Quando falamos em política percebo que há muitas barreiras psicológicas e culturais em relação ao assunto. Há muito preconceito e discriminação. Há muita dificuldade de entender o que é política. Da forma como se fala do tema até parece um território tão sujo que todos os que passam por ele acabam ficando contaminados. Inclusive, muitos religiosos acham que o espaço político pertence aos corruptos e mentirosos, e que, por isso, pessoas comprometidas com o evangelho não deveriam ocupar tal espaço. Assim como os cobradores de impostos da época de Jesus, nos dias de hoje são os políticos que carregam o estigma da desonestidade e corrupção.
Que tem muita sujeira na política isso é certo. Nem todos são honestos. Nem todos são comprometidos com o Povo. Infelizmente a política vem se reproduzindo como no Antigo Testamento: "Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama os subornos e corre após salários; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas" (Isaías 1:23). Mas será que devemos encarar a política como uma coisa satanizada? Acredito que não. Pois a Bíblia dá muita margem para entendermos que Deus deseja também estabelecer a sua glória nesse terreno. Veja, por exemplo, o governador José, a rainha Ester ou mesmo o rei Davi. Todos eles foram poderosamente usados por Deus como autoridades políticas. Podemos imaginar o que seria do povo escolhido de Deus sem esses governantes honrados e tementes a Deus?
Quando se fala em políticos cristãos, sei que muitos estão envergonhando a bancada evangélica. Sei que muitos crentes não estão preparados para fincar estacas no terreno político. Mas, acredito que Deus queira levantar homens e mulheres comprometidos com a Sua Palavra e com a Lei dos homens. Acredito que Deus queira levantar homens e mulheres que possam defender os direitos das crianças e dos adolescentes, dos idosos e das vítimas da violência doméstica, que queiram trabalhar a favor dos pobres, dos aposentados e dos que buscam oportunidade de estudo, homens e mulheres que não aceitam a legalização do aborto nem incentivam as práticas que abalam o fundamento da família. Acredito nisso porque é assim também que a Igreja cumpre o seu papel de ser "sal fora do saleiro", de ser luz na escuridão.
Não podemos entregar o território político para satanás ou para os seus filhos. Obviamente que não estou dizendo que crente não possa votar em não crente. É verdade que há pessoas que não são crentes e que estão mais preparadas para assumir algum cargo público ou político. Porém, como igreja não devemos estar ausentes. Não devemos ficar indiferentes. Temos que na graça de Cristo e direção do Espírito ocupar todos os territórios. Entendo que devemos ser bons mordomos de Cristo no plano político. Entendo que o mundo político deve ser nosso também, ou seja, deve ser do nosso interesse e deve ter a nossa intervenção. Digo nosso como Igreja envolvida com os problemas da nação, assim como John Wesley pregou contra a escravidão e William Carey lutou contra a queima de viúvas na Índia e Marthin Luther King lutou pelos direitos civis dos negros dos EUA. Temos que ser sal e luz no campo político.
Quanto a mim, não tenho chamado para seguir a carreira política. Meu ministério é o da Palavra. E, por isso, como pastor procuro ensinar que devemos orar para que Deus separe homens e mulheres fiéis para fazerem a diferença, honrando e glorificando o nome do Senhor nos palácios do governo municipal, estadual e federal. Por mais que não queiramos assumir, política é também um espaço social onde Deus deseja manifestar a Sua graça e a Sua glória. Portanto, deve estar na nossa agenda de oração. Que a vontade de Deus seja feita na terra. E que haja paz entre os homens de boa vontade.
Pr. Adriano Xavier Machado