o Amor

Desejo pensar, falar e cantar sobre o Amor,
a resposta para todos os medos,
inseguranças e carências do ser humano.
O Amor não é uma opção,
mas uma urgência dos dias de hoje.
O que o mundo está necessitando de fato,
não é de mais tecnologia, conhecimento, riqueza ou ciência,
mas sim do autêntico e supremo Amor.
Quem não conhece o Amor, ainda não aprendeu a viver.
Sem o Amor a vida é vazia e insignificante. 
Sem o Amor não há verdadeira luz nem sabedoria.
Sem o Amor não há paz nem alegria.
É o Amor que cura as feridas do coração.
É o Amor que ilumina a alma de quem se encontra em trevas.
É o Amor que fortalece o cansado e desanimado.
O Amor adoça o tempo e os dias que avançam.
O Amor revigora o ânimo e traz esperança.
O Amor dá sentido e propósito à vida. 
Se existe algo maior do que a fé, a reposta só pode ser o Amor.
É verdade que com a fé podemos mover montanhas.
Com a fé se operam sinais e maravilhas.
Mas somente o Amor é capaz de transformar a vida das pessoas.
Somente o Amor é capaz de libertar os oprimidos.
Somente o Amor pode dar real consolo e refúgio.
Não são os discursos, berros ou palavras de sabedoria que mudarão o mundo.
O verdadeiro poder de revolução está no Amor,
o Amor que se doa, que busca e salva o perdido pecador.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16).
"E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele" (1 João 4.16).

Pr. Adriano Xavier Machado

True Love - Phil Wickham 



Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna
João 3:16

Uma Simples Oração

Hoje (29/11) ao completar mais um ano de vida faço uma simples oração:

Junto a Ti Senhor,
Desfrutando do Teu amor,
Quero com minha alma adorar
E para sempre me alegrar.
Tu és tudo para mim.                            
Nada sou sem Ti.
Sou totalmente dependente.
Oh, venha me conduzir,
Para que eu possa reluzir.
Em um mundo em trevas
Que eu possa ser a Tua luz,
Proclamando o nome de Jesus.
Ajuda-me a andar em Tua presença,
Sem medo ou qualquer ofensa.
Quero ser santo.
Quero ser inteiramente Teu.
"Tu és o meu Senhor;
"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti"
Salmos 16:2"Tu és o meu Senhor;
não tenho bem além de Ti".
Por isso humildemente confesso:
tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro
Salmos 16:5
Preciso de Ti Senhor.
"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti"
Salmos 16:2Preciso de Ti Senhor!
Preciso do Teu calor.
Dá-me um coração cheio de fervor,
E viverei para o Teu louvor!
Sim, Senhor, venha agora me conceder
Toda a glória do Teu poder.
Confiando em Ti prossigo,
Tendo um coração agradecido,
Tendo Jesus como o meu Senhor e Salvador,
Mas também como o meu melhor amigo.
Hoje e sempre, amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Cuidado Com O Orgulho


Acredito que em nossa experiência todos nós já tropeçamos em alguma coisa. Penso que todos os que sabem andar e correr sabem também o que é cair no chão. Não me lembro quando estava aprendendo a caminhar, era muito criança. Mas, lembro-me quando comecei a pedalar em uma bicicleta. Foram muitos os tombos. Foram muitas as quedas. Hoje, já adulto, com certa experiência, não sei mais o que é cair de bicicleta. É claro que não estou absolutamente livre disso. Qualquer descuido e posso ver o chão bem de perto. Quem caminha, corre ou pedala, nunca estará totalmente livre de uma queda. Assim, é na nossa vida espiritual. Caminhamos com Deus por meio da fé e reconhecemos que Ele é quem nos sustenta. Mas, às vezes, podemos tropeçar em uma pedrinha nada inocente, nada inofensiva, isto é, o orgulho.

Lembro-me de um retiro espiritual em Florianópolis, SC, onde tive a oportunidade de conversar com um pastor já idoso. Na época eu estava dando início ao meu ministério como pastor e missionário. Estava sedento para ouvir os mais experientes. Queria aprender algo que fosse realmente muito importante para a obra de Deus. O pastor com o seu rosto marcado pelo tempo falava sem parar. E eu apenas ouvia. De repente a sua expressão se modificou. Ele havia se lembrado de algo que merecia a minha atenção. Ele olhou bem sério, aproximou-se de mim e disse: "cuidado com o orgulho". Hoje esse pastor já se encontra na glória. Mas, não me esqueço de sua recomendação. As suas palavras ainda permanecem vivas no meu coração: "cuidado com o orgulho".

O orgulho é um conceito "muito elevado que alguém faz de si mesmo" (Michaelis). É uma ideia inadequada e exagerada de sua importância, capacidade, força, inteligência, beleza ou destreza. O orgulho nunca se curva, nunca se quebranta e nunca se submete. Está sempre querendo ficar um degrau acima e ser o centro das atenções, o que traz muita insatisfação, decepção e frustração. No entanto, o mundo não é palco para uma pessoa só. Aliás, no mundo Jesus é o ator principal e nós somos Seus coadjuvantes. Tudo é e deve ser para a glória d'Ele. "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Romanos 11.36). Mas, quando alguém perde a visão de Jesus, o orgulho entra em cena, o que é uma tragédia. Portanto, a recomendação é válida: "cuidado com o orgulho". Que Jesus seja de fato o foco, o alvo e a razão de tudo. 

O orgulho cega. Faz com que a pessoa tenha um entendimento a respeito de si totalmente fora da realidade. Ela pode se sentir mais forte, mais sábia, mais inteligente, mais bonita, mais capacitada, enfim, sempre mais do que os outros, mas na verdade tal sentimento não passa de uma máscara para esconder todas as suas fragilidades, carências e medos. A pessoa orgulhosa pode até saber falar bem, mas não sabe ouvir. Pode até reconhecer suas virtudes, mas não as dos outros. Pode ter olhos, mas apenas para ver o seu umbigo. A pessoa orgulhosa é fechada no seu próprio mundo, no seu próprio universo. E por isso não sabe ser gentil, atenciosa ou reconhecer os conselhos. Sempre acha que tem as respostas e que está sempre enxergando tudo corretamente. Sim, a pessoa orgulhosa não sabe aprender com a história, com as pessoas mais simples nem respeitar ou considerar os mais experientes. Portanto, "cuidado com o orgulho". Quem deixa de aprender hoje, deixa de ensinar amanhã.

O orgulho transforma o coração em pedra. Pode polir certos gestos, palavras e atitudes, dando uma imagem de melhora, mas o coração deixa de ser carne, deixa de ter calor, deixa de ter amor. O orgulho é pura aparência, é pura ilusão. No fundo de cada pessoa que é dominada pelo orgulho há uma tremenda escuridão, um vazio sufocante que amarra e amarga, que impede o crescimento, o avanço e o desenvolvimento psicológico, social e espiritual. Logo, Deus que se importa tanto com a nossa felicidade, deixa-nos em Sua Palavra: "O SENHOR eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra" (Salmos 147.6); "porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (1 Pedro 5.5). "Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes" (Provérbios 11.2 _ NVI). "Mais uma vez os humildes se alegrarão no Senhor" (Isaías 29.19). Sendo assim, "cuidado com o orgulho".

Pr. Adriano Xavier Machado

O Discipulado Eficaz

Um importante chamado da Igreja do Senhor Jesus é o ensino. Somos chamados, não apenas para pregar ou evangelizar, mas também para discipular: "ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado", disse Jesus (Mateus 28.20). No entanto, como temos cumprido a nossa missão? Como tem sido o nosso desempenho no discipulado? Augusto Cury diz que as "sociedades modernas se tornaram uma fábrica de estímulos agressivos". Pensando nisso em nossa prática cristã, será que estamos reproduzindo agressividade em vez de amor? Salomão reconheceu que "a doçura dos lábios aumenta o saber" (Provérbios 16.21). A mesma passagem na versão da NVI assim diz: "quem fala com equilíbrio promove a instrução". É interessante a expressão "doçura", porquanto remete a um estilo mais poético. É uma palavra que de certa forma, também apela para o aspecto sensitivo. Todos nós sabemos o que é doce e amargo e sabemos igualmente diferenciar entre o doce e o azedo. O ensino eficaz não é aquele que grita, xinga, ofende ou humilha as pessoas, mas sim o que desperta o sabor agradável do evangelho de Jesus Cristo. Salomão nos ajuda a entender isso: "Palavras suaves são como favos de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo" (Provérbios 16.24). Obviamente que não está se pensando aqui em qualquer forma de bajulação. Mas, sim, na postura correta, na motivação sincera e no procedimento amoroso. Com uma herança cultural de força, chefia e imposição, lembremos que algumas décadas atrás se fazia o uso da régua em sala de aula como meio de disciplina, pode parecer estranho pensar em um discipulado tão "suave". Porém, recorremos aqui ao famoso pensamento de Paulo Freire: "Não se pode falar de educação sem amor". Muito menos, falar do evangelho de Jesus sem amor e graça. Afinal, proclamar as verdades da graça de Deus deve ser para o povo de Deus a oportunidade mais cativante, excitante e apaixonante, tudo como resposta ao poderoso e imenso amor de Deus. Portanto, "o que mais importa não é o que aprendemos, e sim, com quem aprendemos". E que tipo de discipulador estamos sendo? Salomão afirma: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira" (Provérbios 15.1). Infelizmente há certos pregadores que na verdade não abençoam, não curam nem edificam. Vivem apenas acusando, criticando e julgando. Parecem mais um abacaxi azedo ou um jiló muito, mas muito amargo. Não há em suas palavras a doçura da graça. Não há em seus ensinos a doçura do encorajamento. Não há em suas ações discipuladoras a doçura do amor e misericórdia. Em um mundo tão difícil como o nosso, com tantas crises, lutas, desafios, tristezas, decepções e amarguras, deveríamos recorrer mais a orientação do Senhor: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus" (Isaías 40.1). O apóstolo Paulo escrevendo em uma de suas cartas incentivou: "Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como na verdade o estais fazendo" (1 Tessalonicenses 5.11). Mas, que lástima quando cristãos se reúnem para fofocar e falar mal dos outros, e muitas vezes até mesmo para criticar o pastor e a liderança da igreja local. Quem não sabe viver no seu dia a dia a doçura da graça de Deus, não terá mesmo condições de ser um discipulador com palavras suaves "como favos de mel". Mas, sempre há esperança. Deus sempre nos convida, quando estamos errados, para mudar de direção. Podemos ter um coração novo, limpo e misericordioso pela obra da Cruz. A cura tem que ser efetuada no íntimo de nosso ser, "pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mateus 12.34). Na versão da BLH diz: "Pois a boca fala do que o coração está cheio". Portanto, com a graça de Deus, o nosso coração esteja transbordando da vida do Espírito e do amor de Jesus Cristo. Se assim for, o discipulado que promovermos será impactante e poderoso, um autêntico bálsamo e orvalho de refrigério para o coração cansado e sedento, na mesma unção e graça de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4.18,19).

Pr. Adriano Xavier Machado

Recordar e Viver

Lá estão as imagens. Guardadas em um canto qualquer da memória. São de um tempo e tempos que já não existem mais. Estradas, casas, pessoas, conversas, praças, lojas, carros e tantas outras coisas e situações. Momentos que marcaram a vida. Situações que forjaram o nosso caráter. Lugares e contextos que nos fizeram sorrir, amar e sonhar. Ainda me recordo quando assistia desenhos animados como Speed Racer e o seriado Os Batutinhas. Ah, adorava a Escola Bíblica de Férias. Foi em um trabalho como esse que aprendi a história de uma missionária que quando criança queria tanto ter olhos azuis. Fiquei admirado, fascinado e encantado ao aprender que Deus me fez como sou com um grande propósito. O encantamento foi tanto que ao retornar para minha casa confessei: se um dia tiver de servir a Deus, serei missionário. Chegou a época da adolescência e continuei a viver, continuei a me surpreender com as descobertas e possibilidades da vida.  Hum, falar da minha adolescência não é muito fácil, não por causa das "aborrecências" e peraltices, mas na verdade porque foi muito intensa, rica e colorida. Falar de tudo o que conheci, aprendi e vi, dá "pano pra manga". No entanto, as imagens, as figuras e os sons ainda florescem em minha mente como se fosse ontem... "Não esqueça da minha Caloi", "Roda, roda, roda baleiro, atenção, quando o baleiro parar põe a mão. Pegue a bala mais gostosa do planeta...","Rádio Relógio Federal, ZYJ465, onda média, 586 metros, frequência de 580khz ... Você sabia?" etc.

Recordações. Penso que todos nós precisamos delas. Elas nos ajudam a lembrar que temos uma história, uma referência, um norte, um começo ou recomeço diante dos tropeços, falhas ou desilusões. Sim, há lembranças tristes, coisas que nos fizeram chorar ou que nos roubaram o sono. Contudo, podemos decidir pelo melhor. Podemos reviver os melhores momentos, os melhores lugares, as melhores músicas, os melhores contos e as melhores amizades. Não precisamos ficar revivendo decepções, ressuscitando desavenças ou renovando sentimentos amargos e melancólicos. Não devemos recordar para sofrer, mas sim para viver com esperança e fé. A vida é muito maior do que os momentos de lágrimas, do que as épocas escuras e sombrias. A vida é rica e transbordante da graça divina. "Ele cobre o céu de nuvens, que prepara a chuva para a terra, e que faz produzir erva sobre os montes" (Salmos 147.8). "Lançou os fundamentos da terra, para que não vacile em tempo algum" (Salmos 104.5). "Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obras das tuas mãos" (Salmos 102.25). "Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas" (Salmos 104.24). Mas, será que estamos conseguindo ver o que Deus tem feito a nosso favor? Temos conseguido enxergar as maravilhas do Senhor? Ou estamos acorrentados ao passado de injustiças, mentiras, indiferenças, perseguições e pecados? De fato recordar é viver. Mas também pode ser uma experiência espinhosa, sufocante e até mesmo doentia. Tudo depende do que pensamos. Tudo depende do que meditamos. O nosso lema deveria ser como a do profeta Jeremias: "Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança” (Lamentações 3:21_BLH).

Amados, todos nós temos momentos difíceis na vida. Nem tudo é como queremos, pensamos ou sonhamos. Mas, o Senhor é suficiente. Ele sempre tem revelado a Sua graça e misericórdia. Ele tem nos ajudado em momentos de dificuldades. Ele tem nos conduzido em momentos de dúvidas, medos ou receios. Basta pararmos um pouco e recordarmos o que Ele tem feito por nós no decorrer de nossa história. Ele tem sido verdadeiramente fiel. Em nenhum momento Ele tem falhado. Portanto, em momentos de ruínas, destroços, lágrimas, decepções e tristezas, deveríamos lembrar o que Jesus disse ao apóstolo Paulo: "A minha graça te basta" (2 Coríntios 12:9). Sim, em momentos de tribulação, deveríamos pensar e meditar naquilo que pode nos encorajar, animar e acreditar na vitória do Senhor em nossas vidas. Entendo, que há mais razões para pensarmos naquilo que possa nos trazer esperança do que o próprio profeta Jeremias. Afinal, em sua época Jesus ainda não tinha vindo ao mundo. Porém, o Verbo já se fez carne e habitou entre nós, cumprindo o plano divino da redenção pela Cruz. Há algo que tem nos faltado? Podemos não ter tudo o que queremos, pensamos ou sonhamos, mas Jesus é tudo em nossas vidas. Será que conseguimos enxergar isso quando tudo parece desmoronar? Quanto a mim, já aprendi como diz certo cântico: "Tantas lutas, tantas dores/Num deserto pareço estar/Mas te entrego os meus temores/Sei que em Ti, Senhor, posso confiar/Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança". Assim, termino com uma passagem bíblica: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmos 30.5).

Pr. Adriano Xavier Machado



Mudanças

Já tivemos a oportunidade de mudar de casa algumas vezes. O que nem sempre é fácil. A correria é grande. Temos que desmontar móveis, conseguir o caminhão de transporte, organizar os objetos pessoais em caixas, enfim, tomar todas as medidas necessárias para o momento, o que produz cansaço e, não raro, contratempos. No entanto, por mais difícil que seja uma mudança, com certeza, há também aspectos positivos. Uma mudança possibilita uma reorganização daquilo que estava sendo acumulado no armário, na estante ou em um quartinho. Uma mudança nos ajuda a identificar aquelas coisas que não precisamos mais e estavam sendo guardadas em um canto qualquer apenas ocupando espaço. Uma mudança nos permite encontrar coisas que nem lembrávamos mais. Uma mudança, em certo sentido, pode ser um recomeço. Uma oportunidade de uma nova vizinhança, novos amigos, novos passos e novos caminhos.

Todavia, há um tipo de mudança que faz a diferença na vida como um todo. É a mudança que quebra a rotina e que nos liberta de murmurações, críticas e conversações repetitivas. Infelizmente há pessoas que estão sempre com os mesmos discursos, as mesmas ladainhas, os mesmos monólogos improdutivos, as mesmas misérias e fracassos. Quase nunca compartilham boas notícias. Quase nunca anunciam coisas novas. Sendo assim, deveríamos ter coragem e iniciativa para fazer certas mudanças na nossa vida. Mudanças simples, mas que poderão fazer uma tremenda diferença. Pensando no nível pessoal talvez fosse interessante:
  1. De vez em quando ler livros ou revistas de outras linhas editoriais, de outros autores e segmentos.
  2. Passear ou visitar lugares diferentes.
  3. Conhecer novas pessoas.
  4. Viajar com o objetivo de conhecer outros povos e culturas.
  5. Praticar alguma atividade física, quer caminhando, pedalando ou nadando.
  6. Fazer um curso.
  7. Parar e olhar a natureza pode ser um excelente momento de reflexão.
Enfim, pequenas mudanças podem promover grandes resultados na nossa jornada. O importante é se libertar de uma rotina viciante. O importante é buscar algo novo. O importante é tentar mudar. Mudar para crescer. Mudar para aprender. Mudar para renovar. Contudo, seja qual for a mudança, nada deve comprometer os nossos valores e princípios. Temos que buscar uma mudança, mas não ignorando nem jogando fora o que de fato é importante e essencial. Porém, é mudando que experimentamos coisas novas. É mudando que vemos novas possibilidades e oportunidades. É mudando que quebramos paradigmas. Que Deus nos ajude a fazer as mudanças necessárias para o louvor de Sua glória.

Pr. Adriano Xavier Machado





Vida com Deus "Full Time"

Há algumas palavras da língua inglesa que estão se tornando cada vez mais frequentes no nosso dia a dia. Ouvindo de um amigo a expressão full time, logo imaginei que assim tem que ser a nossa vida com Deus. O tempo todo preciso estar sintonizado com Ele. O tempo todo preciso andar em Sua presença. Culturalmente temos aprendido a dividir a nossa vida em várias esferas: vida profissional, sentimental, estudantil, espiritual etc. Decerto, precisamos viver de modo organizado, dando atenção a todos os aspectos de nossa experiência humana. No entanto, quando pensamos em Deus, todo momento devemos ser d'Ele, todo tempo devemos viver para o louvor de Sua glória. A verdadeira vida com Deus é full time.

Sabemos que a vida contemporânea é intensa, há muita correria e, consequentemente, muitos atropelos. Às vezes, temos a impressão que o dia de vinte e quatro horas não dá conta. Mas, na verdade, não precisamos de mais horas em nossos dias, e sim, de mais qualidade, de mais excelência na presença de Deus. Quando Deus é de fato Deus em todo tempo, tudo fica harmoniosamente no seu devido lugar. Não foi Jesus quem disse: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas"? Este é o segredo: Deus o tempo todo. O tempo todo Deus presente. Jesus assegurou: "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Full time with God, isto é, tempo total, completo, integral, pleno e abundante com Deus, pelo poder e graça do nome de Jesus.

Pr. Adriano Xavier Machado

Você conhece as "regras do jogo"?

Quando pensamos em um jogo de xadrez  sabemos que cada peça tem o seu lugar, o seu valor e o movimento certo. As torres, os cavalos, os bispos, a rainha, o rei e os peões cumprem o seu papel dentro do jogo. Por exemplo, os movimentos das torres são verticais ou horizontais e os dos cavalos em forma de L, assim, cada peça tem o seu dinamismo próprio, a sua característica e a sua função. Quando pensamos na Igreja do Senhor, não é muito diferente. Sim, cada membro do Corpo de Cristo é muito importante, ninguém deve se julgar melhor do que ninguém, mas cada um tem o seu lugar e a sua função. No entanto, será que estamos reconhecendo qual é o nosso lugar no Corpo? Em muitos ministérios eclesiásticos o ambiente não é nada agradável. Há muita confusão, conflitos, mentiras, inimizades, ciúmes, invejas etc. Mas por quê? Se somos a Igreja do Senhor não deveríamos reproduzir o fruto do Espírito em vez da obra da carne? Certamente! Mas por que, então, isso muitas vezes não acontece? Muitas podem ser as razões, mas neste espaço apontamos para o fato de que muitos dos problemas da vida eclesiástica acontecem por falta de entendimento das "regras do jogo".

Dizem que "quem fala o que quer ouve o que não quer". Afirmam também que "quem faz o que quer recebe o que não quer". Quem fala ou faz o que quer demonstra ter dificuldade em lidar com as regras instituídas. Mas, aí está, não existe verdadeira liberdade sem responsabilidade, sem compromisso ou respeito para com o próximo. Como dizem: "minha liberdade vai até onde começa a liberdade do outro". Portanto, precisamos sempre nos submeter a algum parâmetro, princípio ou a um pacto social. Na qualidade de filhos de Deus somos livres. Todavia, Paulo nos lembra: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (1 Coríntios 6.12). O apóstolo ainda insistiu: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros" (Gálatas 5.13). E ele ainda regulamentou: "Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos" (1 Coríntios 8.9). Logo, precisamos mesmo de algumas regras, de alguns limites e conceitos que possam nortear os nossos passos, as nossas escolhas, as nossas palavras e ações diante da comunidade dos santos. Afinal, ser bênção no mundo e na vida dos irmãos é o nosso propósito.

Em todo trabalho de equipe há regras que precisam ser conhecidas e respeitadas. É verdade que as regras limitam o espaço e a ação de cada um, mas é com as regras que se evitam as faltas, as invasões de privacidade e as injustiças. Sabemos que Deus tem operado em nossas vidas como Igreja de Cristo de forma maravilhosa. Somos novas criaturas em Jesus. Contudo, se não soubermos viver e conviver segundo as '"regras do jogo" deixaremos de cumprir  o propósito que o Senhor tem estabelecido para nós. Fique claro que não estamos falando das regras do jogo político nem administrativo, e sim do que cabe a cada membro fazer e viver dentro do contexto da família cristã. Cada membro do Corpo precisa saber e se pôr no seu devido lugar, agindo, assim, dentro de um espaço segundo as "regras" do evangelho. E quais "regras" são essas? Sem dúvida, um texto bíblico que nos ajuda a responder tal questionamento é 1 Coríntios 13.4-8: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba".

O amor é sofredor porque o amor chora com os que choram. O amor não é invejoso porquanto se alegra com os que se alegram. Com o amor não existe essa história de competição ou disputas. No amor todos são importantes. No amor há espaço para todos. O amor não se vangloria nem se ensoberbece pois é sempre simples e humilde. O amor não se esconde em uma caverna, afinal ele tem que dar a sua luz a todos, mas também não busca o palco ou os holofotes, e sim o serviço segundo as pegadas do Mestre. Quem busca ser o primeiro deve ser servo de todos. O amor não se porta inconvenientemente porque é decente, nunca promovendo confusão, desordem ou insubordinação. O amor não busca os seus próprios interesses porque está sempre disposto a doar, a compartilhar e a se entregar para a Glória do Senhor. O "amor" egoísta pode ser tudo, menos amor. O amor não se irrita porque é misericordioso e paciente. Por isso, o amor tudo espera e tudo suporta. Não foi assim o exemplo de Jesus na Cruz? Ele suportou os cravos, o ódio, a maldade e todo o pecado, tão somente porque nos amou. O amor não suspeita mal, porquanto tudo crê. Claro, o amor não é bobo nem infantil, mas está sempre acreditando, está sempre confiando e nunca desistindo. Não se regozija com a injustiça porque é santo, reto e justo. Precisamos mais? Ah, se essas regras fossem valorizadas e praticadas por nós como Igreja do Senhor! Sim, somos salvos, mas precisamos conhecer e colocar em prática as "regras do jogo". Que Deus nos abençoe e nos guarde no Seu amor, para que consigamos cumprir as maravilhosas e doces "regras" do evangelho de Jesus, Senhor e Salvador.

Pr. Adriano Xavier Machado


O Ato de Crer e o Ato de Pensar

"Crer é também pensar", resumiu John Stott. Contudo, muitos ainda não compreenderam que os dois devem se unir com o mesmo objetivo da glória do Senhor. Muitos procuram viver a fé cristã, negligenciando a orientação bíblica, as doutrinas do evangelho e os fundamentos teológicos. O importante é sentir algo ou ver o sobrenatural. Por conseguinte, temos testemunhado verdadeiras tolices e bizarrices religiosas, resultado das atitudes infantis e imaturas de crentes sem qualquer sabedoria ou discernimento espiritual. Por outro lado, há aqueles que estudam e pesquisam temas bíblicos, dominam a linguagem teológica, filosófica ou sociológica, mas negam o poder, negam a dimensão espiritual. "Crer é também pensar", insistiu o escritor britânico. Não é apenas crer. Não é apenas pensar. Os que creem e não pensam, vivem dando cabeçada, vivem se precipitando, vivem tomando decisões erradas. Mas, os que pensam e não creem, vivem secos, amargurados e vazios. Nada satisfaz. Nada preenche. E por isso ficam desesperadamente inventando programas, métodos e estratégias que não levam a nada, que não fazem diferença alguma em se tratando do Reino de Deus. Nas últimas décadas temos presenciado cada invenção de "moda" eclesiástica que só leva o cristianismo ao ridículo e até mesmo ao descrédito. É claro que a Igreja permanece, mas por pura graça e misericórdia do Senhor. Se dependesse de nós, a Igreja estaria falida há muito tempo com tanto ativismo carnal. Apesar de tudo, Deus tem manifestado continuamente o Seu amor para a salvação de pecadores. Assim, as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja do Senhor. Todavia, isso não significa que temos o direito de abusar da graça. "Crer é também pensar", escreveu o pensador anglicano. No entanto, para pensarmos adequada e corretamente, precisamos primeiro crer. A fé é um dom de Deus, não dos livros, dos tratados ou das enciclopédias. Sim, precisamos ouvir a Palavra, porquanto a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus, mas a fé não é fruto do nosso raciocínio ou da nossa inteligência, e sim da graça divina. Se invertermos as coisas, acabaremos acreditando naquilo que não se deve. Pois a Palavra de Deus já não será mais suficiente para a nossa prática cristã. Não é por menos que alguns estudiosos "cristãos", que se afastaram da Palavra e não dependem mais do Espírito Santo, negam ou já negaram o nascimento virginal de Cristo, a ressurreição ou a vinda gloriosa de Jesus para arrebatar a Sua Igreja como eventos literais. Parece que para alguns "pensantes" tudo o que é sobrenatural e além das faculdades mentais, trata-se apenas de alegoria. Aí está, pensamento sem fé, pensamento sem humildade para se submeter a Deus, pensamento que nega o poder e a verdade da Palavra de Deus, não passa de aparência intelectual e falsa piedade, pois o "temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução"(Provérbios 1:7). Se queremos de fato viver e praticar o autêntico evangelho de Cristo, precisamos crer. Mas, se queremos uma fé sem desvios, heresias ou hipocrisias, precisamos pensar, avaliar e discernir segundo a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16), precisamos aceitar a renovação do nosso entendimento para que venhamos a experimentar "qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Sim, crer é também pensar, mas pensar segundo Cristo, e não segundo a mente carnal do homem natural. Nada deve justificar a preguiça intelectual. Deus nos deu a mente para dela fazermos uso. Por mais bonito que possa parecer, a fé não é um salto no escuro, mas, antes, um mergulho na Luz do Senhor. Que Deus nos ajude a crer e a pensar segundo Jesus Cristo, a Luz do mundo.


Pr. Adriano Xavier Machado

Mentalidade de Vencedor

No último Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai (2011), Cesar Cielo faturou duas medalhas de ouro, uma nos 50 m borboleta e outra nos 50 m livre. Para quem passou recentemente pelo desgaste psicológico de um julgamento por doping, foi uma grande superação. Após a segunda vitória, ele desabafou: "A gente tem uma mentalidade no Brasil de aceitar as coisas um pouquinho, de abaixar a cabeça". O que por sinal, não fez o nadador brasileiro. Antes em meio às crises por qual passou, levantou a cabeça com dignidade, empenho e coragem, dando o máximo de si para alcançar o título mundial. Assim, teve o privilégio de subir por duas vezes o lugar mais alto do pódio.

Amados, todos nós temos momentos difíceis na vida. A propósito, a vida em si já é um grande desafio. Temos os estudos, o trabalho, a família, o ministério, os relacionamentos interpessoais etc. Mas não precisamos ter uma mentalidade de aceitação do fracasso nem precisamos nos curvar ou abaixar a cabeça perante os dilemas e dificuldades que se nos apresentam. Eu e você temos o Senhor que é soberano, sábio e gracioso. Portanto, "quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou"(Romanos 8:35-37). Apesar das lutas do dia a dia, tenhamos uma mentalidade de vencedor em Cristo Jesus. O nosso lugar está garantido na glória dos céus. Ainda estamos para receber o nosso galardão, quando estivermos face a face com o nosso Senhor e Salvador.

Pr. Adriano Xavier Machado

Tendo o Pai é possível ser pai

Sou pai de três filhos. Hoje, um rapaz com 18 anos e duas adolescentes, uma com 16 e outra com 15. E tenho percebido que ser pai não é nada fácil. Não é fácil para mim nem para qualquer outro papai. Na nossa humanidade temos limitações e erros. No entanto, com a ajuda do Pai celestial, aprendemos a ser pai. Com Ele consideramos diversas virtudes e valores que fazem uma tremenda diferença no ambiente familiar. 

Primeiro, com o Pai aprendemos amar sem distinção, sem qualquer preferência de filhos. O amor divino nos leva amar a todos, ajudando-nos a reconhecer que cada um deles tem o seu valor. É claro que cada filho é tratado de um jeito. Pois cada filho tem as suas características e necessidades. Mas, o amor é o mesmo, sem acepção.

Segundo, com o Pai aprendemos o milagre da doação. Digo milagre, porque o ser humano é por natureza egoísta, voltado apenas para si mesmo. Mas com a ajuda do Eterno aprendemos a nos doar, aprendemos a dar o melhor de nós para os nossos filhos. Pai que é pai não apenas coloca filhos no mundo, antes se dedica para fazer o melhor por cada um deles.

Terceiro, com o Pai aprendemos a ensinar. Ser pai não é fazer tudo o que os filhos querem. Ser pai é prepará-los para a vida, é prepará-los para lidar com as decepções, tristezas e fracassos. Criamos filhos, não para nós mesmos, mas para saberem lidar com a vida, com os problemas e desafios que se nos apresentam.

Quarto, com o Pai aprendemos a disciplinar. Dizem que a geração de hoje é uma geração difícil. Mas, por que será? Não será por culpa de muitos pais. Há pais que espancam e há pais que não disciplinam os filhos. E aí está o perigo. Pois todo exagero é perigoso. Todo extremo é prejudicial. Deus disciplina a quem ama. Portanto, pai que ainda não sabe disciplinar é pai que não aprendeu amar.

Quinto, com o Pai aprendemos a confiar. Digo confiar, e, não, controlar. Pais controladores não ajudam no desenvolvimento dos filhos. Aqui há um ponto interessante para mim. Meu filho hoje, por motivos de estudo, está morando em outra cidade, em outro Estado. Confesso que gostaria de tê-lo perto de mim. Mas, não posso e não devo querer controlar todos os seus passos, todos os seus caminhos. O que tinha de ensinar, ensinei. Agora ele precisa viver. E eu creio que Deus está conduzindo a vida dele.

Sexto, com o Pai aprendemos a ter paciência. Sem muito comentário, uma virtude essencial para a vida toda.

Sétimo, com o Pai aprendemos a ter um coração sempre aberto, um coração sempre pronto para acolher quando for preciso. A parábola do filho pródigo é um exemplo disso. O filho abandonou, desprezou e ignorou, mas o pai sempre o amou. E por isso, no momento mais difícil na vida do filho, o pai o abraçou.

 Pr. Adriano Xavier Machado

Teologia da Prosperidade ou a Prosperidade do Evangelho?

Escrevo este artigo na graça e no amor de Jesus. Meu objetivo não é atacar igrejas ou pessoas. Mas, apenas trazer um alerta para a Igreja do Senhor, a qual é chamada para ser santa e sem mácula alguma. Assim sendo, fundamentando-me na Palavra de Deus, faço um desafio: tenhamos cuidado com a teologia da prosperidade, "porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui" (Lucas 12:15). Reconheço que este assunto tem recebido atenção de muitos articulistas, contudo, nunca é demais prestar um reforço, tendo em vista que há um forte bombardeio midiático contrário ao simples evangelho de Jesus. Certamente, Deus abençoa o Seu povo, suprindo todas as necessidades. Por isso o salmista testemunhou: "Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Salmos 37:25). No entanto, não podemos pensar que Deus deseja satisfazer os nossos caprichos e interesses mesquinhos. Jesus morreu no Calvário para nos salvar e nos purificar de todo pecado, e, não, para aumentar a nossa conta bancária ou para nos fazer andar de Ferrari. Jesus alerta: "Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?" (Mateus 16:26). Na parábola do rico e Lázaro temos um exemplo perfeito. O rico ganhou o mundo, mas perdeu a alma. Lázaro perdeu os prazeres materiais, mas ganhou as delícias do Céu. O próprio Senhor Jesus nos deixou o exemplo, "que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos" (II Coríntios 8:9). Enriquecidos como? Em que sentido somos ricos em Cristo? "Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" (Tiago 2:5). A pobreza material de Jesus como homem foi tão real que Ele confessou: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Lucas 9:58). Todavia, a riqueza espiritual de Jesus foi reconhecida pelo Pai: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Ele não nasceu em berço de ouro nem morou em palácios, mas o Seu exemplo moral, ético, social e espiritual é uma referência para todos os homens e mulheres de todas as épocas e culturas. Em hipótese alguma pretendo dizer que é pecado ser rico. O problema é o amor ao dinheiro, "raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Timóteo 6:10). O problema é a pregação que ensina que todos precisam ser ricos no sentido material. É verdade que com a bênção de Deus, Abraão enriqueceu. Mas, é igualmente verdade que com a bênção de Deus, Moisés empobreceu. "Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa" (Hebreus 11:24-26). Portanto, Deus abençoa a cada um como Ele quer, segundo a sua vontade e graça. Logo, "tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes" (I Timóteo 6:8), vivendo o evangelho da Cruz, o glorioso e poderoso evangelho de Jesus. Teologia da prosperidade? Não! Prefiro a prosperidade do evangelho entre todos os povos e nações, alcançando e transformando a vida de pecadores para a vida eterna com Deus. O evangelho que ensina que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo" (Efésios 1:3).

Pr. Adriano Xavier Machado

Uma hipérbole que não há Graça

Uma figura de linguagem interessante é a hipérbole. Basicamente consiste no exagero de uma expressão. Acontece, por exemplo, quando uma pessoa diz, ao necessitar de alimento, que está morrendo de fome. Quando a pessoa está cansada de repetir um conselho ou uma explicação, diz que já falou a mesma coisa mil vezes. Seja qual for o caso, quando se faz uso desse recurso, o que está sendo dito não pode ser levado ao "pé da letra", ou seja, de modo literal. O uso dessa figura de linguagem é para dramatizar, e não para expor algo concreto, realista. Por isso, o seu uso requer cuidados. Em alguns contextos o seu uso é inapropriado. Imagine, por exemplo, um adolescente dizendo que está morrendo de fome em uma festa de aniversário. Talvez alguém lhe diga que vá então a um restaurante "matar" a sua fome, porque festa de aniversário não é lugar para isso. Assim é na nossa vida espiritual. Um contexto que não cabe exageros.

A vida cristã consiste de equilíbrio e harmonia. O Espírito Santo ilumina o nosso entendimento para percebermos as coisas e as circunstâncias da vida conforme elas são, sem qualquer excesso. Reconhecemos os problemas e as dificuldades do dia a dia, no entanto sabemos em quem temos crido. Sabemos que Deus nos sustenta e nos ajuda, que nos dá força e sabedoria, que ilumina e nos conduz em graça e em verdade. Já a vida sem a liderança de Cristo é quase toda ela de exageros: uma nuvem se transforma em tempestade e uma brisa em vendaval. A vida sem a mentalidade de Cristo é disforme e quixotesca, tudo parece se transformar em monstros e dragões. Sim, não negamos os desafios ou as crises que se apresentam pelo caminho, mas, sabemos que não adianta reclamar, murmurar nem o agir precipitado, pois tudo está no controle de Deus. Pela fé reconhecemos que não há problema algum que seja maior do que o Deus vivo e eterno. Logo, qualquer atitude de incredulidade ou ansiedade é uma hipérbole que não há graça. Pois "a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Filipenses 4:7).

Pr. Adriano Xavier Machado

A Igreja, os Costumes e os Desafios Culturais

Em geral temos visto muita dificuldade dos cristãos lidarem com os elementos culturais, transformando-os muitas vezes em práticas da doutrina cristã. Decerto, percebendo ou não, toda instituição humana reproduz uma cultura. Não há como imaginarmos um grupo de pessoas sem os seus valores, hábitos, costumes e conceitos, frutos de expressões culturais. Por exemplo, por que nos assentamos em uma cadeira e não em um tapete no chão no estilo oriental? Sabemos que o quadro da última ceia de Leonardo da Vinci não representa a realidade da época de Jesus, tendo em vista que o pintor põe o Mestre assentado, juntamente com os seus discípulos, à mesa segundo o modelo ocidental. Assim, ele fez, porquanto interpretou a cena bíblica segundo as referências culturais de sua vivência e experiência. Da mesma forma como muitos de nós, no início da vida cristã, pensávamos no "fundo de uma agulha", ao qual Jesus fez referência quando falou sobre a dificuldade de algum rico entrar no reino dos céus, como sendo algum instrumento de costura. Apenas conhecendo o contexto histórico e cultural da época é que entenderemos o verdadeiro pensamento do Mestre ao fazer tal consideração. Com isso, queremos dizer que muito de nossa interpretação e visão do mundo dependem das influências culturais que recebemos. Em uma certa região da Índia os pais se reúnem para uma "cerimônia" nada comum entre os povos. De uma torre de 15 metros de altura lançam os seus bebês para serem amparados por uma rede ou cama elástica improvisada. O objetivo não é machucar as crianças. Parece que os pais acreditam que dará vida longa e saúde aos seus filhos. E o que dizer quando os chineses comem carne de cachorro? Não podemos nos esquecer que os hindus é que ficam aterrorizados conosco quando comemos carne de vaca.

Quando nos reportamos às Escrituras, percebemos que a Igreja Primitiva também teve que lidar com os aspectos culturais. Interessante que o apóstolo Paulo escrevendo uma de suas cartas, deixa uma orientação para as mulheres não cortarem o cabelo e fazerem o uso do véu no templo. Acreditamos que tais conselhos são representações dos valores da época e do contexto cultural. Por conseguinte, o que pode ser errado hoje em termos culturais, pode ser certo amanhã ou mesmo o contrário. A doutrina, isto é, a Palavra de Deus não muda, mas os elementos culturais estão sempre sofrendo modificações. O mundo de hoje não é o mesmo de ontem. Assim, como a igreja cristã contemporânea não é a mesma igreja cristã do passado. Temos o mesmo Senhor e Salvador, o mesmo evangelho da Cruz e o mesmo Espírito Santo que nos consola, mas os costumes e os valores eclesiásticos são diferentes. No passado, uma jovem foi excluída de sua igreja local, uma igreja de nossa denominação, por ter sido encontrada pedalando uma bicicleta. Será que alguma igreja batista teria coragem de fazer isso nos dias de hoje? Em uma antiga revista de nossa denominação foi publicado um artigo de um pastor conhecido, no entanto, hoje já na glória, criticando o cinema e dizendo que como crentes em Jesus não deveríamos frequentar tal tipo de ambiente. Será que algum pregador de nossa denominação teria coragem de dizer hoje que cinema é pecado? Bem, com os exemplos já citados, fica claro que os costumes mudam, pois a cultura muda, inclusive, os costumes e a dinâmica eclesiástica. Ou será que alguém ainda imagina que a igreja de hoje é a mesma de todos os tempos no sentido cultural?

 Obviamente que nem toda expressão cultural é legítima. Entre os esquimós era comum receber um visitante compartilhando a esposa. Reconhecemos que isso nunca será agradável a Deus em nenhuma época nem mesmo em qualquer contexto cultural, tendo em vista que o sexo é para a intimidade do casal. Mas, precisamos deixar claro que, nem tudo o que é diferente significa que seja pecado. Será, por exemplo, errado um pastor usar um "laptop" no púlpito? Preferimos a Bíblia impressa. Não somos muito achegados a tanta modernidade, mas dizer que é pecado, aí já seria uma atitude um tanto legalista. Nem Jesus em suas campanhas evangelísticas ou missionárias carregava Bíblia. Ou será que carregava? A Palavra de Deus estava em Seu coração, em Sua vida e prática ministerial, não em Suas mãos ou debaixo de Seus braços. Mas, vem uma pergunta que não quer calar: como podemos nos ajustar à verdade de Cristo, considerando que algumas coisas dependem mais do momento e do contexto social e cultural? A Palavra de Deus nos oferece algumas dicas. Apresentamos aqui algumas delas sem destacar a ordem de importância. Todas são imprescindíveis:

1. É motivo de louvor? A Bíblia diz que "antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão" (Romanos 14:13).  Somos livres em Jesus, mas "vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos" (I Coríntios 8:9). Logo, "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (I Coríntios 10:32).

2. Glorifica o nome do Senhor? "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (I Coríntios 10:31). "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens" (Colossenses 3:23).

3. Traz algum acréscimo para o Reino? "Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos" (I Coríntios 14:33). "E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir" (Marcos 3:24).

4. Revela o amor de Cristo? "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha" (I Coríntios 13:4-8).

5. Valoriza o templo do Espírito? "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (I Coríntios 6:19).

6. Promove Edificação? "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (I Coríntios 10:23).

7. Fortalece a comunhão? "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus" (Efésios 5:21). "Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros" (Gálatas 5:26). "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12:10).

8. É justo? "E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre" (Isaías 32:17).

9. Está em harmonia com os ensinos das Escrituras? "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (II Timóteo 3:16). "A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices" (Salmos 19:7).

10. Favorece a grande comissão? "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." (Mateus 28:19,20).


Esperamos com este artigo ter contribuído para o fortalecimento do Reino. E se porventura estiver persistindo ainda alguma dúvida diante de qualquer circunstância social ou cultural, lembremo-nos de que "aquele que tem dúvidas" deve evitar o que for, pois "tudo o que não é de fé é pecado" (Romanos 14:23).

Pr. Adriano Xavier Machado

O Culto à Personalidade

Todos gostam, em certo sentido, percebendo isso ou não, de reconhecer algum herói. Isso se repete não apenas com a criança, mas também com o adulto. Obviamente que o tipo de herói da criança é muito diferente quando comparado com o do adulto. O dela tem capa, máscara e poderes sobrenaturais. O dele é de carne, osso e sangue. O dela se encontra nas revistas em quadrinhos, nos desenhos animados e filmes cinematográficos. O dele é bem visível, palpável e demonstra alguma superação, conquista ou habilidade incomum entre os mortais. Sem medo de errar, podemos dizer que isso é um fenômeno sociológico. Em qualquer cultura, povo ou nação há heróis retratados, reconhecidos e admirados. Os heróis da mitologia grega, por exemplo, oferecem-nos uma indicação disso.

Todavia, no cristianismo também encontramos muitos heróis. Quem nunca ouviu falar dos heróis da fé? Em Hebreus 11 encontramos uma lista desses heróis que se tornaram exemplos para nós. Atente, porém, que heróis estão sempre surgindo, estão sempre aparecendo. Temos os famosos heróis missionários tais como Guilherme Carey, David Livingstone e Hudson Taylor. Em resumo, estamos sempre reconhecendo heróis que nos servem de referência, que de algum modo nos motivam e nos inspiram. Sinceramente não vejo problema algum termos como espelho pessoas que se destacam e apresentam algum brilho. Afinal, quem nunca ficou encantado com a história e o exemplo de um homem ou uma mulher que, demonstrou superação, coragem e uma lição de vida? Paulo mesmo chegou a fazer o seguinte convite: "Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós" (Filipenses 3:17). Todavia, tenho visto um grande problema ainda persistindo nos dias de hoje, o que expressa uma atitude doentia e perversa, isto é, o culto à personalidade.

O culto à personalidade é uma forma de propaganda para a exaltação de um dirigente, líder, autoridade ou celebridade. É efetivado através de uma estratégia de marketing que objetiva a manipulação psicológica de um grupo de pessoas ou mesmo de um povo. Estratégia essa que foi usada por Josef Stalin na antiga União Soviética, Hitler na Alemanha e Mao Tsé-Tung na China. Enquanto o herói é reconhecido por seus atos de bravura, inteligência e serviço, no culto à personalidade o ídolo é produzido com cartazes, filmes, panfletagens, fotografias, discursos e artigos sensacionalistas. O culto à personalidade tem o intuito de "vender" uma imagem. Sua ação é abusiva e exploratória. Enquanto no herói percebemos facilmente a sua humanidade, no ídolo construído pela propaganda temos uma imensa dificuldade, pois parece deus, um mito que nunca pode errar. O ídolo pode falar a maior bobagem, ser um verdadeiro corrupto e até cometer atrocidades, mas ele continua tendo a admiração do povo que está sendo seduzido pelo culto à personalidade. É triste dizer, mas isso não acontece apenas no espaço político, mas também no religioso. Portanto, a Igreja contemporânea deve ficar atenta, não permitindo ser influenciada nem enganada por esse tipo de recurso que não glorifica o nome do Senhor.

Certamente devemos reconhecer os nossos heróis, homens e mulheres que se doam, que se consagram pelo bem do próximo e que acima de tudo procuram viver e demonstrar o amor de Jesus Cristo. Mas devemos também ter cuidado para não sermos presas dos marqueteiros da fé, os que promovem um tipo de culto para benefício próprio. Jesus disse que "pelos seus frutos os conhecereis". Dentre as muitas abordagens possíveis, podemos destacar que os marqueteiros religiosos querem aparecer, mas os verdadeiros heróis do Reino compreendem que é "necessário que ele cresça", que o nosso Senhor esteja em evidência (João 3:30). Os marqueteiros vivem para si mesmos, buscando o enriquecimento, fama e poder, mas os heróis da fé vivem para o Senhor: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gálatas 2:20). Os marqueteiros desejam conforto e facilidade, amam o palco e as luzes dos grandes eventos, mas os homens e mulheres de Deus que merecem o nosso respeito assumem como modelo o exemplo do Mestre: "Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:45). Os marqueteiros apontam para as suas obras e realizações, porém os heróis do evangelho apontam para Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (João 14:6).

Pr. Adriano Xavier Machado

Eufemismo Espiritual

Para atenuar uma certa verdade, situação ou circunstância, usa-se uma figura de linguagem conhecida como eufemismo. Por exemplo, em vez de dizer que uma certa pessoa morreu, diz que ela partiu ou que descansou ou que foi recebida na glória. Certamente esse recurso é muito válido para não sermos tão diretos ou ainda grosseiros, insensíveis ou impertinentes. No entanto, há um certo eufemismo que deverá ser rejeitado, isto é, quando se diz respeito aos nossos pecados. Por incrível que pareça o ser humano em geral tende a amenizar suas próprias transgressões. Parece que somente as outras pessoas cometem algo sério e gravíssimo. Quando alguns mentem, foi apenas uma mentirinha. Porém, se outros mentem são mentirosos. Assim, suavizamos os nossos erros e acentuamos os erros dos outros. Por isso vemos tantas pessoas comprando e não pagando, tomando coisas emprestadas e não devolvendo, prometendo e não cumprindo, adquirindo produtos piratas e achando que somente os políticos são corruptos, pois julgam que não fizeram ou não fazem nada de mais. Amados, pecado é pecado, é transgressão contra o Senhor Deus. Portanto, não há como sermos gentis, cavalheiros ou educados com o pecado. Não adianta querermos embrulhar o pecado com palavras suaves e agradáveis. "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13). Logo o pecado tem que ser confrontado e reconhecido. O pecado tem que ser exposto e confessado. O pecado tem que ser rejeitado e abandonado. Estou sendo muito radical? Cuidado com o eufemismo espiritual! De fato não conheço algo que seja mais radical do que o cristianismo. "Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará" (Marcos 8:35). Por conseguinte, se você que está lendo este artigo tem o costume de achar que nunca faz nada de mais e sempre tem um modo de querer explicar os pecados cometidos com palavras suaves, tentando se justificar, deixo o desafio de clamar pela ajuda do Eterno para que o Espírito Santo venha sondar o coração e revelar tudo o que não é do Seu agrado. E ao identificar o pecado, confesse-o, deixando-o aos pés da Cruz, em nome de Jesus, amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Materialismo e Espiritualidade


Um jornalista perguntou a uma certa mulher o que a deixava feliz. Ela respondeu: "Comprar roupa. Comprar muita roupa e sapato". Pode parecer exagero, mas estou cada vez mais convencido de que o materialismo é de fato o deus deste século. O deus que gera disputas, cega o entendimento e acorrenta a alma de muitos. Em geral as pessoas não se contentam mais com o necessário nem se satisfazem com o essencial. Estão sempre querendo mais e mais e não conseguem apreciar a beleza e a simplicidade da vida. Tal como vítimas da areia movediça, assim muitos estão sendo engolidos pelo materialismo, pelo amor ao dinheiro e pelas riquezas deste mundo. Praticamente muitos não apreciam mais a orientação bíblica: "Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes" (I Timóteo 6:8). Nada é tão ignorado nos púlpitos ultimamente quanto o ensino de Jesus: "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mateus 6:25). Por isso temos visto uma geração doente por enriquecimento. Uma sociedade que vende a alma pelo brilho da prata e do ouro. Igrejas que repetem sempre o mesmo discurso de prosperidade e não há espaço nem interesse para a Cruz nem para a volta de Jesus. Há pessoas tão materialistas que só falam de casa, roupa, carro, joias, perfumes e comprar e comprar e comprar. Compram e nunca ficam satisfeitas. Compram e nunca têm tempo para as coisas de Deus. Compram e não investem na vida espiritual. Obviamente não sou adepto da "teologia" da mendicância. Não há problema algum ser rico, ter um excelente salário ou uma atraente conta bancária . "O dinheiro é como o camaleão", afirmou Loren Cunningham, "assume a cor do coração de quem o possui". Mas viver uma correria desenfreada para "ter" a custa do "ser" não dá mesmo. Trabalhar para viver é uma coisa, porém viver para trabalhar é algemar a própria existência. Fazer compras é necessário, todavia fazer das compras a principal motivação psicológica é pura loucura. Deixar de atender ao chamado divino por causa do conforto ou segurança material é simplesmente tolice. Não é por menos que o jovem rico retirou-se triste diante do desafio radical de Jesus. Pois como disse Schopenhauer a "riqueza é como água salgada: quanto mais se bebe, mais sede se tem". E a Bíblia diz: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Timóteo 6:10). Veja que certas pessoas não saem dos shoppings, mas dificilmente comparecem aos cultos da igreja. Há outras que negam o dízimo, mas adoram gastar dinheiro nas lojas e comércios. Há aquelas que entendem tudo de carros, perfumes e grifes e não entendem nada de Bíblia. Penso que precisamos aprender a nos confrontar com o ensinamento de Jesus: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lucas 16:13). Sejamos honestos: a quem estamos servindo? O que tem enchido os nossos olhos? O que ocupa os nossos pensamentos? Onde se encontra o desejo do nosso coração? "Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração" (Lucas 12:34). Portanto, que o Senhor seja tudo em nossas vidas. Que o Senhor seja o nosso verdadeiro tesouro.

Pr. Adriano Xavier Machado

Lembranças e Esperanças


Agora é apenas mais uma estrada. Uma estrada que nos faz reviver tempos, histórias e lembranças. Sim, ainda há o seu encanto. Podemos ouvir o canto dos pássaros e apreciar os extensos campos verdejantes. Mas praticamente todos os homens e mulheres da roça se foram. Pais e filhos agricultores se mudaram para as cidades, buscando novas oportunidades, sonhando com outras possibilidades. A sensação é estranha, diferente e até um tanto perturbadora. Quanto a mim, parece que ainda posso ver as vacas sendo ordenhadas, a terra sendo arada, os galos e galinhas ciscando o chão... hum, cheirinho de comida, de café e bolo do interior, mas tudo passou. Ficaram apenas as recordações de um tempo que se findou. As casas estão abandonadas. Portas e janelas quebradas. Não há sorrisos, cantos nem o chorinho da viola. Quando criança era ali que eu gostava de passar as minhas férias. Titia no final do dia reunia os filhos e sobrinhos e lia a Bíblia e pedia para que cantássemos um hino. Naquele tempo, naquela região e naquela casa não tinha luz elétrica. O companheiro da noite era mesmo o lampião e as sombras nas paredes da casa. E como mágica, tudo aquilo me fascinava, tudo aquilo me encantava. Contudo, não adianta mais querer buscar algo que já passou. Agora a vida é outra. Há novos desafios e perspectivas. Porém, essas coisas me fazem meditar e lembrar: tudo passa, tudo acaba, tudo tem o seu fim, mas o que faz a vontade do Senhor permanece para sempre. Aleluia, pois estou, você está, estamos todos de passagem. Este mundo não é o nosso lugar. A nossa cidade está no Céu, onde "há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também" (João 14:2,3). A promessa de Jesus é a nossa esperança.

Pr. Adriano Xavier Machado

Aprendendo com a Família

A família é a escola da vida. É a verdadeira escola básica para a formação de um homem e de uma mulher, a despeito da idade ou condição sócio-econômica. Com ela aprendemos muitos valores essenciais para uma vida feliz, honrosa e digna. As melhores virtudes de um povo têm origem no lar. E por isso, a família é reconhecida como a célula mater da sociedade, a base de todas as coisas. O que aprendemos no lar, muito se reflete na igreja ou em qualquer outra instituição social. Vejamos o que aprendemos com a família.

1. Com a família aprendemos a virtude da comunhão. Apesar das diferenças de personalidade e temperamento entre os membros da família é possível a harmonia e paz uns com os outros. E para prevalecer essa comunhão não há necessidade de seus membros serem iguais ou terem os mesmos gostos. Basta a convivência em comum acordo em Jesus Cristo e em Seu evangelho redentor. E Deus deseja que todos aprendam essa lição, pois "se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado." (I João 1:7).

2. Com a família aprendemos o valor da paciência. Uma virtude quase em falta nos dias de hoje. Em qualquer trânsito movimentado dos centros urbanos constatamos facilmente a impaciência predominante: xinga-se por qualquer motivo, ofende-se gratuitamente e fica-se de bico por qualquer coisa. Não é algo parecido com as nossas igrejas? Por que será? Não é pelo fato da ausência de paciência? Há um provérbio chinês que diz: "Um momento de paciência pode evitar um grande desastre; um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida"
. Então, consideremos mais o desafio da Palavra de Deus: "corroborados com toda a fortaleza, segundo o poder da sua glória, para toda a perseverança e longanimidade com gozo" (Colossenses 1:11).

3. Com a família aprendemos a importância da perseverança. Virtude esta que está muito relacionada com a paciência. No entanto, ela merece enfoque, por passar uma ideia abrangente de "determinação persistente", constância e firmeza nos objetivos. Na nossa língua portuguesa, falar de paciência, e não da perseverança, não dá o sentido completo que merece a nossa consideração. Precisamos aprender a esperar, mas não sentados, de braços cruzados ou passivamente, e sim com trabalho, dedicação, labuta e empenho. Com isso queremos dizer que, precisamos aprender a lutar para preservar o casamento e a unidade familiar. A Bíblia também destaca a graça da perseverança: "Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa" (Hebreus 10:36).

4. Com a família aprendemos o cultivo do amor. Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos já está esfriando. Os abusos não acontecem apenas nas ruas, mas também nos lares. A violência não se encontra apenas nos becos das favelas, encontra-se nas próprias casas de família. O que evidencia que está faltando amor no lar. E podemos ter certeza de que a falência da família é o desmoronamento de qualquer sociedade. Portanto, a família precisa ser resgatada pelo poder do evangelho de Jesus Cristo. Pois é com ela que cada indivíduo aprende amar. Se não há amor no lar, não há amor em qualquer outro lugar. "De modo que o amor é o cumprimento da lei" (Romanos 13:10). Pois "ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria" (I Coríntios 13:2,3).

É na família que aprendemos o que a educação escolar não pode nos oferecer. É na família que nos preparamos para a vida e o convívio em sociedade. Valorizemos a família. Lutemos por ela. E como diz uma personagem de desenho animado, "família quer dizer nunca mais abandonar ou esquecer". Então, estejamos empenhados para fazê-la o melhor lugar do mundo para a glória do Senhor.

Pr. Adriano Xavier Machado

A Religião, o Estado e as Polêmicas Atuais

Religião e Estado. Cada um no seu lado e no seu canto tratando de seus próprios interesses e negócios. Assim, temos nos esforçado para tratar do tema. Então, a Religião considera os assuntos espirituais e o Estado focaliza os assuntos terrenos. Historicamente os batistas são conhecidos pela defesa da separação da Igreja do Estado. No entanto, a ênfase atual vem do outro lado. Pelo menos no contexto ocidental o Estado não quer mais a interferência da Religião. Quando se está diante de assuntos polêmicos, tais como o aborto e o homossexualismo, o discurso político é considerar tais questões sem a ótica da religiosidade, considerando o primeiro apenas como um problema de saúde pública e o segundo como uma expressão social legítima. Enquanto alguns países reconhecem uma religião oficial, o que se chama de Estado Confessional, outros são laicos, ou seja, procuram manter uma neutralidade, respeitando todos os segmentos religiosos. O Brasil, nesse quesito é um Estado laico desde o decreto Nº 119-A de 7 de janeiro 1890. Mas, apesar de sua laicidade, podemos perceber que em sua política, administração e legislação ainda há muita influência do cristianismo. Em muitos dos discursos encontramos referências bíblicas, em repartições públicas constatamos símbolos religiosos e na própria Constituição detecta-se o fermento do evangelho levedando a "massa". Veja por exemplo a questão do casamento. Por que o Brasil não reconhece a poligamia? Não será por uma influência, ainda que subjetiva e indireta da fé cristã?

Num dia desses um programa jornalístico esteve apresentando uma matéria sobre o Butão, uma nação que tem o budismo como a religião oficial e cujo pai do atual rei é casado com quatro irmãs. Se o Butão fosse um país cristão, será que isso seria aceitável? Em Estados Confessionais tais como o Vaticano (catolicismo), Dinamarca (protestantismo) e o Reino Unido (anglicanismo) a poligamia é um ultraje. Querendo ou não, o Estado expressa muito dos conceitos religiosos de um povo e de uma cultura. Assim é no Estado de Israel com a influência judaica, no Sudão com o islamismo, nos Estados Unidos da América com o protestantismo e em qualquer outro país com sua herança religiosa. É assim e basicamente não tem como ser diferente, pois, caso contrário, o Estado seria como que um monstro, sem qualquer aproximação ou identificação com o povo. Em muitos dos antigos países socialistas e comunistas vimos um esforço do Estado para tirar Deus de toda ação política. A Albânia chegou a declarar em um artigo de sua Constituição: "O Estado não confessa nenhuma religião, apoia e realiza propaganda ateística a fim de implantar nas pessoas uma visão de mundo cientificamente materialista". Essa declaração resume bem quando um Estado deseja tirar Deus de sua trajetória. Mas, apesar de tudo a História foi testemunha do fracasso dessas ideologias políticas. O desmantelamento e a fragmentação da antiga União Soviética retratam bem isso. Portanto, quero chamar a atenção de que não adianta o Estado, ainda que seja laico, tentar negar ou extinguir muitos dos ideais religiosos de um povo. Uma coisa é elaborar algo no papel e outra é mudar a mentalidade e os costumes do povo.

Considerando mais uma vez o Butão, a política do Estado é a felicidade do povo. Por quê? Porquanto o budismo busca a felicidade do indivíduo e é a expressão máxima da religiosidade daquela nação. Logo, o Butão tem em suas ações políticas muito da religiosidade do povo e assim consegue manter a ordem interna, apesar de ser um reino sem muitos recursos tecnológicos e financeiros dos países desenvolvidos. E podemos ter certeza que, em certa medida, quer seja para mais ou para menos, é assim com todas as nações do mundo. Em qualquer país há algum vestígio da herança cultural-religiosa em sua política. Mas, para delimitarmos a matéria, imaginemos se o Estado que conhecemos no Ocidente, não tivesse recebido qualquer influência religiosa, no nosso caso específico a influência cristã. Como seria a situação da mulher nos dias de hoje? Que tipo de casamento seria aceitável em nossa cultura? Será que teríamos alguma noção de direitos humanos tal como o conhecemos hoje? Será que de fato teríamos o conceito de liberdade e fraternidade entre os povos? Qual seria a posição da criança na sociedade? Enfim, que políticas sociais conheceríamos hoje? Uma menina indiana com apenas 12 anos de idade casou com um cachorro para ser protegida de espíritos maus. Na Arábia Saudita um homem com 50 anos foi autorizado pela justiça a casar com uma menina de apenas nove anos de idade. Se não tivéssemos a nossa herança religiosa, como seria a nossa sociedade? Quais seriam os nossos costumes? Provavelmente nem existiríamos como Nação, pois não existe algum povo sem religiosidade. Os credos, os modelos e as manifestações podem ser diferentes, mas a religiosidade está presente em qualquer cultura.

Decerto, que a Religião em "nome" de Deus cometeu muitas barbáries. No entanto, as aberrações vieram muito mais por causa da prostituição da Religião com o Estado do que quando se manteve separada. Realmente o casamento ilegítimo de Religião e Estado acaba em crise, conflito e muito sangue. Todavia, sem dúvida, uma coisa é certa: assim como a Religião não pode ignorar totalmente o Estado, "dai a César o que é de César", o Estado também não pode ignorar totalmente a Religião, pelo menos em essência, princípios e fundamentos básicos. A distância é permitida apenas até certo ponto, quando a Religião não é omissa nos seus deveres políticos e legais nem o Estado fica sem qualquer moralidade ou ética que expresse os valores e conceitos religiosos de um povo. O discurso pode parecer bonito, científico ou até filosófico, mas não existe essa conversa de Estado totalmente puro, neutro ou imparcial. Um Estado não existe por si só. Um Estado não tem existência própria. O Estado existe por causa do povo, e não o contrário. Então sempre haverá alguma ideologia para regê-lo, seja ela uma expressão estrangeira ou nacional. Contudo, a melhor ideologia é aquela que considera pelo menos a historicidade da formação de um povo, tanto com os seus erros e acertos, desde que haja uma disposição humilde e dedicada em aprender e corrigir as distorções. E de acordo com a nossa história, o Brasil tem alguns princípios básicos de influência religiosa, tais como a defesa da vida e o casamento monogâmico e heterossexual. Desconsiderar esses princípios fundamentais não é somente ficar contra a Religião, mas sim contra a própria base que constitui a formação de nossa Nação. Logo, não existe um discurso tão frágil e barato quanto aquele que procura fazer retaliações de certas políticas nossas, fazendo comparações com as decisões dos países do primeiro mundo. Esse tipo de abordagem é que demonstra uma cosmovisão preconceituosa em relação as nossas origens e valores. Quem disse que temos que nos sujeitar ou imitar as mesmas decisões políticas dos países ricos? Quem disse que esses países estão sempre certos? É por falta de argumento que alguns recorrem a esse tipo de procedimento.

Talvez algum "especialista" diga que a distorção é não legalizar o aborto nem reconhecer a união homossexual. Lewis Henry Morgan acreditava que a "família é o elemento ativo; nunca permanece estacionária, mas, sim, passa de uma forma inferior a uma forma superior à medida que a sociedade evolui de um grau mais baixo para um mais alto". Contudo, o que significa essa evolução? É esse novo quadro que está querendo se configurar nos dias de hoje? Não será isso antes um retrocesso? Câncer também evolui, mas nem por isso podemos considerar um progresso para a saúde. Com o que está sendo proposto hoje para o Estado e a sociedade, na verdade não vejo nada de evolução, mas apenas a tentativa de um "salto" que procura passar por cima de todos os nossos valores históricos e culturais. Se a cultura não pode dar um salto como dizem os antropólogos, por que então o Estado deveria aceitar um pulo tão distante da nossa realidade cultural e histórica? Estamos preparados para isso? Quais as consequências dessas decisões no futuro de nosso País? Hitler em sua época parecia ter um discurso perfeito para o desenvolvimento da Alemanha. Ele ignorou todos os alicerces básicos de sua Nação em termos culturais, históricos e religiosos e deu um "salto" com toda a sua força. É, até que ele foi longe, mas não tão longe para permanecer em pé. Portanto, Brasil, vamos aprender com a História. Vamos reconhecer os nossos verdadeiros alicerces, isto é, a vida, a família e Deus. Podemos ser um Estado laico. Não precisamos ter uma religião oficial nem precisamos ver o Estado subsidiando qualquer movimento religioso. Porém, governar o País sob os princípios de um Estado ateísta e cientificamente materialista, digo isso porque no fundo quando uma ideologia procura tirar Deus de suas ações políticas esse é o caminho mais próximo, é tentar ignorar tudo aquilo que já temos e somos. Podemos até dar um grande "pulo" hoje, mas será que mais adiante conseguiremos permanecer em pé? Por fim, destaco que para um Estado ser laico, não significa ignorar todas as procedências religiosas. Por isso o Cristo Redentor ainda permanece no alto do Corcovado, a frase "DEUS SEJA LOUVADO" ainda está impressa nas cédulas de Real e o Natal continua sendo um feriado nacional. Será que precisamos de mais exemplos? Então, apenas para ilustrar, quero terminar lembrando algo bem conhecido, mas que pode nos ajudar a pensar sobre a nossa historicidade como Nação, ainda que em outro contexto. Certa vez um príncipe africano que visitou a Inglaterra, ficou impressionado com tudo o que viu. Então ele perguntou a Rainha Vitória qual era o segredo da grandeza daquela nação. Ela lhe respondeu, dando-lhe um exemplar das Escrituras Sagradas com a seguinte mensagem: “Este é o segredo da grandeza da Inglaterra!” Se alguém acha que essa história não tem nada a ver conosco, então veja o que a Bíblia diz: "Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR" (Salmos 33:12).


Pr. Adriano Xavier Machado