O Evangelho e a Ação Social

Certa vez, quando acontecia "uma festa dos judeus", o Mestre "subiu para Jerusalém". Quando, então, teve a oportunidade de ver "um homem enfermo" que já tinha "trinta e oito anos" naquela situação. Por ter se sensibilizado com o homem, o Senhor perguntou-lhe: "Queres ser curado?". Jesus poderia ter seguido o seu caminho, mas Ele teve compaixão, parou por um instante e deu início a uma breve conversação. Jesus doou um pouco do Seu tempo, da Sua atenção e do Seu amor para com aquele homem que necessitava tanto de cura física quanto da cura espiritual. Foi nesse contexto que Jesus disse: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também".  Assim, Ele fez, porquanto estava sendo questionado pelo fato de ter curado uma pessoa no dia de sábado. Para alguns judeus religiosos a guarda do sétimo dia era mais importante do que o bem de uma pessoa. E o que temos a aprender com essa história?

Primeiro, Jesus nos ensina de modo prático que apesar de Seu enfoque maior ser a salvação de almas, Ele não negligenciava as necessidades físicas das pessoas. Veja que Jesus só entrou em assuntos espirituais com aquele homem mais "tarde" quando "o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior". Em um mundo tão cheio de pessoas necessitadas, penso que deveríamos estar mais atentos a esse procedimento de Jesus. Algumas vezes devemos ser diretos na evangelização, mas, em outros momentos devemos procurar atender de imediato as necessidades físicas das pessoas. Não estaremos sendo contraditórios em nossa missão se pararmos por um pouco e dermos atenção a quem está carente em termos materiais ou físicos.

Segundo, Jesus não foi agressivo no Seu atendimento. Ele perguntou ao homem se desejava ser curado. É verdade que quando Ele entrou no templo e ali encontrou vendedores e, não, adoradores, Ele se posicionou de modo enérgico. Mas para com quem estava debilitado, para com quem necessitava de cuidados e atenção, Jesus demonstrou apenas compaixão. Lamentavelmente, em muitos momentos tem faltado esse discernimento nos obreiros, pregadores e na Igreja do Senhor de um modo geral. E assim temos visto cristãos esmagando a "cana quebrada", acabando de massacrar quem já estava doente, frágil e necessitado. Há tempo de repreender, mas há tempo de meramente atender. Há tempo de ser profeta, mas há tempo de ser apenas sacerdote. Há "tempo de rasgar e tempo de coser". A sabedoria está em conseguir perceber qual é o tempo de agir e falar segundo a exigência do momento.

Terceiro, Jesus sabia perfeitamente separar o que era primordial do que era secundário. Lógico que para Jesus vivendo em uma cultura judaica o sábado era importante, mas não tão importante quanto fazer o bem para uma pessoa. Ele mesmo disse: "O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado". Desse modo Jesus não permitiu que o sábado fosse uma algema religiosa escravocrata. Mas, quantas vezes temos tido o discernimento para distinguir o que de fato é essencial e o que é secundário? Quantas vezes temos valorizado muito mais os dogmas do que as pessoas? Quantas vezes ficamos de tal modo presos com correntes religiosas que literalmente ignoramos, desprezamos e ficamos indiferentes para com as necessidades das pessoas? Quantas vezes estamos sendo semelhantes ao levita e ao sacerdote da parábola do bom samaritano que, passaram de "largo", não querendo se comprometer, não querendo se arriscar, não querendo ajudar?

Quarto, Jesus entendeu que o que tinha feito com o homem enfermo era obra de Deus. Quando Ele disse: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também", estava dizendo que o que fazia estava em sintonia e harmonia com a obra de Deus. O Pai trabalhava e Ele trabalhava igualmente. Jesus confirma: "Em verdade, em verdade vos digo que o filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai;  porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz". E o que Jesus tinha feito? Até, então, curado o homem. Jesus, portanto, estava dizendo em outras palavras que aquilo que Ele tinha feito na vida daquele homem, trazendo-lhe cura em um dia de sábado, era obra de Deus. Atender as necessidades físicas das pessoas é também obra de Deus. "Bem-aventurado o que acode ao necessitado".

Em quinto e último lugar, Jesus procurava fazer uma obra completa na vida das pessoas. Ele não só se limitou ao bem-estar físico do homem enfermo, trazendo-lhe cura. Aliás, a cura física serviu de preparação para a cura espiritual. Essa sim, é a cura eterna e que prepara as almas para o glorioso Dia da vinda do Senhor Jesus quando, então, Ele vai reinar para todo o sempre. Sendo seguidores de Cristo, sabemos que o evangelho tem o enfoque para a salvação de almas. Jesus mesmo disse que tinha vindo ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido. Ele disse também que o seu Reino não era desse mundo. Todo o Seu empenho, portanto, foi na direção da salvação de vidas, o que exigiu a Sua morte na Cruz. No entanto, fique claro, que Jesus nunca foi indiferente para com os oprimidos, para com os necessitados, pobres, enfermos ou injustiçados. O problema é como Igreja apenas nos limitarmos ao atendimento espiritual, fazendo de conta que não temos nada a ver com os problemas desse mundo. O que é um grande equívoco, pois Jesus nos ensina que quando damos de comer a quem tem fome, água para quem tem sede, hospedagem para quem está desabrigado, vestimenta para quem está nu e até mesmo quando damos um pouco do nosso tempo e atenção para quem está enfermo ou preso, estamos fazendo tudo isso para Ele mesmo. Por conseguinte, na fé em Cristo Jesus toda ação social da Igreja é na verdade ação cristã, a obra do evangelho encarnado, o evangelho vivo e transformador.

Pr. Adriano Xavier Machado

A Verdadeira História de Natal


Quando criança acreditava em Papai Noel. Colocava os meus sapatos embaixo da cama e quando acordava já ia direto pegar o meu presente. Uma noite na véspera de Natal perguntei aos meus pais como que aquele velhinho de roupas vermelhas conseguia entrar na nossa casa. Como não tínhamos se quer uma lareira ou chaminé eles diziam que era pelo buraco da fechadura da porta da sala, rsrsrs. Algumas vezes tentei ficar acordado para poder encontrá-lo. O tempo passou, cresci e descobri que o Natal não tinha nada a ver com o que eu tinha aprendido, mas com uma criança na manjedoura, uma criança de mãe virgem, uma criança que veio ao mundo para trazer esperança e paz aos homens. Devido a interesses comerciais e aos apegos fantasiosos da humanidade, o Natal tem sido divulgado como se fosse uma mera festividade cultural com pinheiros enfeitados, troca de presentes ou de uma mesa farta de guloseimas e bebidas. Por isso, acredito que nunca é demais lembrarmos da verdadeira história de Natal.

Em primeiro lugar a história de Natal é o amor de Deus revelado. "Porque Deus amou ao mundo". Isso significa que Ele ama a cada criatura humana. Ele ama a mim e a você. Mas perceba que muitos cristãos não se sentem amados. Talvez por terem sofrido injustiças, abandonos, abusos ou tantos outros padecimentos que vivem como se fossem eternos rejeitados. Sim, até podemos dizer que somos rejeitados no mundo, mas em Cristo somos aceitos no Céu. E quando somos aceitos no Céu, o Senhor tem um compromisso conosco.  Ele sara as nossas feridas. Ele limpa o nosso coração. Ele transforma as nossas vidas. Com tão grandioso amor, penso que não deveríamos viver com uma atitude ou sentimento de autocomiseração. Antes devemos nos alegrar e confiar em Seu grandioso e poderoso amor.

Segundo, a história de Natal é o Presente de Deus para a humanidade. Esse Presente é o Seu próprio Filho Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito". Deus presenteou a humanidade com o que o Céu tinha de melhor. Mas será que temos reconhecido isso? Será que temos de fato valorizado esse Presente? Lembro-me que quando criança o entusiasmo pelo presente recebido logo passava. Nos primeiros dias lá estava eu de um lado para outro brincando com o carrinho ou outro brinquedo qualquer. Depois de alguns dias perdia o encantamento pelo presente. Infelizmente, no terreno espiritual muitos já perderam o entusiasmo por Jesus. Muitos não o consideram mais como um Presente novo que traz renovo e sentido para as nossas vidas. É como se Ele fosse um presente velho, antiquado e sem graça. Mas apesar de ser antes de nós, apesar de sua eternidade, Ele nunca envelhece e nunca perde o brilho e a beleza de Sua glória. Ele continua sendo o melhor Presente que alguém possa receber e desfrutar.

Terceiro, a história de Natal trata de uma esperança. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça". O Natal só passa a ter o verdadeiro sentido na nossa vida, quando o recebemos como Senhor e Salvador. Os pastores que estavam no campo e tiveram uma visão maravilhosa de anjos, foram informados: "é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor". Na manjedoura não se encontrava uma criança qualquer. Embora o seu "berço" e o seu "aposento" de nascimento tenham sido muito simples, ali estava o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. E porque Ele veio podemos ter esperança. "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome". O Natal trata de uma boa notícia para toda a humanidade: em Jesus há salvação. Em Jesus temos esperança.

E em quarto lugar, a história de Natal não tem fim. É uma história que foi escrita para a eternidade. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". É verdade que um dia não iremos mais elaborar presépios, enfeitar árvores e o melhor, nunca mais a fantasia do Papai Noel tentará concorrer com a realidade de Jesus. Tudo será novo, "novo céu e nova terra". Mas, o resultado da vinda de Jesus ao mundo ainda continuará fazendo a diferença. Pessoas "de todas as nações, tribos, povos e línguas", estarão "diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas", engrandecendo e adorando ao Senhor: "Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação". Aleluia, o que Jesus fez por nós não tem fim. Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida".

Nesse Natal podemos visitar amigos e parentes, receber e dar presentes, preparar uma saborosa ceia e enfeitar a casa com arranjos apropriados da época, mas o verdadeiro sentido dessa celebração é o amor de Deus em nossas vidas, é Jesus Cristo no coração e não em uma manjedoura, é a esperança do evangelho renovando as nossas forças e a segurança da vida eterna com Deus. Vamos proclamar essa mensagem. Vamos dar testemunho do plano de Deus. Vamos celebrar o que temos conhecido em Jesus. Não precisamos depender do brilho das lâmpadas da cidade nem das cores das lojas enfeitadas. Não precisamos de fantasias nem de lendas que não nos ajudarão em nada. Pelo evangelho conhecemos a verdadeira história de Natal. Ela pode ser simples, mas é a única que é poderosa para trazer salvação a todos os homens.

Pr. Adriano Xavier Machado