Hoje quero prestar uma homenagem a um amigo especial, isto é, o livro. Digo amigo porque ele sempre está disposto a se abrir para ser conhecido, compartilhando sonhos, alegrias, aventuras e fantasias. O livro é assim: enquanto aberto nada esconde, nada nos nega, nada guarda para si mesmo. O livro fala de pessoas reais e imaginárias, de lugares comuns e mundos esplêndidos, de histórias vivenciadas e histórias encantadas. O livro nos faz viajar por mundos conhecidos e desconhecidos. O livro nos faz pintar cenários de todas as cores na vida e na imaginação. O livro trata a todos sem preconceito, sem discriminação, permitindo a aproximação dos pobres ou ricos, homens ou mulheres, crianças ou adultos. O livro aberto compartilha tudo o que tem. Fala de tudo o que sabe.
O livro não é, portanto, um companheiro egoísta, esnobe ou de uma casta superior. O livro é para todos e por todos. O livro se adapta para cada faixa etária. O livro se ajusta para cada nível de instrução. O livro é verdadeiramente um amigo democrático. A única exigência é saber ler. O que isso significa? É conhecer as palavras, é entender o texto, é assimilar o significado da redação e de cada colocação. Não basta apenas decifrar um conjunto de letras, mas sim o objetivo, a intenção e a pretensão da mensagem escrita. Aqui muitos tropeçam. Aqui muitos se afastam. Aqui muitos desistem de ter o livro como um amigo. Pois quem não sabe ou tem dificuldade de ler, diz que o livro é chato, que o livro é cansativo, que o livro é difícil, que o livro é muito exigente, que o livro não sabe ser amigo. O pior de tudo é que o livro é quem leva a culpa, é julgado e sumária e injustamente condenado.
Mas, ainda assim, o livro sempre está lá no armário, na gaveta, na estante, na livraria ou na biblioteca, esperando por alguém que queira aprender com ele, aguardando por alguém que queira desfrutar de sua companhia. De fato o livro é um amigo. Além de se abrir facilmente e falar de coisas novas é sempre paciente, esperando por um leitor, aguardando por alguém que queira dar-lhe valor. Ah, meu amigo livro, ainda que alguns não reconheçam a sua importância e nunca se lembrem para parar e ouvi-lo, sei que nunca estará definitivamente fechado para ninguém. Admiro a sua paciência e capacidade de não reter ofensas. Sei que para você meu amigo livro, nunca é tarde demais para uma nova amizade. Nunca é tarde para tê-lo na cabeceira da cama, no bolso da calça jeans, na pasta executiva ou na mochila escolar, para sempre estar ao alcance das mãos e dos olhos. Obrigado amigo livro por nunca desistir de nós, ainda que infelizmente alguns desistam de você. Obrigado por seus ensinos, suas instruções, suas histórias e mensagens de esperança e fé. Obrigado por ser um maravilhoso amigo de todas as horas, de todos os dias e de todas as estações. Obrigado amigo livro por existir e por me ajudar a existir pensando e sonhando e me transformando cada vez mais em uma pessoa melhor. Ao livro o meu carinho e reconhecimento.
Pr. Adriano Xavier Machado