Neste momento estou em viagem. Estou indo passar algumas semanas no Rio de Janeiro. Enquanto isso fiquei pensando o que poderia escrever, a fim de trazer algo encorajador para o leitor. Não demorou muito e cheguei a seguinte conclusão: o que é importante para mim, pode não ser para você. O contrário também é verdadeiro. Cada pessoa tem o seu gosto, o seu interesse, a sua necessidade e a sua própria expectativa. Lembro-me de ter visitado uma família no interior do Estado de São Paulo. Logo tomei conhecimento de que haviam roubado a melancia mais bonita do sítio. Por isso, pairava no ar um sentimento de tristeza. Confesso que no início não consegui entender a razão de tudo aquilo. Será que uma melancia merecia tanto envolvimento emocional? Se fosse um aparelho de televisão, um computador ou ainda um carro eu até entenderia de imediato a frustração daquela família, mas ficar triste por causa de uma simples melancia parecia muito para mim. Aí está, não era uma simples melancia. Antes era o fruto de um trabalho, de uma semeadura, de um investimento, de uma espera e até de um desejo projetado durante dias, semanas e meses. A melancia que fora roubada era muito mais do que casca, polpa avermelhada e sementes, mas, a representação de uma recompensa da vida e do labor do campo. Pode parecer estranho, mas todos nós temos também as nossas "melancias", aquilo que para nós possui algum significado psicológico, alguma relevância histórica, alguma recompensa do nosso trabalho. Mas geralmente apreciamos as nossas "melancias" e desprezamos as dos outros. Valorizamos as nossas coisas e ignoramos as dos outros. E assim vemos muita defraudação, muitas injustiças, muitos descasos, erros e pecados contra o próximo. Estamos tão centrados no nosso próprio universo que poucas vezes conseguimos perceber a beleza, a riqueza e o brilho do universo do outro. Fazemos vista grossa, damos de ombros e até lavamos as nossas mãos quando se trata das "melancias" de terceiros. Mas a Palavra de Deus nos traz um desafio: "Não sejam egoístas... Não pensem unicamente em seus próprios interesses, mas preocupem-se também com os outros e com o que estão fazendo" (Filipenses 2:3,4 - NTV). E isso significa reconhecer que a "melancia" do próximo também é valiosa e saborosa, bonita e significativa. Cuide bem do que é seu, mas cuide bem também o que é do outro. A "melancia" do nosso próximo é tão importante quanto a nossa. Que Deus nos ajude a viver o verdadeiro amor.
Pr. Adriano Xavier Machado
Pr. Adriano Xavier Machado