Depois de alguns meses
sem escrever, agora estou retomando esse prazeroso ofício. Assumi um novo ministério, mudei-me para uma nova cidade e
precisei fazer alguns ajustes inerentes a essa nova realidade. Até
tentei escrever alguma coisa. No entanto, a produção foi mínima,
bem reduzida mesmo. Agora que a poeira baixou um pouco, digo isso no
seu melhor sentido, posso voltar com maior liberdade a fazer aquilo
que já vinha fazendo com tanta alegria, ou seja, brincar com as
palavras, viajar no universo do pensamento e, acima de tudo,
esforçar-me na graça do Senhor para fazer considerações que
edificam e transformam vidas.
O primeiro milagre de
Jesus foi transformar água em vinho. A mudança que ocorreu com a
água foi tremenda. Assim, de certo modo, vidas podem ser
transformadas com uma leitura. Albert Einstein já dizia: “A mente
que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho
original”. Famosa também é a afirmação de Mario Quintana:
“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os
livros mudam as pessoas”. De fato, tudo se transforma no interior
de uma pessoa que lê. A sua percepção muda. O seu modo de ver o
mundo ou a vida passa a ter outro significado.
Transformar é mudar.
Quando a lagarta se transforma em borboleta, tudo muda. O que antes
rastejava, passa a voar. Pensando na capacidade intelectual ou no
desenvolvimento da fé, por que rastejar quando se pode voar? É
certo que o processo de mudança não é um processo fácil. É
preciso sair do comodismo e da alienação. É preciso rasgar e sair
do casulo da indiferença. Mas, por mais difícil que seja, a
recompensa de poder voar em novos mundos e de poder viajar por novos
horizontes do pensamento, faz valer a pena.
Eu mesmo já fui
recompensado com inúmeros artigos, pesquisas, poesias, biografias e
meditações. O primeiro livro que me fez voar e me fez chegar às alturas, foi a Bíblia. A
vida de Jesus falou muito ao meu coração. O relato dos Atos dos
Apóstolos acabou me dando uma grande paixão missionária. O
Apocalipse me fez amar a vinda do Senhor, quando, então, os crentes
reinarão com Ele para sempre. Já quanto as biografias dos
missionários, ajudaram-me a entender que realmente podemos ter um
viver diferente, isto é, consagrado a Cristo e a Sua obra. Para mim,
a leitura só foi motivo de edificação, bênção e inspiração.
A Palavra de Deus nos
orienta a estarmos pensando “nas coisas que são de cima, e não
nas que são da terra”. Escrever para mim tem que ter esse
propósito, esse rumo e esse mesmo sentimento. São as coisas de cima
que alimentam a alma e dão sentido à vida. Portanto, não escrevo
simplesmente por escrever. Escrevo para fixar melhor as coisas de
Deus no meu pensamento e no meu coração. Escrevo para abençoar e,
assim, ser abençoado. Escrevo, porque escrever é uma arte e um dom.
Escrever é uma arte,
pois exige preparo, técnica e criatividade. Sem certo domínio da
gramática, da ortografia, da produção textual e do pensamento
inovador, a mensagem não fica esclarecida, muito menos ainda,
envolvente. Escrever é um dom, porque está na pessoa, no seu
sangue. Para o verdadeiro escritor, o ato de escrever é a sua
paixão. Claro, não digo dom no sentido bíblico ou teológico, mas
aquele talento natural que, parece que já nasce com a pessoa. É
como o jogador de futebol que tem tanta habilidade, que parece que
nasceu com a bola nos pés. Quem tem o dom de escrever, não fica
brigando com as palavras nem com as ideias.
Bem, desejo continuar
escrevendo. Escrever para abençoar, escrever para edificar, escrever
para transformar, quer seja como arte, quer seja como dom. Uma vez
Judas, não o traidor, mas, o “servo de Jesus Cristo, e irmão de
Tiago”, procurou escrever “com toda diligência acerca da
salvação comum”. Por fim, ele entendeu que deveria escrever algo
sobre o “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”. O
importante, quer falando ou escrevendo, seja como arte, seja como
dom, é combater com diligência pela fé redentora que há em
Cristo. Deus seja louvado!
Pr. Adriano Xavier Machado