Você sabe seguir instruções?

O que é ser um líder? Em artigos, livros, seminários e palestras podemos constatar inúmeras orientações. Sabemos que um líder tem que ser comunicativo, saber influenciar pessoas, ter ideias claras e objetivas, capacidade de elaborar um planejamento, habilidade de se relacionar com gente e tantas outras características próprias do exercício da liderança. Contudo, percebo que geralmente pouco se dá importância sobre seguir orientações, regras e princípios. Parece que alguns pensam que liderança é apenas desempenho de funções e um modo de expressar habilidades, dons e talentos. Para ser claro na proposta deste artigo, quero apontar para a necessidade do líder saber seguir instruções.

Quando pensamos em um grupo de astronautas no espaço, precisamos lembrar que a missão só poderá ser bem-sucedida se a equipe souber seguir instruções, a começar pelo próprio comandante. Todo um roteiro é elaborado e apresentado à equipe. Cada membro tem uma função, uma responsabilidade e algo a contribuir para o sucesso da exploração espacial. No entanto, há uma "linha mestra" para ser seguida, um "mapa" para ser consultado e um "manual" para ser lido, estudado e compreendido. O que adianta no espaço um astronauta eloquente, entusiasta, carismático, comunicativo ou até mesmo sincero e inteligente, mas que não sabe seguir instruções? Alguém, assim, só põe em risco o sucesso da missão.

O líder que sabe seguir instruções demonstra domínio próprio, capacidade de controlar impulsos e uma mente focada e disciplinada. O líder que sabe seguir instruções revela ser organizado, demonstra humildade para entender que não tem o controle de tudo e evidencia consideração pelo grupo de trabalho. Por outro lado, o que não sabe seguir instruções demonstra que o "ego" necessita de tratamento, pois só deseja fazer o que pensa e busca apenas a concretização de desejos e anseios pessoais, sem compreender que o bem maior é muito melhor do que apenas o bem particular ou ainda o bem de alguns poucos. O bem de todos é a glória da equipe, é o sucesso da missão.

Fique claro que, seguir instruções não significa ficar sem liberdade de ação. Seguir instruções não é ser escravo de um esquema planejado e totalmente fechado. Mas, seguir instruções é ter consciência do que precisa ser feito, sem desrespeitar o processo e sem desconsiderar o trabalho de equipe. De outro modo, corre-se o risco de faltar combustível ou oxigênio ou ainda a noção do caminho de ida e volta durante a viagem. Saber seguir instruções não é uma opção, mas uma necessidade na prática da liderança. Por isso, nem sempre o melhor líder é aquele que fala mais bonito, que emociona as pessoas ou que demonstra capacidade intelectual. Às vezes, o melhor líder é aquele que simplesmente sabe seguir as instruções, dando assim um exemplo de disciplina, cuidado com o projeto, respeito pelas pessoas, humildade para reconhecer suas limitações e compromisso com a sua tarefa. Então, você sabe seguir instruções?

Foi com a capacidade de seguir instruções que a tripulação da Apollo 11 conseguiu a façanha de conquistar a Lua em julho de 1969. A tripulação era composta por apenas três astronautas: Neil Alden Armstrong, Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins. Uma equipe bem preparada e com uma missão muito bem definida, elaborada e estudada. Cada um cumpriu o seu papel dentro do script traçado pela NASA. Assim, Armstrong, que foi o primeiro a pisar no solo lunar, pôde declarar com êxito: "Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade". Da mesma forma, a capacidade de seguir instruções pode ser apenas um pequeno passo, no entanto, essencial para um grande salto de uma liderança vitoriosa e eficaz.

Pr. Adriano Xavier Machado

Igrejas que necessitam de cura

Alguns pensam que as igrejas no Brasil estão experimentando um grande avivamento. Sinceramente, gostaria de poder reconhecer isso. Gostaria muito que esta geração estivesse se voltando de coração para o Senhor. É verdade que a situação do evangelho na nossa Nação é bem diferente de décadas atrás. Temos grandes igrejas, excelentes pregadores, talentosos escritores, lindos e abençoados ministérios de louvor, estratégicos programas de rádio e diversos grupos missionários. Contudo, em geral as nossas igrejas estão enfermas. Não digo assim em tom de acusação, mas de denúncia esperançosa por um novo tempo. Deus ama o Seu povo que se encontra em terras tupiniquins. E por isso Ele está disposto a fazer o melhor por Seus filhos e filhas. Todavia, se queremos cura, precisamos reconhecer as nossas patologias e aceitar o devido tratamento do evangelho. Pode ser duro, mas precisamos fazer as seguintes considerações no amor do nosso Senhor Jesus Cristo:

Igrejas necessitam de cura quando estão cultivando a murmuração. A Palavra de Deus é muito clara quanto a este assunto: "Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas" (Filipenses 2:14). No entanto, para muitos ambientes eclesiásticos o que mais se tem visto é exatamente tais práticas perniciosas. Há igrejas que praticamente não conseguem ter uma reunião, um ensaio ou alguma atividade religiosa sem confusão, sem brigas e desentendimentos. Há igrejas que parecem muito mais um octógono de vale-tudo do que um ambiente da graça. A diferença é que nas igrejas os golpes são com palavras envenenadas pelo ciúme, pela amargura e arrogância. Igrejas, assim, não conseguem ter uma verdadeira atmosfera de louvor e adoração. O clima é pesado, principalmente para os novos na fé que não conseguem suportar nem aceitar tais costumes mundanos e vergonhosos, o que acaba afastando-os da comunhão, aliás, da suposta ou aparente comunhão cristã. Em uma matéria do Jornal Hoje, afirmou-se que empresas demitem muitos mais pessoas por fofocas e inconveniências do que por erros de trabalho. As empresas reconhecem que pessoas de gênio problemático trazem grande transtorno para o ambiente profissional. Não é diferente quando pensamos em igrejas. Os murmuradores são pessoas inconvenientes no trabalho do Senhor.

Igrejas necessitam de cura quando cultivam a mentira. Não apenas no campo teológico ou doutrinário, mas também no que diz respeito às relações entre os irmãos. Sim, há irmãos que se abraçam e que se cumprimentam com um sorriso na hora dos cânticos de interação dizendo: "Eu declaro a paz de Cristo/Te abençoo meu irmão/Preciosa é a nossa comunhão". Gostoso e maravilhoso é cantar um hino assim, mas na prática muitos não conseguem se livrar do vício de falar mal das pessoas, de ficar comentando sobre a vida dos outros e ainda ficar jogando lama no ministério local ao qual servem, ou melhor, ao qual prestam um desserviço. São os mentirosos que dizem que amam, mas não conseguem viver em santa comunhão. A Palavra de Deus afirma: "Aquele que diz está na luz, e aborrece a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo" (I João 2:9:10). Como devemos agir com pessoas que promovem tais escândalos? Deixo a Bíblia responder: "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões... desviai-vos deles" (Romanos 16:17).  Não podemos ficar cegos ou querer tapar o sol com a peneira quando estamos enfrentando tais problemas em nossas igrejas, temos que notar, temos que estar atentos e nos desviarmos, literalmente nos afastarmos de pessoas que não conseguem viver a verdade do amor de Cristo Jesus.

Igrejas necessitam de cura quando estão cultivando a insubordinação. Infelizmente o que mais se tem perdido nos dias de hoje é a noção de autoridade. Cada um quer fazer o que quer e sem prestar contas a ninguém. Filhos não querem obedecer aos pais, alunos não querem respeitar os professores, cidadãos não querem se sujeitar aos governantes, empregados não querem obedecer aos seus patrões, esposas não se submetem aos seus maridos e ovelhas não procuram obedecer aos seus pastores. Sei que há pais, mestres, governantes, chefes de trabalho, homens e ministros religiosos autoritários e que não sabem exercer a saudável autoridade, Deus os julgará, mas não justifica em nada o que temos visto nos dias de hoje: rebeldia, desobediência, teimosia, grosserias, petulância, enfim, insubordinação gratuita e descabida. Vamos consultar a Palavra de Deus? "Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo" (Efésios 6:1). "Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem, foram por ele estabelecidas" (Romanos 13:1 _ NVI). "Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo" (Efésios 6:6). "Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém ao Senhor" (Colossenses 3:18). "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil" (Hebreus 13:17).

Igrejas necessitam de cura quando cultivam o pecado. Pode parecer estranho, mas é isso o que muitas vezes vem acontecendo. Como? Quando as igrejas não confrontam mais o pecado. Quando recomendam para a liderança pessoas reconhecidamente desonestas, adúlteras e que vivem em iniquidade. Quando não mais aplicam alguma disciplina em amor para correção dos faltosos. Por incrível que pareça, alguns acreditam que algum cargo eclesiástico ou alguma atividade religiosa pode melhorar a vida dos não convertidos, e, não, percebem que esse tipo de estratégia não é e nunca será viável. A conversão de pecadores acontece pelo ouvir a Palavra de Deus e não pelo fato de colocá-los no ministério de louvor ou no departamento de jovens ou em algum outro cargo da igreja. Isso não funciona, pois as nossas armas não são carnais. E para testemunharmos a conversão de pecadores temos que usar recursos espirituais. Temos que pregar o evangelho de Jesus Cristo e fazermos constantes orações intercessórias. Tenhamos cuidado com certas estratégias duvidosas e que colocam em risco o bom testemunho do nome do nosso Senhor Jesus Cristo. "Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria" (Apocalipse 2:20). E nos dias de hoje, cuidemos para não estarmos tolerando filhos e filhas de Jezabel assumindo posições de liderança nas igrejas. Decerto, temos que amar todos os pecadores, mas, não podemos ser coniventes com o pecado. Que Deus nos ajude. Que Deus nos cure pelo sangue de Jesus. Eu creio que possa vir o avivamento em nossa Nação, porém, que a obra de Deus tenha início em nossas vidas.

Pr. Adriano Xavier Machado

A Humanidade do Pastor

Por mais que seja óbvio, nunca é demais lembrar que o pastor é um ser humano. Isso significa que o pastor tem sentimentos, fraquezas, necessidades, sonhos e fracassos como qualquer outro. O pastor, a priori, não é nem melhor nem pior do que ninguém, mas, simplesmente humano. A ideia equivocada da superioridade do pastor tem conduzido muitos a uma certa frustração diante da evidência de sua humanidade. Quando o pastor cansa, geme e chora, na maioria dos casos a igreja não sabe lidar com isso, às vezes nem mesmo colegas de ministério, pois o estereótipo em geral que se forma de alguém que se encontra no exercício pastoral é de uma pessoa que sempre tem que estar disposta, sorrindo e servindo com todo vigor, tal qual uma máquina a vapor que, não diminui o ritmo durante a sua jornada. Mas o pastor não é uma máquina de operações e atuações e celebrações. O pastor é carne, osso e sangue. O pastor está sujeito a enfermidades como qualquer outro. Está sujeito a acidentes como qualquer pessoa. Tem lutas espirituais como qualquer outro crente.  O pastor não é um super-herói que não se fere, que não se machuca ou que não derrama lágrimas. O pastor, embora escolhido e capacitado por Deus para a obra do Reino, continua com sua humanidade.

Quando lemos a Bíblia podemos conferir a história de muitas pessoas que foram usadas poderosamente por Deus. Pessoas que fizeram grandes coisas para Deus, mas que evidenciaram sua humanidade. Assim, encontramos o profeta Elias com medo escondido em uma caverna, o rei Davi em prantos por seus tropeços e pecados e o profeta Jonas que foi usado grandemente no avivamento de Nínive com suas lamentações, frustrações e preconceitos. Creia, de uma certa forma ou de outra, cada pastor tem também momentos que revelam a sua humanidade, isto é, a sua fragilidade e necessidade. O que está sendo ressaltado aqui não tem nada a ver com uma vida dominada pelo pecado, mesmo porque a obra de Jesus é completa na purificação e libertação do poder do pecado, mas, sim, com a pura realidade da humanidade do pastor. Cada pastor é gente como a gente. Gente que sente e que se ressente. Gente que se alegra e que se entristece. O pastor é "homem sujeito às mesmas paixões que nós". Eu sei que na verdade nenhum ministro do evangelho gosta de ser assim tão transparente. Mas é com esse reconhecimento que o pastor pode experimentar o milagre de Deus, e, assim, fazer a diferença. O que sustenta a vida e o ministério de um pastor é puramente a graça e a misericórdia do Senhor. E o pastor que consegue entender isso, tem muito mais chance de superar as suas limitações e glorificar o nome de Cristo Jesus com tudo o que é e com tudo o que faz. Como afirmou o pastor Solomca "você nunca será uma pessoa forte na vida sem reconhecer a realidade de suas fraquezas" (SOLOMCA, Pedro, Para Quem Passa Correndo, Abba Press Editora, 2010, p. 53).


O missionário Paulo fez a seguinte confissão: "Porque quando estou fraco então sou forte" (II Coríntios 12:10). Ele assim diz reconhecendo que a graça de Jesus era o bastante em sua vida. Em outras palavras, Paulo não necessitava encontrar em si mesmo mérito algum para provar o quanto era bom a fim de ser salvo, mas apenas depender e confiar na obra do Calvário. Igualmente, o que parece ser a derrota de um pastor é na verdade a sua vitória. É na sua humanidade que o pastor conhece a habilidade e suficiência da graça divina. Portanto, o pastor não tem nenhum motivo para se orgulhar em façanhas ou virtudes próprias. O poder de Jesus se aperfeiçoa na vida do pastor exatamente na sua humanidade, ou seja, na sua fraqueza. Quanto mais o pastor consegue estar consciente disso, mais ele poderá conhecer o extraordinário poder de Deus. Assim sendo querido pastor, não queira ser um herói, seja simplesmente humano. Não tenha medo de reconhecer e confessar os seus receios, as suas angústias, as suas preocupações, as suas fragilidades, os seus erros e pecados ou as suas dores e tristezas. A vitória de um pastor acontece tão somente pela graça do Senhor.

Por outro lado a Igreja pode muito colaborar com o ministério do pastor. Como? Não projetando ou exigindo algo que ele não pode ser, ou seja, uma entidade supranatural. Sim, eu sei que o pastor deve ser de Deus, tendo uma vida exemplar e cheia do Espírito Santo, todavia, querendo ou não o pastor enquanto estiver aqui na terra continuará tendo que lidar com sua humanidade. Quando a Igreja tem essa percepção, sem dúvida, estará orando mais pelo pastor, sendo mais paciente e misericordiosa com o seu lado humano e estando mais atenta para com suas necessidades físicas, psicológicas e materiais. O pastor é cidadão do Céu, pelo menos deve ser, caso contrário nunca será um verdadeiro pastor. Contudo, mesmo sendo um cidadão do Céu, o pastor enquanto não se encontra diante do Senhor face a face, continua sendo gente, continua sendo humano, continua tendo que lidar com sua humanidade. E a Igreja precisa saber e lembrar disso para oferecer o devido apoio ao ministro de Deus. Espero que com este artigo você pastor em sua humanidade possa depender mais de Deus. E que a Igreja aprenda amar mais o lado humano do pastor. Aqui quem escreve é também um ministro do evangelho tão humano quanto você. Um obreiro que prossegue "para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".

Pr. Adriano Xavier Machado

Marcando a vida das pessoas

Vez ou outra, deparo-me com o seguinte pensamento: "As pessoas podem se esquecer do que você disse, do que você fez, mas nunca se esquecerão da forma como você as tratou". Meditando nisto pude perceber o quanto este conceito é verdadeiro. Afinal, estamos constantemente deixando alguma marca na vida das pessoas. Sabemos que alguns são grosseiros, impacientes, falsos, mentirosos, cínicos, hipócritas, mas outros são amigáveis, simpáticos, alegres, carinhosos e incentivadores. Alguns são motivadores de confusão, brigas e decepções, mas outros são fontes de paz, fé e amor. Alguns não acrescentam nada de bom nos relacionamentos interpessoais, mas outros quando se aproximam enriquecem o nosso tempo, iluminam as nossas mentes, trazem cura para as feridas da alma e enchem o nosso coração de esperança. É, o que importa mesmo, o que faz a diferença em um ambiente, o que transforma uma convivência, enfim, o que toca de fato o coração das pessoas não são as nossas palavras, mas o modo como as tratamos. Sendo assim, desejo compartilhar alguns procedimentos básicos que podem nos ajudar a tratar a cada pessoa ao nosso derredor com dignidade e no mesmo amor de Cristo Jesus.

1. Sejamos autênticos. As pessoas não são bobas, em determinado momento elas perceberão toda atitude cínica, falsa e hipócrita. Tratemos as pessoas com honestidade, pureza e retidão. Isso não significa falar o que pensa, desrespeitando, humilhando e pisando sobre os sentimentos delas. Ser autêntico é não querer passar algo que não existe, algo que não se sente, algo que não se acredita de fato. Diz a sabedoria popular que quem fala o que quer ouve o que não quer. Então, sejamos verdadeiros, mas sempre com temperança, mansidão e muito amor no coração. "Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (II Coríntios 13:8).

2. Sejamos cordiais. Receber uma pessoa com alegria, receptividade, simpatia e boa vontade é ser cordial. Lamentavelmente alguns ainda não aprenderam a arte de atender e receber as pessoas. Ainda há muito despeito, arrogância e indiferença. Porém, quem exerce cordialidade aprendeu a verdadeira arte de se relacionar com as pessoas. Como é gostoso chegar a uma casa ou igreja e ser recebido com hospitalidade, carinho e respeito. Como é bom sermos recebidos por pessoas cordiais. O segredo para isso? "cada um considere os outros superiores a si mesmo" (Filipenses 2:3).

 3. Sejamos positivos. Aproveitemos o momento de uma companhia amiga para falar de coisas proveitosas e, não, para ficar criticando ou falando mal de alguém nem mesmo para ficar reclamando da vida. Pessoas negativas, pessoas que só enxergam defeitos nos outros, pessoas que não sabem valorizar e reconhecer o que é bom nos outros, acabam afastando de si mesmas as melhores amizades. O mundo está cheio de exemplos de pessoas talentosas, mas que estão sozinhas, abandonadas e até rejeitadas por afastarem de si as melhores companhias com suas palavras e atitudes negativas. Uma coisa é compartilhar alguns problemas com amigos que poderão nos oferecer alguma ajuda, algum conselho ou palavra de sabedoria, outra coisa é ser o próprio problema por ser uma pessoa negativa, uma pessoa desconstrutiva e amarga. "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem" (Hebreus 12:15).

4. Sejamos alegres. Não significa necessariamente ser palhaço ou engraçado. Tem gente que fica rindo quase  o tempo todo, brinca com quase tudo, está sempre disposta a contar uma piada, mas na verdade é uma pessoa triste e incrédula, uma pessoa que se esconde atrás das brincadeiras e anedotas, uma pessoa que usa a fachada da gargalhada para ocultar as suas próprias deficiências. Ser uma pessoa alegre é um estado de espírito que expressa paz, serenidade e entusiasmo com a vida. Ser uma pessoa alegre não é apenas sorrir com os lábios, mas acima de tudo sorrir com o coração. "A esperança dos justos é alegria, mas a expectação dos perversos perecerá" (Provérbios 10:28). "O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate" (Provérbios 15:13).

5. Sejamos servos. Não é aquele que ordena ou comanda, que fala alto e é grosseiro, que consegue fazer a diferença na vida das pessoas. As pessoas são tocadas na alma quando estão diante de alguém que sabe humildemente ser servo. Os melhores líderes são servos. Os melhores pastores são servos. Os melhores cônjuges são servos. Os melhores filhos são servos. Os melhores empregados são servos. E as melhores ovelhas são servas. Jesus fez a diferença porquanto Ele foi servo. Aquele que não gosta de servir é um oportunista, um mercenário que deseja está acima de todos. Logo, "qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:44,45).

6. Sejamos "ouvidos". Em qualquer diálogo não basta apenas falar, é preciso também saber ouvir. De outro modo não será diálogo, apenas um monólogo. Mas quantas vezes estamos tão ansiosos em externar os nossos pensamentos, em compartilhar as nossas experiências e de lamentar os nossos fracassos e tristezas que não temos tempo para ouvir os demais. Apenas saber falar e não saber ouvir é egoísmo, petulância e até mesmo imprudência. Por isso se diz: "você tem uma boca e dois ouvidos exatamente para falar menos e ouvir mais". "Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar" (Tiago 1:19).

7. Sejamos misericordiosos. Ninguém pode acertar sempre. É impossível que alguém nunca tropece em alguma coisa. Quando eu e você viermos a falhar, desejaremos ser acolhidos com graça e misericórdia. Portanto, demonstremos graça e misericórdia a quem precisa. Não estou falando em termos de aceitação do erro, do pecado e da iniquidade, mas, sim, em estendermos as mãos para quem precisa, em abrirmos os braços para quem deseja recomeçar. Pela misericórdia do Senhor não somos consumidos. A Sua misericórdia se renova a cada dia. A Sua misericórdia está sempre nos dando a chance de um novo recomeço. Assim, estendamos a Sua misericórdia a quem precisa através de nossas vidas. "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Efésios 4:32).

Outros procedimentos ainda poderiam ser pontuados. No entanto, os que foram destacados aqui são básicos. Se quisermos marcar a vida das pessoas de modo certo, compartilhando graça, renovando a comunhão e impactando a vida das pessoas, o que aqui está sendo lembrado é um excelente começo. Então vamos considerar mais o modo como estamos tratando o nosso próximo. Isso é importante. Somos desafiados por Jesus com um precioso mandamento: "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (João 15:12). "Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis" (João 13:34). No amor de Cristo podemos ser verdadeiros, cordiais, alegres, servidores, ouvintes e misericordiosos. Certamente, exercitando estes valores poderemos ter excelentes atitudes que as pessoas jamais esquecerão. Que as pessoas até se esqueçam do que dizemos, do que escrevemos ou do que fazemos, mas que elas possam sentir e serem marcadas com dignidade e honra pela maneira cristã, bíblica e evangélica como as tratamos. E, assim, teremos famílias mais fortes, igrejas mais saudáveis e uma sociedade mais justa. Hum, ao ler este texto não fique apenas na expectativa da mudança e transformação dos outros. Esta mensagem é para cada um de nós. A propósito, que a mudança comece em mim e em você.

Pr. Adriano Xavier Machado