Um importante chamado da Igreja do Senhor Jesus é o ensino. Somos chamados, não apenas para pregar ou evangelizar, mas também para discipular: "ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado", disse Jesus (Mateus 28.20). No entanto, como temos cumprido a nossa missão? Como tem sido o nosso desempenho no discipulado? Augusto Cury diz que as "sociedades modernas se tornaram uma fábrica de estímulos agressivos". Pensando nisso em nossa prática cristã, será que estamos reproduzindo agressividade em vez de amor? Salomão reconheceu que "a doçura dos lábios aumenta o saber" (Provérbios 16.21). A mesma passagem na versão da NVI assim diz: "quem fala com equilíbrio promove a instrução". É interessante a expressão "doçura", porquanto remete a um estilo mais poético. É uma palavra que de certa forma, também apela para o aspecto sensitivo. Todos nós sabemos o que é doce e amargo e sabemos igualmente diferenciar entre o doce e o azedo. O ensino eficaz não é aquele que grita, xinga, ofende ou humilha as pessoas, mas sim o que desperta o sabor agradável do evangelho de Jesus Cristo. Salomão nos ajuda a entender isso: "Palavras suaves são como favos de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo" (Provérbios 16.24). Obviamente que não está se pensando aqui em qualquer forma de bajulação. Mas, sim, na postura correta, na motivação sincera e no procedimento amoroso. Com uma herança cultural de força, chefia e imposição, lembremos que algumas décadas atrás se fazia o uso da régua em sala de aula como meio de disciplina, pode parecer estranho pensar em um discipulado tão "suave". Porém, recorremos aqui ao famoso pensamento de Paulo Freire: "Não se pode falar de educação sem amor". Muito menos, falar do evangelho de Jesus sem amor e graça. Afinal, proclamar as verdades da graça de Deus deve ser para o povo de Deus a oportunidade mais cativante, excitante e apaixonante, tudo como resposta ao poderoso e imenso amor de Deus. Portanto, "o que mais importa não é o que aprendemos, e sim, com quem aprendemos". E que tipo de discipulador estamos sendo? Salomão afirma: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira" (Provérbios 15.1). Infelizmente há certos pregadores que na verdade não abençoam, não curam nem edificam. Vivem apenas acusando, criticando e julgando. Parecem mais um abacaxi azedo ou um jiló muito, mas muito amargo. Não há em suas palavras a doçura da graça. Não há em seus ensinos a doçura do encorajamento. Não há em suas ações discipuladoras a doçura do amor e misericórdia. Em um mundo tão difícil como o nosso, com tantas crises, lutas, desafios, tristezas, decepções e amarguras, deveríamos recorrer mais a orientação do Senhor: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus" (Isaías 40.1). O apóstolo Paulo escrevendo em uma de suas cartas incentivou: "Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como na verdade o estais fazendo" (1 Tessalonicenses 5.11). Mas, que lástima quando cristãos se reúnem para fofocar e falar mal dos outros, e muitas vezes até mesmo para criticar o pastor e a liderança da igreja local. Quem não sabe viver no seu dia a dia a doçura da graça de Deus, não terá mesmo condições de ser um discipulador com palavras suaves "como favos de mel". Mas, sempre há esperança. Deus sempre nos convida, quando estamos errados, para mudar de direção. Podemos ter um coração novo, limpo e misericordioso pela obra da Cruz. A cura tem que ser efetuada no íntimo de nosso ser, "pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mateus 12.34). Na versão da BLH diz: "Pois a boca fala do que o coração está cheio". Portanto, com a graça de Deus, o nosso coração esteja transbordando da vida do Espírito e do amor de Jesus Cristo. Se assim for, o discipulado que promovermos será impactante e poderoso, um autêntico bálsamo e orvalho de refrigério para o coração cansado e sedento, na mesma unção e graça de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4.18,19).
Pr. Adriano Xavier Machado