Com o Grito do Ipiranga no dia sete de setembro de 1822 o Brasil deu início a uma construção política e econômica sem o domínio do reino de Portugal. A mensagem tinha sido clara: "independência ou morte". O que não podia prevalecer mais era o jugo estrangeiro. Já não era mais aceitável a satisfação dos interesses de uma metrópole europeia em detrimento dos objetivos da nação brasileira. E o grito surtiu efeito. Assim, D. Pedro I ficou conhecido na História como aquele que liderou a libertação do Brasil do colonialismo português.
No entanto, um outro grito teve uma dimensão e repercussão maior. Um grito para abençoar e iluminar todos os povos, tribos e nações. Um grito para a liberdade espiritual de todos os oprimidos e escravos do pecado. Estou me referindo ao grito do Calvário: "está consumado". O grito que exigiu a morte de um inocente para a salvação de todos os pecadores. O grito que enfrentou a dor e a vergonha da cruz para selar e celebrar a vitória da vida eterna com Deus por meio da fé em Jesus.
Portanto, apesar de reconhecer a importância do grito do Ipiranga, desejo dar ênfase ao grito do Calvário. Por favor, não me entenda mal. Sou brasileiro e amo o meu País. Aprecio as suas belezas naturais: praias, rios, dunas, serras, matas e florestas. Gosto de sua gente, do seu hino, da sua bandeira e do seu clima tropical. Como dizia o poeta longe de sua Pátria amada: "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. Contudo, não sou deste mundo. A minha verdadeira Pátria está no Céu. Reconheço que nesta vida terrena estou de passagem. Sou apenas um peregrino caminhando para a Nova Jerusalém. E o que me tem dado esperança da Glória Celestial é exatamente o grito que vem ecoando pelos séculos para a salvação dos perdidos: "está consumado".
"Está consumado" é o grito da promessa. A promessa do Filho de Deus. A promessa que é espírito e vida. A promessa que é verdade e luz, a qual se cumpre na vida de todo aquele que crê em Jesus. "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida". E a Sua promessa jamais falhará. Ele é fiel para cumpri-la.
"Está consumado" é o grito da vitória. Não há mais condenação. Todos os que se refugiam na obra da Cruz encontram o perdão e a remissão de pecados. "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte... Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está a direita de Deus, e também intercede por nós".
Sim, "está consumado" é o grito da libertação. Decerto não há independência, quem crê em Jesus é dependente d'Ele, mas também não há a escravidão do pecado nem da morte. A nossa dependência do Filho de Deus é a nossa liberdade. "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres". Aleluia! De tudo o que já foi dito, prometido e ensinado pelos homens, nada se compara com o que foi pronunciado no Calvário. Eis, então, o maravilhoso e extraordinário grito de liberdade: "está consumado".
Pr. Adriano Xavier Machado