Celebrando a vida


Ao estar diante da possibilidade de escrever em um dia quando muitos vão ao cemitério chorar os seus mortos, não vejo como deixar de pensar e falar em outra coisa a não ser o milagre da vida. Esse é o meu sentimento. Esse é o meu pensamento. Esse é também o meu desejo. Quero falar de vida. Quero celebrar o milagre da vida. Pois as nossas lágrimas ou os sorrisos só servem para os vivos. As flores com as suas cores e perfumes só encantam e surpreendem os vivos. Por mais que muitos não queiram reconhecer, cemitério não é lugar de encontros, mas de desencontros, distâncias e separações. Sim, como creio na esperança do evangelho sei que a morte não é o fim. Para homens e mulheres de fé a morte é apenas uma porta que se abre para o Paraíso. Não tenho medo da morte, pois ao passar por ela estarei face a face com o meu Senhor. Mas ainda assim celebro a vida. A vida vem de Deus, a morte é consequência do pecado. A vida é um dom, a morte uma maldição. Além do mais é na vida que podemos fazer o bem a alguém. É na vida que podemos abraçar e ao mesmo tempo sermos abraçados por alguém. É na vida que podemos dar carinho, oferecer a nossa amizade e compartilhar nosso amor por alguém. É estranho que alguns chorem e dêem flores para os seus mortos, mas pouco fazem por seus amigos e familiares vivos. Parece que os mortos são sempre heróis, dignos de respeito e veneração, mas os vivos são sempre vilões, problemáticos e de confusões. Lamentavelmente por não reconhecerem o milagre da vida só vão descobrir a importância das pessoas quando não mais estiverem vivas. Querido leitor ou leitora, apesar de uma cultura que se lembra do dia dos mortos, lembre-se que a vida é um milagre, a morte não. A vida é um presente divino, a morte um castigo da desobediência. Por conseguinte, deixemos os mortos cuidarem dos seus mortos. Cuidemos dos vivos. Façamos a diferença para quem está vivo. Celebremos a vida. Como Jesus disse: "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância".

Pr. Adriano Xavier Machado